SEGUIDORES
sábado, 21 de setembro de 2013
A VALORIZAÇÃQO DA VIDA, SEGUNDO JESUS E KARDEC
12º SEMINÁRIO DO AVE LUZ
A VALORIZAÇÃO DA VIDA SEGUNDO JESUS E KARDEC
DIAS 02, 03 e 05 de Outubro de 2013
LOCAL: Grupo Espírita Ave Luz
No Centro de discussão: O Aborto e o Suicídio!
Com...
Eduardo Girão
Allan Denizard
Roberto Caldas
Cícero Magerlanio
PARTICIPAÇÕES MUSICAIS:
Natan & Renata
Grupo Vida
REALIZAÇÃO:
Grupo Espírita Ave Luz
Contato: (85) 8900.9226 e 87602065
PROMOÇÃO:
FEEC Federação Espírita do Estado do Ceará
União Distrital Espírita 5 - UDE 5
MAPAS DE ACESSO AO AVE LUZ:
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Uma solução para a Síria
ACESSE AGORA:
986,128 assinaram. Vamos chegar em 1,000,000
ACESSE AGORA:
Há poucas semanas, as crianças nesta foto foram assassinadas com gás enquanto dormiam, mas parece que o mundo as esqueceu e se perdeu em um debate entre um ataque aéreo dos EUA na Síria ou fazer nada. Agora há um lampejo de esperança de um fim pacífico para estes massacres.
A guerra sangrenta na Síria tem sido fortalecida pela rivalidade entre o Irã, o principal apoiador de Assad, e os EUA e seus aliados. Mas esse abominável ataque com armas químicas mudou o discurso deles: o novo presidente do Irã condenou o uso de gás e Obama sinalizou que trabalharia com "qualquer um" para solucionar o conflito. Vamos convocar com urgência ambos os líderes para sentar à mesa de negociações e reunir os dois lados do conflito antes que mais vidas sejam perdidas.
Neste exato momento, os tambores da guerra estão soando para a Síria, mas se muitos de nós garantirmos que Hassan Rouhani, presidente do Irã, e Obama saibam que o mundo quer uma diplomacia ousada, podemos acabar com esse pesadelo para milhares de crianças sírias, aterrorizadas pela ameaça de novos ataques de gás. Não temos tempo a perder. Clique agora para juntar-se ao nosso apelo urgente -- quando atingirmos um milhão de assinaturas, entregaremos esta petição diretamente aos dois presidentes: http://www.avaaz.org/po/solution_for_syria_loc/?bMUYXeb&v=29114
A guerra na Síria é uma das mais brutais da nossa geração e o ataque com armas químicas contra civis inocentes é o pior que o mundo já viu nos últimos 30 anos. O mundo tem a obrigação de proteger a população síria do extermínio, mas por dois anos a comunidade internacional ficou vergonhosamente emperrada e fracassou nessa tarefa. Agora, apesar das provas contundentes de que as forças de Assad estão por trás do ataque, os apoiadores da Síria semearam dúvidas quanto a isso e, cautelosa quanto à guerra, a comunidade internacional se mostra insegura quanto a uma intervenção humanitária. Estas negociações são uma nova chance para por um fim ao derramamento de sangue.
Sempre se acreditou que os Estados Unidos nunca iriam querer dialogar com o Irã e que o Irã nunca iria ajudar os EUA a resolver a crise na Síria, mas atualmente há indícios de mudanças e esperança. O presidente Obama pode até lançar um ataque aéreo, mas ele não possui o apoio para declarar guerra e está buscando uma solução de longo prazo. 130 membros do Congresso americano estão pedindo que Obama converse com o Irã. E o apoio de pessoas de todo o mundo a esta saída diplomática pode levá-lo a estabelecer um diálogo.
Ahmadinejad, o ex-presidente do Irã, gastou bilhões com o envio de dinheiro e armas para o regime de Assad. Mas agora o novo presidente, Hassan Rouhani, foi eleito com a promessa de estabelecer vínculos com o Ocidente e é a favor de um acordo político com a oposição síria. O ataque químico está desgastando o apoio do público iraniano ao Assad, despertando memórias dolorosas do ataque de gás do Iraque contra o Irã no início dos anos 80 e fontes internas afirmam que há uma pressão crescente para que o apoio do Irã a Assad seja repensado. Este pode ser o ponto crítico para levar Rouhani à mesa de negociações. O diálogo não vai fazer com que os horrores parem da noite para o dia, mas não existe uma solução rápida e fácil. Precisamos urgentemente começar um processo que pode por um fim ao assassinato de crianças inocentes e unir a população mundial, ao invés de nos afastarmos uns dos outros ainda mais. Vamos fazer com que os EUA e o Irã comecem o diálogo agora: http://www.avaaz.org/po/solution_for_syria_loc/?bMUYXeb&v=29114
Em Genebra, um roteiro para o processo de paz na Síria já foi iniciado, mas esta é a primeira vez em que há vontade política para deixar de lado todas as diferenças e sentar-se à mesa de negociações. O Irã é o único país no mundo com influência suficiente sobre a Síria para levar a ditadura ao diálogo. A Rússia, outro país que é um aliado essencial do regime de Assad, também disse estar disposta a discutir soluções diplomáticas. E os EUA, com seus aliados no Oriente Médio, pode convencer a oposição síria a juntar-se às negociações.
Foi preciso o horror da Segunda Guerra Mundial para que a ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos surgissem. Talvez o horror na Síria possa finalmente levar os EUA e o Irã, com seus presidentes moderados, a dialogar sobre suas diferenças de longa data e construir as fundações para uma paz mais duradoura para a Síria e para a região, com consequências para uma série de questões globais, da proliferação de armas nucleares à paz entre Israel e Palestina. A nossa comunidade tem apoiado o povo sírio desde o começo. Agora, mais do que nunca, eles precisam de nós. Vamos dar o nosso melhor.
Com esperança,
Alice, Luis, Ian, Emily, Bissan, Antonia, Ricken, Lisa, Mais e toda a equipe da Avaaz
PS: Muitas campanhas da Avaaz foram criadas por membros da nossa comunidade! Crie agora a sua campanha sobre qualquer tema - local, nacional ou global: http://www.avaaz.org/po/petition/start_a_petition/?bgMYedb&v=23917
Mais informações:
Síria oferece oportunidade para negociações entre EUA e Irã (em inglês)(Al Monitor) http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/08/syria-opportunity-iran-us-talks.html
Rouhani reconhece que armas químicas levaram a mortes na Síria (em inglês) (Reuters) http://www.reuters.com/article/2013/08/24/us-syria-crisis-iran-idUSBRE97N06P20130824
Preocupação com Irã pode levar EUA a intervir na Síria (WSJ) http://online.wsj.com/article/SB10001424127887323906804579037513562370886.html
EUA planejam ataque de três dias contra a Síria, segundo jornal (RFI) http://www.portugues.rfi.fr/mundo/20130908-estados-unidos-planejam-ataque-de-tres-dias-contra-siria-segundo-jornal
Cúpula termina com G20 dividido sobre ataque à Síria (DW) http://www.dw.de/c%C3%BApula-termina-com-g20-dividido-sobre-ataque-%C3%A0-s%C3%ADria/a-17072426
Não, o Irã não precisa de Assad (em inglês)(The Atlantic) http://www.theatlantic.com/international/archive/2013/09/no-iran-doesn-t-need-assad/279340/
Aos presidentes Barack Obama e Hassan Rouhani:
Enquanto cidadãos de todos os cantos do mundo, horrorizados com o massacre de crianças inocentes na Síria, exigimos que V. Exas coloquem de lado suas diferenças e encontrem uma solução diplomática para trazer todos os lados do conflito sírio à mesa de negociações, estabelecer um cessar-fogo e alcançar a paz. V. Exas estão em uma posição única para ajudar a encontrar uma solução e um avanço diplomático ambicioso é o caminho. Exigimos que V. Exas busquem esta saída e comecem a salvar vidas.
Aos presidentes Barack Obama e Hassan Rouhani:
Enquanto cidadãos de todos os cantos do mundo, horrorizados com o massacre de crianças inocentes na Síria, exigimos que V. Exas coloquem de lado suas diferenças e encontrem uma solução diplomática para trazer todos os lados do conflito sírio à mesa de negociações, estabelecer um cessar-fogo e alcançar a paz. V. Exas estão em uma posição única para ajudar a encontrar uma solução e um avanço diplomático ambicioso é o caminho. Exigimos que V. Exas busquem esta saída e comecem a salvar vidas.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
USP CONFIRMA EFICÁCIA DO PASSE MAGNÉTICO / REIKI / JOHEI
Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar.
O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Reiki e do Johrei, utilizada pela Igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o Espiritismo, que pratica o chamado “passe”.
Todo o processo de desenvolvimento dessa pesquisa nasceu em 2000, como tema de mestrado do pesquisador Ricardo Monezi, na Faculdade de Medicina da USP. Ele teve a iniciativa de investigar quais seriam os possíveis efeitos da prática de imposição das mãos. “Este interesse veio de uma vivência própria, onde o Reiki (técnica) já havia me ajudado, na adolescência, a sair de uma crise de depressão”, afirmou Monezi, que hoje é pesquisador da Unifesp.
Segundo o cientista, durante seu mestrado foi investigado os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células onde ficam os tumores. “Agora, no meu doutorado que está sendo finalizado na Unifesp, estudamos não apenas os efeitos fisiológicos, mas também os psicológicos”, completou.
A constatação no estudo de que a imposição de mãos libera energia capaz de produzir bem-estar foi possível porque a ciência atual ainda não possui uma precisão exata sobre esse efeitos. “A ciência chama estas energias de ‘energias sutis’, e também considera que o espaço onde elas estão inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”, explicou.
As sensações proporcionadas por essas práticas analisadas por Monezi foram
a redução da percepção de tensão, do stress e de sintomas relacionados a ansiedade e depressão. “O interessante é que este tipo de imposição oferece a sensação de relaxamento e plenitude. E além de garantir mais energia e disposição”.
Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 ratos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress.
O processo de desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre do ano passado. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes a partir de abril deste ano!
Fonte: http://www.rac.com.br/
Postado por Miguel Galli às 23:36
Fonte: Monica Heymann Fedele
terça-feira, 3 de setembro de 2013
3 dicas para os Espíritas
- Não acreditar que sua história é uma de pecados inamovíveis que o antecede e que não lhes pertence. Jesus não se eximiu de encarnar na humana condição para mostrar como, mesmo sujeito às nossas injunções, poderíamos nos libertar de nossas dores. E, sim!, nossas dores nos pertencem porque fomos nós que as cultivamos em outras eras. Pertence-nos ainda mais sua solução;
- Não esperar milagres no sentido de um momento mágico que converta martírio em glória. Tudo se transforma pelo trabalho. E todo trabalho no bem traz boas obras. O momento do término do sofrimento é o momento certo, nem mais, nem menos. Trabalhar, orar e esperar. Bom é guiar-se por Jesus, seus exemplos, suas palavras e suas inspirações, ou as de seus mensageiros, porque, chegado o momento da libertação, frequentemente precisamos de condução no caminho para a luz, já que sua prolongada ausência nos desacostuma os olhos.
- Não acreditar em salvação proveniente de uma pessoa outra que não nós mesmos. Ninguém
nos salva de nada. Salvamo-nos a nós mesmos, instruídos e acolhidos
aqui e acolá por mestres espirituais. Nem tão pouco acreditar que a tal
salvação seja da noite para o dia. As múltiplas reencarnações estão aí
para mostrar o quanto o caminho é longo, e necessário é nascermos de
novo, e de novo, e de novo, e de novo... até a aquisição autêntica do
último aprendizado. Compartilho uma reflexão extraído da palestra RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
REFORMA DA MAIORIDADE PENAL (Visão Espírita)
Alessandro Viana Vieira de Paula
O
assunto em pauta tem sido um dos mais discutidos na atualidade,
sobretudo quando ocorrem crimes graves praticados por adolescentes, que
se incluem na faixa etária de 12 a 17 anos.
No Brasil, as pesquisas mostram que a maioria das pessoas é favorável à redução da maioridade penal, isto é, o criminoso, a partir dos 16 anos, já deveria estar sujeito ao Código Penal e cumprir pena privativa de liberdade nas Unidades Prisionais.
O argumento mais utilizado para a redução diz respeito ao fato de se poder votar a partir dos 16 anos, de forma que, se o jovem tem maturidade para escolher os governantes, também tem noção do certo e do errado e deve sofrer sanções mais graves quando comete delitos. Como o artigo tem o escopo de analisar o tema sob o enfoque espírita, valeria a pena perguntar: que a Espiritualidade superior diz a respeito do assunto?
No livro Atualidade do pensamento espírita, 1 ditado pelo Espírito Vianna de Carvalho, através da mediunidade de Divaldo PereiravFranco, há a seguinte pergunta:
[...] A legislação penal aplicável às crianças e adolescentes deve ser idêntica à estabelecida para adultos?
O citado Espírito responde (trechos destacados pelo subscritor deste artigo):
A criança, que inspira ternura e amor, não obstante o período de infância que atravessa, é um Espírito vivido e quiçá experiente que traz, das reencarnações passadas, as conquistas e os prejuízos que foram acumulados através do tempo. No entanto, a criança e o adolescente, quando delinquem, devem receber um tratamento especial, porquanto o discernimento e a lucidez da razão ainda não lhes facultam a capacidade de saber o que é certo e o que é errado, sendo facilmente influenciados para esta ou aquela atitude.
Como consequência, devem ser-lhes aplicadas legislações próprias, compatíveis com o seu nível de crescimento intelectual e moral. A preocupação precípua, no entanto, deverá ser sempre a de educar, oferecendo-se os recursos necessários para que sejam evitados muitos dos delitos que ora ocorrem na sociedade ainda injusta.
Quando, porém, acontecer-lhes o desequilíbrio, é necessário que se tenha em mente sua reeducação, evitando-se piorar-lhes a situação, assim transformando-os em criminosos inveterados, em razão da promiscuidade vigente nos Institutos Penitenciários e nos Presídios comuns ora superlotados, e quase ao abandono.
Que resposta notável e profunda! Certamente, reflete a visão da Espiritualidade superior.
Trabalho como magistrado há 15 anos, com execução criminal (cumprimento das penas pelos criminosos com 18 anos ou mais), bem como já trabalhei por mais de sete anos na Área de Infância e Juventude, de tal sorte que compactuo com a visão ofertada pelo Espírito Vianna de Carvalho.
Entendo que um dos pontos mais relevantes na resposta do aludido Espírito diz respeito à capacidade de o jovem ser mais influenciável por outras pessoas e pelo meio em que vive. Não podemos ignorar que o jovem ainda está na fase de formação da personalidade, o que o predispõe, com mais intensidade, a ser influenciado.
Quando o Espírito é evoluído e já traz, das vidas passadas, conquistas morais positivas, certamente saberá dizer “não” às opções equivocadas que a vida lhe apresente, todavia, como a maioria dos Espíritos reencarnados na Terra ainda traz limites evolutivos e imperfeições morais, muitos se deixam arrastar pelas más influências e não possuem resistência moral para enfrentar dignamente as questões sociais negativas (desemprego, condições sociais injustas, carência educacional, problemas na área da saúde pública etc.).
Dessa forma, é muito grave e pernicioso inserir o jovem delinquente nas Unidades Prisionais superlotadas e relegadas ao abandono, onde ele será facilmente manipulado pelo crime organizado e por criminosos mais perigosos, o que reduz drasticamente a sua possibilidade de reeducação.
Aliás,muitos criminosos já estão captando a mão-de-obra juvenil nas ruas, com a promessa de “dinheiro fácil”. Imaginemos o resultado negativo se colocássemos os jovens, como “presas fáceis”, no interior de uma Unidade Prisional.
Anote-se que não podemos esquecer que o foco principal da pena ou da medida educativa (destinada aos jovens infratores) é a recuperação do indivíduo para que ele possa voltar a viver em sociedade, sem se comprometer novamente com as leis.
Quando se pensa apenas no aspecto “punição”, é natural que a maioria deseje a redução da maioridade penal, porque a internação pelo prazo máximo de três anos, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, seria insuficiente para os atos infracionais graves (homicídio, roubo, tráfico de drogas, estupro etc.).
Concordo com a alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente no que se refere ao aumento do tempo de internação, a fim de que o jovem infrator com mais periculosidade possa receber, por mais tempo, um tratamento especial e qualificado, visando sua reeducação e reinserção social. No Estado de São Paulo, a atual Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa), que substituiu a Febem, tem prestado relevante serviço à recuperação dos jovens infratores, pois não há superlotação e há profissionais habilitados (assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, professores etc.) para lidar com o jovem, enriquecendo-lhes a vida com valores positivos e éticos.
Para comprovar a eficácia da necessidade de uma legislação especial aos jovens, constata-se que a reincidência nas Unidades Prisionais é muito superior àquela encontrada na Fundação Casa. Registre-se, também, que o endurecimento das penas não reduz criminalidade, como se pode verificar nos países em que, tendo sido adotada a pena de morte, não houve redução dos delitos.
Desejar a redução da maioridade penal é demonstrar conhecimento parcial sobre o assunto. Infelizmente, com frequência externamos nossas vontades, estimulados pela comoção social, e muitas leis são aprovadas e alteradas sob esse grito, revelando-se, oportunamente, ineficazes.
O verdadeiro homem de bem, tocado pelo Evangelho de Jesus, sensibiliza-se com a situação e ora pelas vítimas dos atos infracionais, mas também se preocupa com a recuperação do jovem infrator, dando a sua contribuição pessoal. Como?
Fazendo visitas religiosas às instituições que acolhem os jovens infratores e os criminosos, participando de entidades que amparam os jovens abandonados ou expostos a situações de risco, educando os próprios filhos nas bases do legítimo amor, dando-lhes um direcionamento religioso e moral, entre outras iniciativas.
A sociedade, ao postular a redução da maioridade penal, sob o argumento de que há impunidade aos jovens infratores, quer transferir apenas ao Estado a responsabilidade, mas se esquece de que também deve contribuir para a diminuição da criminalidade, seja juvenil, seja de adultos, dando oportunidades de recuperação ao delinquente, acolhendo-o oportunamente, ofertando-lhe emprego e condições de uma vida minimamente digna, porque o verdadeiro amor, conforme anunciou e viveu Jesus, é aquele que nos leva a fazer ao outro o que desejamos para nós mesmos.
Não nos esqueçamos da exortação elevada do benfeitor espiritual Vianna de Carvalho: “A preocupação precípua, no entanto, deverá ser sempre a de educar”, de forma que há necessidade de se manter uma legislação especial aos jovens.
No Brasil, as pesquisas mostram que a maioria das pessoas é favorável à redução da maioridade penal, isto é, o criminoso, a partir dos 16 anos, já deveria estar sujeito ao Código Penal e cumprir pena privativa de liberdade nas Unidades Prisionais.
O argumento mais utilizado para a redução diz respeito ao fato de se poder votar a partir dos 16 anos, de forma que, se o jovem tem maturidade para escolher os governantes, também tem noção do certo e do errado e deve sofrer sanções mais graves quando comete delitos. Como o artigo tem o escopo de analisar o tema sob o enfoque espírita, valeria a pena perguntar: que a Espiritualidade superior diz a respeito do assunto?
No livro Atualidade do pensamento espírita, 1 ditado pelo Espírito Vianna de Carvalho, através da mediunidade de Divaldo PereiravFranco, há a seguinte pergunta:
[...] A legislação penal aplicável às crianças e adolescentes deve ser idêntica à estabelecida para adultos?
O citado Espírito responde (trechos destacados pelo subscritor deste artigo):
A criança, que inspira ternura e amor, não obstante o período de infância que atravessa, é um Espírito vivido e quiçá experiente que traz, das reencarnações passadas, as conquistas e os prejuízos que foram acumulados através do tempo. No entanto, a criança e o adolescente, quando delinquem, devem receber um tratamento especial, porquanto o discernimento e a lucidez da razão ainda não lhes facultam a capacidade de saber o que é certo e o que é errado, sendo facilmente influenciados para esta ou aquela atitude.
Como consequência, devem ser-lhes aplicadas legislações próprias, compatíveis com o seu nível de crescimento intelectual e moral. A preocupação precípua, no entanto, deverá ser sempre a de educar, oferecendo-se os recursos necessários para que sejam evitados muitos dos delitos que ora ocorrem na sociedade ainda injusta.
Quando, porém, acontecer-lhes o desequilíbrio, é necessário que se tenha em mente sua reeducação, evitando-se piorar-lhes a situação, assim transformando-os em criminosos inveterados, em razão da promiscuidade vigente nos Institutos Penitenciários e nos Presídios comuns ora superlotados, e quase ao abandono.
Que resposta notável e profunda! Certamente, reflete a visão da Espiritualidade superior.
Trabalho como magistrado há 15 anos, com execução criminal (cumprimento das penas pelos criminosos com 18 anos ou mais), bem como já trabalhei por mais de sete anos na Área de Infância e Juventude, de tal sorte que compactuo com a visão ofertada pelo Espírito Vianna de Carvalho.
Entendo que um dos pontos mais relevantes na resposta do aludido Espírito diz respeito à capacidade de o jovem ser mais influenciável por outras pessoas e pelo meio em que vive. Não podemos ignorar que o jovem ainda está na fase de formação da personalidade, o que o predispõe, com mais intensidade, a ser influenciado.
Quando o Espírito é evoluído e já traz, das vidas passadas, conquistas morais positivas, certamente saberá dizer “não” às opções equivocadas que a vida lhe apresente, todavia, como a maioria dos Espíritos reencarnados na Terra ainda traz limites evolutivos e imperfeições morais, muitos se deixam arrastar pelas más influências e não possuem resistência moral para enfrentar dignamente as questões sociais negativas (desemprego, condições sociais injustas, carência educacional, problemas na área da saúde pública etc.).
Dessa forma, é muito grave e pernicioso inserir o jovem delinquente nas Unidades Prisionais superlotadas e relegadas ao abandono, onde ele será facilmente manipulado pelo crime organizado e por criminosos mais perigosos, o que reduz drasticamente a sua possibilidade de reeducação.
Aliás,muitos criminosos já estão captando a mão-de-obra juvenil nas ruas, com a promessa de “dinheiro fácil”. Imaginemos o resultado negativo se colocássemos os jovens, como “presas fáceis”, no interior de uma Unidade Prisional.
Anote-se que não podemos esquecer que o foco principal da pena ou da medida educativa (destinada aos jovens infratores) é a recuperação do indivíduo para que ele possa voltar a viver em sociedade, sem se comprometer novamente com as leis.
Quando se pensa apenas no aspecto “punição”, é natural que a maioria deseje a redução da maioridade penal, porque a internação pelo prazo máximo de três anos, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, seria insuficiente para os atos infracionais graves (homicídio, roubo, tráfico de drogas, estupro etc.).
Concordo com a alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente no que se refere ao aumento do tempo de internação, a fim de que o jovem infrator com mais periculosidade possa receber, por mais tempo, um tratamento especial e qualificado, visando sua reeducação e reinserção social. No Estado de São Paulo, a atual Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa), que substituiu a Febem, tem prestado relevante serviço à recuperação dos jovens infratores, pois não há superlotação e há profissionais habilitados (assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, professores etc.) para lidar com o jovem, enriquecendo-lhes a vida com valores positivos e éticos.
Para comprovar a eficácia da necessidade de uma legislação especial aos jovens, constata-se que a reincidência nas Unidades Prisionais é muito superior àquela encontrada na Fundação Casa. Registre-se, também, que o endurecimento das penas não reduz criminalidade, como se pode verificar nos países em que, tendo sido adotada a pena de morte, não houve redução dos delitos.
Desejar a redução da maioridade penal é demonstrar conhecimento parcial sobre o assunto. Infelizmente, com frequência externamos nossas vontades, estimulados pela comoção social, e muitas leis são aprovadas e alteradas sob esse grito, revelando-se, oportunamente, ineficazes.
O verdadeiro homem de bem, tocado pelo Evangelho de Jesus, sensibiliza-se com a situação e ora pelas vítimas dos atos infracionais, mas também se preocupa com a recuperação do jovem infrator, dando a sua contribuição pessoal. Como?
Fazendo visitas religiosas às instituições que acolhem os jovens infratores e os criminosos, participando de entidades que amparam os jovens abandonados ou expostos a situações de risco, educando os próprios filhos nas bases do legítimo amor, dando-lhes um direcionamento religioso e moral, entre outras iniciativas.
A sociedade, ao postular a redução da maioridade penal, sob o argumento de que há impunidade aos jovens infratores, quer transferir apenas ao Estado a responsabilidade, mas se esquece de que também deve contribuir para a diminuição da criminalidade, seja juvenil, seja de adultos, dando oportunidades de recuperação ao delinquente, acolhendo-o oportunamente, ofertando-lhe emprego e condições de uma vida minimamente digna, porque o verdadeiro amor, conforme anunciou e viveu Jesus, é aquele que nos leva a fazer ao outro o que desejamos para nós mesmos.
Não nos esqueçamos da exortação elevada do benfeitor espiritual Vianna de Carvalho: “A preocupação precípua, no entanto, deverá ser sempre a de educar”, de forma que há necessidade de se manter uma legislação especial aos jovens.
1 FRANCO, Divaldo P.
Atualidade do pensamento espírita. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. 2.
ed. Salvador: Leal, 2000. cap. 3.0, Ciências jurídicas à luz do
Espiritismo, q. 74.
FONTE:
Porque a Reencarnação passou a ser condenada pela Igreja Católica
Por Vivaldo J. de Araújo
O Concílio de Constantinopla – 553 D.C
Até meados do século VI, todo o Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já proclamava, milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da Justiça Divina, que sempre dá oportunidade ao homem para rever seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.
Aconteceu, porém, que o segundo Concílio de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em decisão política, para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção, cientificamente justificada, substituindo-a pela ressurreição, que contraria todos os princípios da ciência, pois admite a volta do ser, por ocasião de um suposto juízo final, no mesmo corpo já desintegrado em todos os seus elementos constitutivos.
É que Teodora, esposa do famoso Imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa, temia retornar ao mundo, na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou uma forte pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder através da criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei.
E assim, o Concílio realizado em Constantinopla, no ano de 553 D.C, resolveu rejeitar todo o pensamento de Orígenes de Alexandria, um dos maiores Teólogos que a Humanidade tem conhecimento. As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e Malaquias 4:5).
Agindo dessa maneira, como se fosse soberana em suas decisões, a assembléia dos bispos, reunidos no Segundo Concílio de Constantinopla, houve por bem afirmar que reencarnação não existe, tal como aconteceu na reunião dos vaga-lumes, conforme narração do ilustre filósofo e pensador cristão, Huberto Rohden, em seu livro " Alegorias ", segundo a qual, os pirilampos aclamaram a seguinte sentença, ditada por seu Chefe D. Sapiêncio, em suntuoso trono dentro da mata, na calada da noite: " Não há nada mais luminoso que nossos faróis, por isso não passa de mentira essa história da existência do Sol, inventada pelos que pretendem diminuir o nosso valor fosforescente ".
E os vaga-lumes dizendo amém, amém, ao supremo chefe, continuaram a vagar nas trevas, com suas luzinhas mortiças e talvez pensando - "se havia a tal coisa chamada Sol, deve agora ter morrido". É o que deve ter acontecido com Teodora: ao invés de fazer sua reforma íntima e praticar o bem para merecer um melhor destino no futuro, preferiu continuar na ilusão de se poder fugir da verdade, só porque esta fora contestada pelos deuses do Olimpo, reunidos em majestoso conclave.
Vivaldo J. de Araújo é Professor e Procurador de Justiça do Estado de Goiás.
O Concílio de Constantinopla – 553 D.C
Até meados do século VI, todo o Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já proclamava, milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da Justiça Divina, que sempre dá oportunidade ao homem para rever seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.
Aconteceu, porém, que o segundo Concílio de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em decisão política, para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção, cientificamente justificada, substituindo-a pela ressurreição, que contraria todos os princípios da ciência, pois admite a volta do ser, por ocasião de um suposto juízo final, no mesmo corpo já desintegrado em todos os seus elementos constitutivos.
É que Teodora, esposa do famoso Imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa, temia retornar ao mundo, na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou uma forte pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder através da criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei.
E assim, o Concílio realizado em Constantinopla, no ano de 553 D.C, resolveu rejeitar todo o pensamento de Orígenes de Alexandria, um dos maiores Teólogos que a Humanidade tem conhecimento. As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e Malaquias 4:5).
Agindo dessa maneira, como se fosse soberana em suas decisões, a assembléia dos bispos, reunidos no Segundo Concílio de Constantinopla, houve por bem afirmar que reencarnação não existe, tal como aconteceu na reunião dos vaga-lumes, conforme narração do ilustre filósofo e pensador cristão, Huberto Rohden, em seu livro " Alegorias ", segundo a qual, os pirilampos aclamaram a seguinte sentença, ditada por seu Chefe D. Sapiêncio, em suntuoso trono dentro da mata, na calada da noite: " Não há nada mais luminoso que nossos faróis, por isso não passa de mentira essa história da existência do Sol, inventada pelos que pretendem diminuir o nosso valor fosforescente ".
E os vaga-lumes dizendo amém, amém, ao supremo chefe, continuaram a vagar nas trevas, com suas luzinhas mortiças e talvez pensando - "se havia a tal coisa chamada Sol, deve agora ter morrido". É o que deve ter acontecido com Teodora: ao invés de fazer sua reforma íntima e praticar o bem para merecer um melhor destino no futuro, preferiu continuar na ilusão de se poder fugir da verdade, só porque esta fora contestada pelos deuses do Olimpo, reunidos em majestoso conclave.
Vivaldo J. de Araújo é Professor e Procurador de Justiça do Estado de Goiás.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
ENTENDENDO O CRIACIONISMO BÍBLICO VERSUS O EVOLUCIONISMO
O
primeiro livro da Bíblia, a Gênese mosaica, traz em seu primeiro
capítulo a história da criação. No capítulo 1, vers. 1 encontramos: “No
princípio criou Deus os céus e a terra”. Já no capítulo 2, vers. 7
podemos observar a criação do homem: “E formou o Senhor Deus o homem do
pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem
tornou-se alma vivente”. Ainda no mesmo capítulo 2, mas nos vers. 21 e
22 encontramos o aparecimento da mulher: “Então o Senhor Deus fez cair
um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma
das costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor
Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem”.
Todos já devem ter ouvido, algum dia, esta história bíblica da criação dos céus, da terra, dos animais, do homem, da mulher, etc. À isto dá-se o nome de Criacionismo, ou seja, para toda criação houve um Criador, e Este seria Deus.
Até o século 19, o ocidente tinha o relato bíblico como a única explicação para o surgimento do planeta e de tudo que há nele, apesar de que na época, já haviam ocorrido algumas manifestações contrárias a esta forma de pensar, mas poucos tinham coragem de ir contra a influência da Igreja Romana.
Em 1859, o inglês Charles Darwin publicou o livro “A origem das espécies”. Antes dele, como foi dito anteriormente, outros cientistas já haviam sugerido que os seres vivos mudam ao longo do tempo. Mas Darwin, que fez observações de fósseis, plantas e animais durante uma viagem ao redor do mundo, foi o primeiro a propor uma explicação lógica para a evolução. Nascia aí uma visão científica do aparecimento do homem e de todos os animais: o Evolucionismo.
Segundo Darwin, os seres vivos evoluíram ao longo dos anos dando origem ao homem, aos animais e às plantas que observamos no meio ambiente. Disso decorre que as espécies mais bem adaptadas às mudanças do ambiente sobreviveriam e transmitiriam para os descendentes esta melhor adaptação. Enquanto que as espécies que não obtiveram esta adaptação foram desaparecendo. É por isso que até hoje encontramos fósseis de animais que viveram a milhares ou a milhões de anos atrás.
Pode-se, a partir daí, perceber o embate que apareceu entre Criacionismo e Evolucionismo. De um lado, religiosos classificando os cientistas de hereges. De outro, toda uma comunidade científica se aprofundando sobre a questão da formação do Universo, do planeta Terra e dos seres vivos.
Para alguns teólogos, o planeta teria em torno de 6500 anos. Para os cientistas, a média seria de 5 bilhões de anos. Hoje não há dúvida sobre esta datação. As técnicas radiológicas, que usam a chamada meia-vida dos elementos radioativos, mostram-nos que é impossível uma idade tão curta para o planeta como querem afirmar os Criacionistas.
A igreja Católica, depois de relutar tanto com os cientistas, já aceita a evolução das espécies como verdade irrefutável. A mesma Igreja que outrora combateu o Evolucionismo de Darwin, hoje prega que a história bíblica da criação é uma alegoria que deve ser discernida pelas luzes da Ciência.
O Espiritismo desde sua fundação com o lançamento de “O livro dos Espíritos” já demonstrava uma posição evolucionista, sem para isso tirar Deus da temática da Criação.
A igreja Católica de hoje e o Espiritismo possuem um posicionamento bem semelhante quanto à formação do Universo. As duas correntes religiosas aceitam as descobertas científicas, mas não aceitam o aparecimento de tudo como obra do acaso.
Nós espíritas sabemos que Deus é o princípio de tudo, mas nem por isso precisa derrogar Suas Leis e criar tudo como um passe de mágica. Se assim fosse, Deus não seria Deus, seria um mandraque que através de uma palavra criaria tudo que existe no Universo e no planeta Terra. Temos a convicção de que a Ciência tem feito seu papel ao desvendar como se originou a vida no planeta. A evolução é um fato, e contra fatos não existem argumentos.
O que nos impressiona hoje, apesar de todo avanço tecnológico, é que existem pessoas que não abrem mão de acreditar no Criacionismo bíblico conforme encontramos literalmente na Gênese mosaica. Está incluída neste grupo a maioria das denominações protestantes. Há inclusive um forte movimento nos EUA que tenta abolir o ensino da Evolução nas escolas americanas. No Aquário da Flórida, na cidade de Tampa, não há aquela arvorezinha do tempo mostrando a escala evolutiva dos animais ali expostos. A direção do Aquário informa que visitantes americanos que defendem o Criacionismo bíblico se sentem insultados com a escala evolutiva. É uma questão político-religiosa, explica a direção do Aquário.
Se fizermos uma análise destes criacionistas bíblicos, chegamos à conclusão que para os que encaram a Bíblia como um livro infalível, não há como aceitar a história da Criação como uma alegoria, levando em conta o contexto histórico-cultural do povo hebreu. Se assim eles fizerem, terão também de aceitar outras passagens como ficção ou entender que aquilo fazia parte do costume de um povo. Sendo assim, eles teriam que concordar que a proibição de Moisés em não consultar os mortos é na verdade uma mensagem de acautelamento com as comunicações mediúnicas, e não obra de feiticeiro, como muitos teimam em nos atacar. Quando alguém é mergulhado anos numa cultura religiosa, sendo bombardeado com informações de que a Bíblia é a palavra de Deus e tudo que está literalmente escrito é verdade pura e absoluta, dificilmente aceitará as conclusões das pesquisas científicas.
Hoje percebemos pelos avanços tecnológicos que não é possível conciliar a Bíblia levada ao pé da letra com a Ciência. Talvez seja por isso que dentro de famílias religiosas tradicionais tenham saído muitos incrédulos e céticos. Agora mais do que nunca é necessário que estas Religiões mais tradicionais repensem sobre o que está sendo pregado aos seus jovens para que não tenham que sofrer uma reforma na base da força.
O Espiritismo, muito pelo contrário, está lado a lado com a Ciência seguindo a orientação de Kardec: “Ou o Espiritismo caminha com a Ciência, ou não sobreviverá”. Não podemos esquecer que as descobertas científicas também vêm de Deus, pois nada é revelado ao homem sem que antes seja aprovado pela Espiritualidade Superior. O problema é que, infelizmente, por causa do livre-arbítrio, nós seres humanos utilizamos para o mal aquilo que foi criado primariamente para o bem. Mas isso é uma outra história e que fica para uma outra vez...
Autor: Anderson Luiz da Silva
Membro da União Espírita Beneficente Jesus, Maria e José.
Todos já devem ter ouvido, algum dia, esta história bíblica da criação dos céus, da terra, dos animais, do homem, da mulher, etc. À isto dá-se o nome de Criacionismo, ou seja, para toda criação houve um Criador, e Este seria Deus.
Até o século 19, o ocidente tinha o relato bíblico como a única explicação para o surgimento do planeta e de tudo que há nele, apesar de que na época, já haviam ocorrido algumas manifestações contrárias a esta forma de pensar, mas poucos tinham coragem de ir contra a influência da Igreja Romana.
Em 1859, o inglês Charles Darwin publicou o livro “A origem das espécies”. Antes dele, como foi dito anteriormente, outros cientistas já haviam sugerido que os seres vivos mudam ao longo do tempo. Mas Darwin, que fez observações de fósseis, plantas e animais durante uma viagem ao redor do mundo, foi o primeiro a propor uma explicação lógica para a evolução. Nascia aí uma visão científica do aparecimento do homem e de todos os animais: o Evolucionismo.
Segundo Darwin, os seres vivos evoluíram ao longo dos anos dando origem ao homem, aos animais e às plantas que observamos no meio ambiente. Disso decorre que as espécies mais bem adaptadas às mudanças do ambiente sobreviveriam e transmitiriam para os descendentes esta melhor adaptação. Enquanto que as espécies que não obtiveram esta adaptação foram desaparecendo. É por isso que até hoje encontramos fósseis de animais que viveram a milhares ou a milhões de anos atrás.
Pode-se, a partir daí, perceber o embate que apareceu entre Criacionismo e Evolucionismo. De um lado, religiosos classificando os cientistas de hereges. De outro, toda uma comunidade científica se aprofundando sobre a questão da formação do Universo, do planeta Terra e dos seres vivos.
Para alguns teólogos, o planeta teria em torno de 6500 anos. Para os cientistas, a média seria de 5 bilhões de anos. Hoje não há dúvida sobre esta datação. As técnicas radiológicas, que usam a chamada meia-vida dos elementos radioativos, mostram-nos que é impossível uma idade tão curta para o planeta como querem afirmar os Criacionistas.
A igreja Católica, depois de relutar tanto com os cientistas, já aceita a evolução das espécies como verdade irrefutável. A mesma Igreja que outrora combateu o Evolucionismo de Darwin, hoje prega que a história bíblica da criação é uma alegoria que deve ser discernida pelas luzes da Ciência.
O Espiritismo desde sua fundação com o lançamento de “O livro dos Espíritos” já demonstrava uma posição evolucionista, sem para isso tirar Deus da temática da Criação.
A igreja Católica de hoje e o Espiritismo possuem um posicionamento bem semelhante quanto à formação do Universo. As duas correntes religiosas aceitam as descobertas científicas, mas não aceitam o aparecimento de tudo como obra do acaso.
Nós espíritas sabemos que Deus é o princípio de tudo, mas nem por isso precisa derrogar Suas Leis e criar tudo como um passe de mágica. Se assim fosse, Deus não seria Deus, seria um mandraque que através de uma palavra criaria tudo que existe no Universo e no planeta Terra. Temos a convicção de que a Ciência tem feito seu papel ao desvendar como se originou a vida no planeta. A evolução é um fato, e contra fatos não existem argumentos.
O que nos impressiona hoje, apesar de todo avanço tecnológico, é que existem pessoas que não abrem mão de acreditar no Criacionismo bíblico conforme encontramos literalmente na Gênese mosaica. Está incluída neste grupo a maioria das denominações protestantes. Há inclusive um forte movimento nos EUA que tenta abolir o ensino da Evolução nas escolas americanas. No Aquário da Flórida, na cidade de Tampa, não há aquela arvorezinha do tempo mostrando a escala evolutiva dos animais ali expostos. A direção do Aquário informa que visitantes americanos que defendem o Criacionismo bíblico se sentem insultados com a escala evolutiva. É uma questão político-religiosa, explica a direção do Aquário.
Se fizermos uma análise destes criacionistas bíblicos, chegamos à conclusão que para os que encaram a Bíblia como um livro infalível, não há como aceitar a história da Criação como uma alegoria, levando em conta o contexto histórico-cultural do povo hebreu. Se assim eles fizerem, terão também de aceitar outras passagens como ficção ou entender que aquilo fazia parte do costume de um povo. Sendo assim, eles teriam que concordar que a proibição de Moisés em não consultar os mortos é na verdade uma mensagem de acautelamento com as comunicações mediúnicas, e não obra de feiticeiro, como muitos teimam em nos atacar. Quando alguém é mergulhado anos numa cultura religiosa, sendo bombardeado com informações de que a Bíblia é a palavra de Deus e tudo que está literalmente escrito é verdade pura e absoluta, dificilmente aceitará as conclusões das pesquisas científicas.
Hoje percebemos pelos avanços tecnológicos que não é possível conciliar a Bíblia levada ao pé da letra com a Ciência. Talvez seja por isso que dentro de famílias religiosas tradicionais tenham saído muitos incrédulos e céticos. Agora mais do que nunca é necessário que estas Religiões mais tradicionais repensem sobre o que está sendo pregado aos seus jovens para que não tenham que sofrer uma reforma na base da força.
O Espiritismo, muito pelo contrário, está lado a lado com a Ciência seguindo a orientação de Kardec: “Ou o Espiritismo caminha com a Ciência, ou não sobreviverá”. Não podemos esquecer que as descobertas científicas também vêm de Deus, pois nada é revelado ao homem sem que antes seja aprovado pela Espiritualidade Superior. O problema é que, infelizmente, por causa do livre-arbítrio, nós seres humanos utilizamos para o mal aquilo que foi criado primariamente para o bem. Mas isso é uma outra história e que fica para uma outra vez...
Autor: Anderson Luiz da Silva
Membro da União Espírita Beneficente Jesus, Maria e José.
texto - www.panoramaespirita.com.br/novo/artigos
imagem - wn.com
terça-feira, 13 de agosto de 2013
DIFICULDADES NA CASA ESPÍRITA
Joana Abranches
(Assistente Social, escritora e Presidente da Sociedade Espírita Amor Fraterno – Vitória – ES)
Uma
das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é
administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e
ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas
vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade”mas evidentes nos
olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e, não raro, no
afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão
entusiasmado... Quando chega a este ponto é que a guerra de persona já
atingiu o seu ponto máximo.
Não
desanimemos. Onde há gente há problema. Graças a Deus!... Porque
conviver significa oportunidade impar de crescimento. É preciso apenas
saber identificar, respeitar e integrar as diferenças, repensando o
conceito ilusório de que para figurar no seleto rol dos “escolhidos”,
todos têm que estar aptos e disponíveis, todo o tempo, a todo o tipo de
tarefa na Casa Espírita. Esteriótipos solapam a autenticidade e
favorecem a hipocrisia.
Somos
diferentes e isso obedece a um propósito Divino. Aquilo que é fácil pra
mim já não é para o outro e vice-versa. Sabemos que é a diversidade das
flores que confere harmonia e beleza a um jardim, porém tudo passa pelo
paisagista, que traçou canteiros, combinou cores e formas,
considerando, sobretudo, os níveis de resistência e fragilidade de cada
planta para então dispor a sua localização. Também na Casa Espírita
pessoas com personalidade, maturidade e aptidões diversas podem conviver
harmonicamente em sua diversidade, mas o “paisagismo” cabe aos
dirigentes.
Pensemos
em nossos grupos. Sempre encontraremos neles um trabalhador tipo “pau
pra toda obra.” Dinâmico e disponível, este irmão é perfeito para
tarefas práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque
ou não vai comparecer ou vai cochilar. Já o tipo“certinho”é racional,
organizado e faz questão de tudo “preto no branco”. Quem melhor para a
administração? Afinal, formalizar e controlar é com ele mesmo.
Tem
também o“artista”. Afeito ao lúdico, ele não dispensa a música, o
teatro e outras manifestações de arte em tudo o que faz. Sua
sensibilidade enche as reuniões comemorativas daquela emoção e
entusiasmo tão necessários para levantar o ânimo. Ideal para trabalhar
com jovens e crianças, este companheiro sacode a mesmice, motiva a
equipe e estimula como ninguém a integração fraterna. Temos ainda o
introspectivo, o extrovertido, o afoito, o ponderado, o questionador, o
acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se
aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância desse ou
daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados?
Na verdade, todos são insubstituíveis e indispensáveis
em suas peculiaridades porque - enquanto não conseguimos ser perfeitos –
o segredo é nos valer das próprias imperfeições para potencializar o
trabalho. Enquanto uns sonham outros ponderam, uns planejam outros
concretizam, uns organizam outros adornam. E lá vamos nós. Lidando com
as diferenças e garantindo a continuidade da obra. Enquanto isso vai se
aprendendo a ceder, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e
tantos outros exercícios de reforma íntima.
Ninguém
espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe
diversidade. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as sugestões
dos recém-chegados porque se julga o detentor absoluto da experiência;
Ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que
ali já estavam muito antes da sua chegada, construindo o que ele
encontrou; Acolá é aquele que quer colocar o mundo dentro da Casa
Espírita; Mais além é aquele outro que quer tirar a Casa Espírita do
mundo... E outros tantos desafios. Cabe às lideranças observar, intervir
e pacificar. Administrando conflitos prevenimos cisões, pois as
relações são a viga mestra dos grupos e quando abaladas tudo vem abaixo.
Uma
forma eficaz de prevenir é realizar constantes avaliações das
atividades. Mas avaliar não é colocar os companheiros no paredão.
Avaliar é reunir a equipe periodicamente para analisar o que está sendo
feito, em clima de leveza e fraternidade, discutindo dificuldades e
possibilidades com vistas a manter ou corrigir a rota onde for preciso.
Mas é também imprescindível repensar as decisões de cima para baixo.
Não raro a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que
de alguma forma tenham sido consultados enquanto elementos fundamentais
para as realizações. Questionar nem pensar, sob pena de inclusão
imediata no tratamento de desobsessão, diante da afirmativa paternalista
que “– o nosso irmão está precisando muito de preces”... Esta é a
impiedosa pena de descrédito “caridosamente” imputada àqueles que ousam
“subverter” a ordem vigente. Estrategicamente, neutraliza-se a ovelha
rebelde para apascentar o rebanho.
Diante
disso a gente se pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir
distinguir autoridade de autoritarismo? Quando é que vamos deixar de
medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos
que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os
trabalhadores por mão de obra passiva para projetos personalistas?
Quando deixaremos de tomar questionamentos legítimos como “influência de
obsessores”? É urgente abandonar tais heranças reacionárias do passado e
avançar para a postura ética e fraterna que se espera de uma liderança
espírita.
Um
verdadeiro líder busca sempre o entendimento amoroso - em nível
individual ou coletivo – quando os problemas surgem. Em momentos de
crise não silencia, nem impõe, dialoga. Omissão por medo de provocar
ruptura é um equívoco. Se não criamos coragem de intervir junto aos
conflitos, contribuiremos para que se avolumem. Quando menos se espera,
lá estão eles, substituindo o saudável prazer de estar junto pela
obrigação do compromisso assumido “do lado de lá”, esvaziando grupos e
corações.
Liderança
é responsabilidade. É ter claro o papel que nos compete como mediadores
e aglutinadores; Como irmãos de caminhada e não como “donos das almas”
ou “da causa”, porque senão, à menor contrariedade, vamos ser os
primeiros a fazer as malas e sair por aí atrás do utópico grupo ideal e -
o que é mais grave - arrastando conosco ou deixando para trás
“seguidores” divididos e desnorteados.
As
chances de acertar são infinitamente maiores quando nos dispomos a
exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo assim; Que começa
pela valorização dos pontos positivos do outro, em detrimento dos
negativos que possa ter; Pelo exercício da tolerância, não por amarmos
todos de forma igual - porque isso não acontece nesse estágio em que nos
encontramos - mas por reconhecer em nós muitas mazelas a serem
toleradas.
Se
não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível,
continuaremos a brincar de espírita bonzinho e, no fundo, só nos
aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho.
Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede -porque
existem coisas que não dá para transigir - mas diz o que tem que dizer
de forma firme, porém cuidadosa e assim, lembrando Jesus, vamos
conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”- diz o
Mestre - ”então tereis ganho o vosso irmão”.
Difícil?... Mas quem foi que disse que é fácil evoluir?... E que se evolui sem conviver?
Pensemos nisto!
Joana Abranches
(Assistente Social, escritora e Presidente da Sociedade Espírita Amor Fraterno – Vitória – ES)
Uma
das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é
administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e
ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas
vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade”mas evidentes nos
olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e, não raro, no
afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão
entusiasmado... Quando chega a este ponto é que a guerra de persona já
atingiu o seu ponto máximo.
Não
desanimemos. Onde há gente há problema. Graças a Deus!... Porque
conviver significa oportunidade impar de crescimento. É preciso apenas
saber identificar, respeitar e integrar as diferenças, repensando o
conceito ilusório de que para figurar no seleto rol dos “escolhidos”,
todos têm que estar aptos e disponíveis, todo o tempo, a todo o tipo de
tarefa na Casa Espírita. Esteriótipos solapam a autenticidade e
favorecem a hipocrisia.
Somos
diferentes e isso obedece a um propósito Divino. Aquilo que é fácil pra
mim já não é para o outro e vice-versa. Sabemos que é a diversidade das
flores que confere harmonia e beleza a um jardim, porém tudo passa pelo
paisagista, que traçou canteiros, combinou cores e formas,
considerando, sobretudo, os níveis de resistência e fragilidade de cada
planta para então dispor a sua localização. Também na Casa Espírita
pessoas com personalidade, maturidade e aptidões diversas podem conviver
harmonicamente em sua diversidade, mas o “paisagismo” cabe aos
dirigentes.
Pensemos
em nossos grupos. Sempre encontraremos neles um trabalhador tipo “pau
pra toda obra.” Dinâmico e disponível, este irmão é perfeito para
tarefas práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque
ou não vai comparecer ou vai cochilar. Já o tipo“certinho”é racional,
organizado e faz questão de tudo “preto no branco”. Quem melhor para a
administração? Afinal, formalizar e controlar é com ele mesmo.
Tem
também o“artista”. Afeito ao lúdico, ele não dispensa a música, o
teatro e outras manifestações de arte em tudo o que faz. Sua
sensibilidade enche as reuniões comemorativas daquela emoção e
entusiasmo tão necessários para levantar o ânimo. Ideal para trabalhar
com jovens e crianças, este companheiro sacode a mesmice, motiva a
equipe e estimula como ninguém a integração fraterna. Temos ainda o
introspectivo, o extrovertido, o afoito, o ponderado, o questionador, o
acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se
aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância desse ou
daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados?
Na verdade, todos são insubstituíveis e indispensáveis
em suas peculiaridades porque - enquanto não conseguimos ser perfeitos –
o segredo é nos valer das próprias imperfeições para potencializar o
trabalho. Enquanto uns sonham outros ponderam, uns planejam outros
concretizam, uns organizam outros adornam. E lá vamos nós. Lidando com
as diferenças e garantindo a continuidade da obra. Enquanto isso vai se
aprendendo a ceder, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e
tantos outros exercícios de reforma íntima.
Ninguém
espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe
diversidade. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as sugestões
dos recém-chegados porque se julga o detentor absoluto da experiência;
Ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que
ali já estavam muito antes da sua chegada, construindo o que ele
encontrou; Acolá é aquele que quer colocar o mundo dentro da Casa
Espírita; Mais além é aquele outro que quer tirar a Casa Espírita do
mundo... E outros tantos desafios. Cabe às lideranças observar, intervir
e pacificar. Administrando conflitos prevenimos cisões, pois as
relações são a viga mestra dos grupos e quando abaladas tudo vem abaixo.
Uma
forma eficaz de prevenir é realizar constantes avaliações das
atividades. Mas avaliar não é colocar os companheiros no paredão.
Avaliar é reunir a equipe periodicamente para analisar o que está sendo
feito, em clima de leveza e fraternidade, discutindo dificuldades e
possibilidades com vistas a manter ou corrigir a rota onde for preciso.
Mas é também imprescindível repensar as decisões de cima para baixo.
Não raro a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que
de alguma forma tenham sido consultados enquanto elementos fundamentais
para as realizações. Questionar nem pensar, sob pena de inclusão
imediata no tratamento de desobsessão, diante da afirmativa paternalista
que “– o nosso irmão está precisando muito de preces”... Esta é a
impiedosa pena de descrédito “caridosamente” imputada àqueles que ousam
“subverter” a ordem vigente. Estrategicamente, neutraliza-se a ovelha
rebelde para apascentar o rebanho.
Diante
disso a gente se pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir
distinguir autoridade de autoritarismo? Quando é que vamos deixar de
medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos
que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os
trabalhadores por mão de obra passiva para projetos personalistas?
Quando deixaremos de tomar questionamentos legítimos como “influência de
obsessores”? É urgente abandonar tais heranças reacionárias do passado e
avançar para a postura ética e fraterna que se espera de uma liderança
espírita.
Um
verdadeiro líder busca sempre o entendimento amoroso - em nível
individual ou coletivo – quando os problemas surgem. Em momentos de
crise não silencia, nem impõe, dialoga. Omissão por medo de provocar
ruptura é um equívoco. Se não criamos coragem de intervir junto aos
conflitos, contribuiremos para que se avolumem. Quando menos se espera,
lá estão eles, substituindo o saudável prazer de estar junto pela
obrigação do compromisso assumido “do lado de lá”, esvaziando grupos e
corações.
Liderança
é responsabilidade. É ter claro o papel que nos compete como mediadores
e aglutinadores; Como irmãos de caminhada e não como “donos das almas”
ou “da causa”, porque senão, à menor contrariedade, vamos ser os
primeiros a fazer as malas e sair por aí atrás do utópico grupo ideal e -
o que é mais grave - arrastando conosco ou deixando para trás
“seguidores” divididos e desnorteados.
As
chances de acertar são infinitamente maiores quando nos dispomos a
exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo assim; Que começa
pela valorização dos pontos positivos do outro, em detrimento dos
negativos que possa ter; Pelo exercício da tolerância, não por amarmos
todos de forma igual - porque isso não acontece nesse estágio em que nos
encontramos - mas por reconhecer em nós muitas mazelas a serem
toleradas.
Se
não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível,
continuaremos a brincar de espírita bonzinho e, no fundo, só nos
aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho.
Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede -porque
existem coisas que não dá para transigir - mas diz o que tem que dizer
de forma firme, porém cuidadosa e assim, lembrando Jesus, vamos
conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”- diz o
Mestre - ”então tereis ganho o vosso irmão”.
Difícil?... Mas quem foi que disse que é fácil evoluir?... E que se evolui sem conviver?
sábado, 27 de julho de 2013
MENSAGEM AOS JOVENS
Que Deus abençoe a juventude!
Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.
Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.
Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.
Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam propiciados desde hoje para a vitória desses nautas do porvir.
Numa sociedade permissiva e utilitarista com esta vigoram os convites para a luxúria, o consumismo, a excentricidade irresponsáveis.
Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se a soldo das situações e circunstâncias reprocháveis que lhes são oferecidas como objetivos a alcançar.
À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens ávidos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.
Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação morbosa para a larga consumpção da existência desperdiçada.
Todo jovem anseia por um lugar ao Sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.
Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por castrações religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem eleger o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…
Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir a todas as vicissitudes do processo evolutivo.
Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social pervertido e sem sentido ou objetivo dignificante…
Não desistam os jovens de reivindicar os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhe são destinados pela Vida.
Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos párias e excluídos dos círculos da hipocrisia, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.
Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.
A juventude orgânica do ser humano, embora seja a mais longa do reino animal, é de breve curso, porquanto logo se esboçam as características de adulto quando os efeitos já se apresentam.
É verdade que este é o mundo de angústias que as gerações passadas, estruturadas em guerras e privilégios para uns em detrimento de outros, quando o idealismo ancestral cedeu lugar ao niilismo aniquilador e a força do poder predominava, edificaram como os ideais de vida para a Humanidade.
É hora de refazer e de recompor.
O tempo urge no relógio da evolução humana.
Escrevendo a Timóteo, seu discípulo amado, o apóstolo Paulo exortava-o a ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos, a fazer a obra dum evangelista, a desempenhar bem o teu ministério. (*)
Juventude formosa e sonhadora!
Tudo quanto contemples em forma de corrupção, de degredo, de miséria, é a herança maléfica da insensatez e da crueldade.
Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.
O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se homiziam o crime e a sordidez.
Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e vilipendiam o ser.
És o amanhecer!
Indispensável clarear todas as sombras com a soberana luz do amor e caminhar com segurança na direção do dia pleno.
Não te permitas corromper pelos astutos triunfadores de um dia. Eles já foram jovens e enfermaram muito cedo, enquanto desfrutas do conhecimento saudável da vida condigna.
Apontando o caminho a um jovem rico que O interrogou como conseguir o Reino dos Céus, Jesus respondeu com firmeza: - Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me... iniciando o esforço agora.
Não há outra alternativa a seguir.
Vende ao amor as tuas forças e segue o Mestre Incomparável hoje, porque amanhã, possivelmente, será tarde demais.
Hoje é o teu dia.
Avança!
Joanna de Ângelis
(*)II Timóteo 4:5.
(1) Mateus 19:21.
Notas da autora espiritual.
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 22 de julho de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, quando o Papa Francisco chegou ao Brasil, para iniciar a 28ª Jornada Mundial da Juventude.)
quinta-feira, 25 de julho de 2013
O ESPAÇO E OS MUNDOS; NÃO, COLÔNIAS ESPIRITUAIS
Por Sérgio
Aleixo
Nada material pode ser obstáculo aos
espíritos. A matéria não pode interditá-los de nenhum modo. Assim,
teoricamente, em estrelas, planetas, no espaço sideral, possível é que os
invisíveis lá estejam em perfeitas condições. Sabe-se que nem sempre podem os espíritos,
entretanto, ir a todos os mundos, ou mesmo estar em qualquer lugar num mesmo
mundo, que tudo isso é conforme. Por quê?
O conceito de mundos transitórios
(Kardec assim o batizou) diz que, apesar da ausência de vida na superfície
estéril de certos planetas, esses orbes destinados seriam aos espíritos
errantes, que os habitariam para repouso, instrução e progresso. Tendo sido
esse o caso da Terra durante sua formação, o conceito se vincularia
obrigatoriamente à expectativa de que a vida se instale na superfície de tais
planetas, ainda inapropriados a ela; apenas em transição para tanto. Desse modo, nada tem ele a ver com as estruturas
conhecidas por colônias espirituais; edificações no além, algumas de
séculos, protegidas por muralhas, armas e até animais, onde os habitantes
teriam uma fruição de gozos e costumes tipicamente físicos, como nutrição,
eventos pagos, empregos remunerados, casamentos, etc.; moradias de todos os
tipos, com banheiro e cozinha, inclusive; assim como parques, plantações e
fábricas, seja de suco, de roupas, de artefatos, etc., etc. À luz da codificação
espírita, não passam de abusos ficcionais ditados nos interlúdios invigilantes
de médiuns sem discernimento, que acreditam lhes baste a boa intenção e a cega
confiança em seus guias para o exercício de suas faculdades.
O princípio espírita das criações
fluídicas, bom também é que se o diga logo, em nada ampara tais edificações no
além; nunca se viu que essas criações exorbitassem o entorno mais imediato do
próprio espírito, sua aparência, vestuário, certos objetos, pseudocompanhias,
etc.; tudo, porém, subordinado exclusivamente ao pensamento: 1) quando cria
ilusões ao espírito, ainda que eventualmente objetivadas nos fluidos; 2) quando
cria aparências que visem um fim qualquer, a encarnados ou desencarnados. Um princípio do Espiritismo, além disso, não pode ser
aplicado em contradição com os demais. Por que moradias e costumes de fruição
carnal existiriam no mundo espírita, se o perispírito não tem funções que
demandem nutrição, reprodução, etc., nem o além-túmulo, menos ainda, rigores
climáticos que o instabilizem? Grupos, famílias de espíritos, sociedades
inteiras deles, em regiões compatíveis com sua constituição fluídica, e unidos
por propósitos comuns, com ações planejadas e tarefas várias: isso é
Espiritismo! Todavia, nada existe aí que se aproxime das travessuras coloniais.
Demonstrado, pois, que os mundos
transitórios nada têm a ver com as colônias espirituais; sim, a
princípio, com planetas de superfície temporariamente estéril, avanço: e quanto
aos mundos que surgem e desaparecem na imensidão sem que a vida se manifeste
ali? Certo que não podem chamar-se transitórios, mas nem por isso estariam,
necessariamente, sem presenças invisíveis. O conceito de mundos transitórios
prevê que os espíritos que neles habitam podem deixá-los livremente, não
estando, assim, obrigados a aguardar o surgimento da vida na superfície. Desse
modo, por que os espíritos não se reuniriam, para repouso, instrução e
progresso, igualmente nos mundos não transitórios?
Razoável admitir, pois, que existam:
1) mundos que são habitados apenas espiritualmente de início e, depois, também
corporalmente; 2) mundos eventualmente habitados tão só por seres errantes,
embora não em especial destinados a estes, por não serem transitórios. Mas não
estaria faltando nada a esse panorama, por mais vasto? Eis aí nossa questão.
Sim! Sim! Tais considerações somente ambientam os espíritos, a bem dizer, no
universo físico, a modo de contingentes invisíveis e, nele, teoricamente,
inobstáveis. Dizem alguns, por isso, até que há certo segredo acerca do mundo
espírita em Kardec. Um tanto deslumbrados com a literatura ficcional mediúnica
e suas colônias, findam por conferir uma proporção absurda àquele silêncio
que o espírito Galileu diz estar sendo guardado, até ali, sobre o mundo
espiritual. E disso concluem haver mistério em Kardec a respeito da vida
espírita. Ora! “Até ali” só quer dizer até aquele ponto do próprio comunicado
de Galileu, que apenas falara do modo da criação do universo e silenciara
acerca do modo de criação dos espíritos que, nesse sentido, constituem o mundo
espiritual, de que Galileu passa então a falar.
Antes de tudo, são os espíritos que
integram o mundo espírita. E já não é coisa pouca. O que mais se quer conhecer?
A vida dos seres errantes por lá! Claro! Bem... Sabe-se que estão isentos de
nossas necessidades; mas que possuem ainda um corpo, embora etéreo, sem órgãos,
por mais denso. Onde se encontram com esse envoltório
fluídico? Somente nos meios físicos do universo, exceção feita à invisibilidade
própria dos espíritos? Se a matéria não lhes representa mais obstáculo, porque
não podem ir a todos os planetas nessa condição errante? Por que percorrer o
mundo espírita não pode ser, afinal, só uma viagem interplanetária,
intergaláctica, sem aparatos tecnológicos? Tudo reside na compreensão da
palavra espaço, ou melhor: espaços, nas letras kardecianas. Foi
dito ao mestre que o espaço é infinito e que aquilo que se julga vazio está
ocupado por matéria imponderável, em estado de fluido. Nessa medida, sim, os espíritos
estão por toda parte e são povoados todos os globos. Não disseram, aliás, que
povoam propriamente o espaço infinito, mas que “povoam ao infinito os espaços
infinitos”. Quando se lê, pois, que os espíritos estão no espaço, que transpõem
os mundos, a tais domínios tipicamente físicos do universo estão integrados os
domínios fluídicos, espirituais. Nestes é que existe o que pode ser obstáculo
aos espíritos, de acordo com sua situação perispirítica.
Este é o adendo que faltava à ideia inicial de mundos transitórios ou
intermediários, razão pela qual se limitou aparentemente a um panorama
interplanetário, astronômico.
Para Kardec, nosso belo planeta é
como um vaso do qual escapa densa fumaça, que vai aclarando à medida que se
eleva e cujas partes rarefeitas se perdem no espaço infinito. Esse é o âmbito
em que se define seu conceito de atmosfera espiritual terrestre, meio
formado por fluidos em vários graus de pureza, um tanto grosseiros se
comparados aos que compõem as regiões superiores, razão pela qual são estas, de
ordinário, inacessíveis aos espíritos atrasados, que nelas não podem viver, a
despeito de visitá-las como estrangeiros e, ainda assim, apenas entrevendo-as. Portanto, segundo suas elevações, os espíritos povoam não
apenas a superfície da Terra, entre os encarnados, de onde muitos não
conseguem se afastar, mas também o espaço que a circunda,
segundo o alvo do foco possível de suas percepções entre as várias camadas de
fluidos espirituais do planeta. Como as coisas se passam
nesses meios? Naqueles cujos fluidos são bem desmaterializados, sequer o
imaginamos. Nas ambiências, todavia, em que a constituição fluídica se
apresenta mais identificada à vida corporal, parece razoável admitir, seria
menos difícil supô-lo, ainda que, mesmo nessas regiões mais densas, as coisas
não possam transcorrer como se aqui se verificassem. Do contrário, afinal, não
haveria a menor necessidade do estado de encarnação que, nesse caso, mais
pareceria um acidente de percurso, à moda rustenista e, avanço em dizê-lo, era
mesmo até esse ponto de distorção conceitual que nos queriam conduzir as almas
jesuíticas da inglória causa federativa.
A doutrina espírita ensina que os
espíritos conservam as faculdades que tinham na Terra; que eles têm visão, audição,
sensação, percepção, mas diversamente de quando possuíam um corpo físico, ainda
que muitos deles, em erro, julguem que tais coisas se passem, por lá, da mesma
forma que no corpo; o modo pelo qual atuam, inclusive. O
pensamento dos espíritos atrasados não está esclarecido por vezes, e é então
que muitos até julgam viver ainda entre os homens e mulheres, partilhando de
suas aspirações, paixões e desejos. Nos meios compatíveis com essa sua
natureza, os fluidos chegam a ter, para eles, aspecto tão material
quanto, para nós, nossos objetos tangíveis; os combinam e elaboram, consciente
ou inconscientemente, para produzir certos efeitos, mas o fazem por outros
processos: pensamento e vontade. Podem formar, então, conjuntos com aparência,
forma e cor determinadas. Kardec inclui essas possibilidades dos fenômenos
peculiares ao mundo espiritual no que chamou laboratório do mundo invisível. Nem de longe lhe confere, todavia, o condão de produzir
obras arquitetônicas majestáticas, estruturas complexas ao extremo, sobretudo
quando voltadas para atender necessidades que não podem ser satisfeitas no
além, ou para um funcionamento quase burocrático de inchadas estruturas
organizacionais; ao menos não no mundo espírita kardeciano, mais fidedigno em
detalhes reais e, por isso, certamente mais sóbrio. Tedioso, claro, só para o
comum dos leitores de romances mediúnicos, estimulados por curiosidades tão
ociosas quanto propícias a espíritos menos sérios, que compensam com artifícios
ficcionais e vagas de raciocínio a falta de conteúdo realmente espiritual de
seus comunicados.
Verdade que o mestre publicou, nas
suas primeiras revistas espíritas, ditados contendo desenhos mediúnicos da
suposta casa de Mozart em Júpiter; todavia o fez a título de inventário aos
leitores, para que julgassem o caso como quisessem; além disso, o referido
espírito lá estaria em estado de encarnação, não no de erraticidade, o que
determina relevantes diferenças de consideração.
Espíritos errantes não necessitam de casa ou comida; não padecem doenças e não
têm sofrimentos senão de natureza moral; mais pungentes, aliás, que os físicos. Contudo, transitam numa locação que, às vezes, não é a
superfície do planeta, e sim o espaço mais ou menos imediatamente acima dela,
algumas camadas da atmosfera espiritual terrestre, de fluidos um tanto
grosseiros e cuja aparência, em função disso, pode lembrar o meio
terreno em básicas referências, mesmo que fugidias; superfície e firmamento,
por exemplo. Quem sabe, algo similar aos tais campos, espécies de
bivaques, de que Mozart falou a Kardec em primeira mão. [...] já vos dissemos que há mundos
particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de
habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma
demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso.
Independentemente da diversidade dos
mundos, essas palavras [‘há muitas moradas na casa do Pai’] podem também ser
interpretadas pelo estado feliz ou infeliz do espírito na erraticidade.
Conforme for ele mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em
que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções
que possuir, tudo isso varia ao infinito.
Poder-se-ia perguntar como é que os
espíritos se podem evitar no mundo espiritual, uma vez que aí não existem
obstáculos materiais nem refúgios impenetráveis à vista. Tudo é, porém,
relativo nesse mundo e conforme a natureza fluídica dos seres que o habitam. Só
os espíritos superiores têm percepções indefinidas, que nos inferiores são limitadas.
Para estes, os obstáculos fluídicos equivalem a obstáculos materiais. Os
espíritos furtam-se às vistas dos semelhantes por efeito [da vontade], que atua
sobre o envoltório perispiritual e fluidos ambientes.
Existem alguns cujo envoltório
fluídico, mesmo sendo etéreo e imponderável em relação à matéria tangível,
ainda é muito pesado, se assim podemos dizer, em relação ao mundo espiritual,
para permitir que eles saiam do meio onde se encontram. É preciso incluir nessa
categoria aqueles cujo perispírito é bastante grosseiro para que o confundam
com o corpo carnal, razão pela qual continuam achando que estão vivos. Esses
espíritos, cujo número é grande, permanecem na superfície da Terra, como os
encarnados, julgando-se sempre entregues às suas ocupações; outros, um pouco
mais desmaterializados, ainda não o são o suficiente para se elevarem acima das
regiões terrestres [...] A
camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se pode comparar às camadas
inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras, do que as
camadas superiores.
[...] a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os espíritos
encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda.
Resta saber se neste espaço que
circunda a Terra, isto é, se nas camadas de fluidos espirituais do seu entorno,
seria impossível que, por uma razão ou por outra, houvesse meios cujas
composições fluídicas assumissem só um certo aspecto das ambiências
terrenas, já que podem, afinal, variar ao infinito, como vimos Kardec dizê-lo.
Os espíritos Bizet e Mesmer prestaram, respectivamente, curiosas informações ao
mestre: [...] tive sob os olhos o atroz
espetáculo da fome entre os espíritos. Encontrei lá em cima muitos desses
infelizes, mortos nas torturas da fome, ainda procurando em vão satisfazer a
uma necessidade imaginária, lutando uns contra os outros para arrancar um
pedaço de comida que se escondia em suas mãos, dilacerando-se mutuamente e, se
posso dizer, se entredevorando; [...] enquanto na Terra se pensa que aqueles
que partiram ao menos estão livres da tortura cruel que sofriam, percebe-se do
outro lado que não é nada disso, e que o quadro não é menos sombrio, embora os
autores tenham mudado de aparência.
O mundo dos invisíveis é como o
vosso. Em vez de ser material e grosseiro, é fluídico, etéreo, da natureza
do perispírito, que é o verdadeiro corpo do espírito, haurido nesses
meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais
palpáveis, tangíveis, materiais. O mundo dos espíritos não é o
reflexo do vosso; o vosso é que é uma imagem grosseira e muito imperfeita
do reino de além-túmulo.
Pode haver até alguma dúvida sobre a
locação da cena descrita por Bizet: trata-se da superfície da Terra,
entre os encarnados, ou do espaço que a circunda, com seus vários meios
fluídicos? Todavia, Bizet informa que tudo aconteceria, sim, do outro lado,
mas lá em cima. Em que pese aos espíritos conservarem a capacidade de
perceber o que na Terra se passa conosco e entre nós,
as percepções dos envolvidos na cena vista por Bizet não estão voltadas em
nenhuma medida para o que se verifica na vida física; talvez exatamente porque
não estariam nas regiões terrestres de fato, entre os vivos. De qualquer forma,
veem-se num drama cujo cenário é construído por seu desequilíbrio, com direito
a criação fluídica até de um pedaço de comida, tão objetiva no além, que é
identificada por um terceiro; este goza, contudo, de melhores condições morais
e, a despeito de avistar esse tétrico conjunto de aparência, forma e cor
determinadas, logo julga vã a motivação que o gera:
satisfazer necessidade que, afinal, ali, não poderá ser atendida, por não haver
função do perispírito que a demande. A cena transcorre pungente e horrenda. E
Kardec não lhe faz reparo algum. Esmera-se até em defender a idoneidade do
espírito comunicante e a precisão de seus informes, classificando a situação de
modo quase inédito em seus escritos: prolongação mista da vida terrena, vida
intermediária que, se bem não seja física nem propriamente espiritual, é
inerente ao estado de inferioridade de certos espíritos e necessária ao
seu adiantamento. Claro está, porém, que quase tudo não passa da criação de
ilusões desses espíritos a si mesmos, ainda que se objetivem, até certo ponto,
nalguns conjuntos fluídicos postos em ação pelo seu pensamento. Colônias? Onde?
O Livro dos Espíritos havia lecionado ser o nosso mundo reflexo
obscuro desse outro; e Kardec, ser a vida humana decalque dessa
outra; entretanto, nesses casos, nada quanto ao aspecto propriamente do meio
espiritual, e sim à sua organização societária e respectiva meritocracia. Já a fala de Mesmer bem distingue: 1) mundo espírita; 2)
perispírito de seus habitantes. Afiança que o mundo dos invisíveis seria como o
nosso, na medida em que o nosso constituiria uma imagem grosseira e muito
imperfeita do reino de além-túmulo. Grosseira e imperfeita no que
remete, por certo, a nossa forma mortal: comemos, bebemos, nos reproduzimos,
para manutenção da vida que, aqui, extingue-se; assim mesmo, porém, nosso mundo
não passaria de uma imagem, algo que, em aparência, aspecto,
similar se apresentaria, portanto, a certas regiões etéreas, à exceção de
fruições corporais, inviáveis nesses ambientes, em nada ecológicos, por não
haver mais a morte ali; talvez holográficos, por assim dizer. Insisto: Quem
sabe, algo como os tais campos, espécies de bivaques, que
originalmente Mozart revelou a Kardec.
Para espaços infinitos que são
povoados ao infinito seria tão inviável esse aspecto, só o aspecto um tanto
terreno de certas regiões fluídicas mais densas? Quer-se evitar o fomento da
imaginação criativa de muitos, que os coloca nos domínios da pseudo-revelação
luizina e suas desastrosas congêneres. Fato. Entretanto, abandonada a
compreensão que, desse assunto, só Kardec pode proporcionar em mais diligentes
medidas, é que se lançam os menos avisados exatamente ao fluxo do que lhes
parecerá mais detalhado: os romances mediúnicos; em geral, um cortejo absurdo
de subversões aos princípios do Espiritismo: espíritos a comer, a beber, a
casar, a morar; e, hoje, mesmo a copular, a se reproduzir, com fecundação,
gestação, nascimento dos “bebês” e, pasmem, até a morrer, sobrevindo o
sepultamento dos perispíritos em cemitérios d’além-túmulo...
Já diz muito o fato de que os
espíritos inferiores podem, sim, e com frequência, consciente ou
inconscientemente, criar ilusões a si mesmos e, em certos limites, até
objetivá-las nos fluidos. Nada comparável, no entanto,
aos evidentes abusos da subliteratura mediúnica e suas fantasias coloniais.
Avanço mais uma vez em dizê-lo: era mesmo até esse ponto nefasto de distorção
conceitual que nos queriam conduzir as almas jesuíticas da inglória causa
federativa. Ante uma vida espiritual que, na prática, só replica a fruição da
vida física, esvazia-se de sentido o princípio espírita da absoluta necessidade
da encarnação, abrindo caminho para a ideia de que seria mera exceção punitiva
aos que sofrem a queda. Portanto, rustenismo sutil do além, mediante agora a
subliteratura de ficção, bem ao gosto popular, em quase tudo ingênuo e, de
ordinário, desavisado. Kardec seria bem melhor, mas para este, nada.
[...] o espanto cessa quando se sabe
que esses mesmos espíritos são seres como nós; que têm um corpo, fluídico é
verdade, mas que não deixa de ser matéria; que, deixando seu invólucro carnal, certos
espíritos continuam a vida terrestre com as mesmas vicissitudes, durante um
tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é, e a observação nos
ensina que tal é a situação dos espíritos que viveram mais a vida material do
que a vida espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão
das necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma
necessidade impossível de satisfazer. O suplício mitológico de Tântalo,
nos Antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõe, do estado do
mundo de além-túmulo, sobretudo mais exato que entre os modernos. [...] O
quadro que apresenta o cura Bizet nada tem, pois, de estranho; vem, ao
contrário, confirmar, por mais um grande exemplo, o que já se sabia; e, o que
afasta toda ideia de reflexão de pensamentos, é que o fez espontaneamente, sem
que ninguém pensasse em chamar sua atenção sobre aquele ponto. Por que, então,
teria vindo dizer, sem que se lhe perguntasse, se aquilo era assim ou não? Sem
dúvida a isto foi levado para a nossa instrução. Aliás, toda a comunicação traz
um cunho de gravidade, de sinceridade e de modéstia, que é bem o seu caráter e
que não é próprio dos espíritos mistificadores.
Afora o que destaquei de Mozart,
Kardec, Bizet e Mesmer, entendo que também São Luís, Erasto e Santo Agostinho
rasgaram esse véu, ao se referirem a: 1) mundos intermediários
como viveiros da vida eterna, onde os espíritos se agrupam conforme seus graus
de adiantamento; 2) regiões similares à Terra,
das quais espíritos muito aprisionados à matéria não se podem afastar, bem como
não o podem das próprias regiões terrenas; 3) mundos
inferiores em que os encarnados, mesmo durante o sono, buscam antigas
afeições que os chamam, prazeres mais baixos do que têm aqui, doutrinas mais
vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que as que professam no corpo, em vigília. Seriam todas essas, no entanto, simples menções a outros
planetas, e não a meios etéreos do nosso próprio orbe? Em caso afirmativo:
1) Urgiria supor que São Luís se
refere ao conceito inicial de mundos transitórios e, com efeito, que busca em
meios interplanetários os espíritos afins que, na Terra encarnados, explicam a
identidade de caráter tantas vezes observada entre pais e filhos. Não os
existiriam por aqui mesmo? 2) Seria preciso crer possível, no pensamento de Erasto,
que espíritos materialistas, antes na Terra encarnados e, por cegueira moral,
aprisionados violentamente aos laços da matéria depois de mortos, deslocam-se,
por vezes, para outros planetas, similares ao nosso, não permanecendo,
assim, de preferência, na superfície da Terra, ou no espaço que a circunda. 3)
Ter-se-ia que admitir Santo Agostinho a revelar, de espíritos inferiores,
verdadeiras viagens interplanetárias durante os períodos de sono e, portanto,
em estado de encarnação, o que não é exatamente um facilitador; anote-se que é
referida a busca de prazeres ainda mais baixos do que eles têm durante a
vigília; em espírito, ainda que presos a um corpo, não podem supor que
satisfazem tais paixões senão alucinando, criando ilusões a si mesmos, entre pares
igualmente inconsequentes. Tratar-se-ia, pois, de semelhantes interplanetários,
localizados em mundos transitórios? Em todos os casos, restaria exorbitado o
princípio de economicidade tão caro à razão. Por que imaginarmos alhures os
seres que mais provavelmente estão vinculados ao nosso próprio planeta? Por que
não estariam nos seus meios correspondentes aos estados sutis da matéria,
integrantes da atmosfera espiritual terrestre?
Antes de selar como mistério
indevassável toda a vida espiritual, melhor admitir-lhe, ainda que fugidias,
algo das referências terrenas, sempre tendo em vista, claro, para a análise das
comunicações em que apareçam, as vigilantes restrições dos princípios
kardecianos: 1) eventuais ilusões que os espíritos podem criar a si mesmos,
ainda que objetivadas nos fluidos; 2) aparências que podem criar visando um fim
qualquer, a encarnados ou desencarnados; 3) meras ficções
psicográfico-obsessivas, cujo fim é a distorção dos ensinos do Espiritismo, sua
substituição por outra matriz doutrinária.
Fato é que esse prolongamento misto
da vida terrena é situação por vezes terrível, sim; isto significa,
contudo, que, doutras, nem tanto; fica a depender dos espíritos. Sobretudo na
superfície do planeta, mas também no espaço que a circunda, está a massa da
população ambiente do mundo invisível. Ela é composta, segundo Kardec: 1)
pelos que, não mais podendo satisfazer suas paixões, se agradam da companhia
dos encarnados que a estas se entregam, incitando nestes o cultivo daquelas; 2)
pelos que se julgam ainda vivos; 3) pelos que, menos atrasados um pouco, embora
não menos vulgares, já buscam algum aperfeiçoamento e instrução vendo e
observando nossos costumes, mas impacientando-se por faltar-lhes a realidade
dos nossos prazeres. Se distanciados, porém, da
superfície da Terra e, assim, no espaço que a circunda, só quanto ao aspecto
das coisas é possível aos espíritos menos depurados se moverem entre
holográficas referências terrenais, próprias ainda dessas regiões etéreas mais
densas.
Como quer que seja, em nenhuma
hipótese atende-se a necessidades que, do outro lado, não é
possível satisfazer; não há, lá em cima, como fruir gozos carnais, por
falta do instrumento dos mesmos: o corpo físico. Por isso Kardec recorre ao
suplício mitológico de Tântalo como oportuna ilustração; a metáfora de tudo que
está tão perto e, ao mesmo tempo, é inalcançável. Havia entre os antigos um
conhecimento mais exato do estado do mundo espiritual do que entre os modernos,
segundo Kardec; pela razão de que estes materializavam os gozos de além-túmulo,
bem como suas penas. O Espiritismo discorda terminantemente disso, seja no
cristianismo, seja mesmo no islamismo. Diz Kardec sobre
certa nuança da vida depois da morte no Alcorão, Surata XXXVII, v. 39 a 47:
Sem dúvida se notará que os rios, as
fontes, os frutos abundantes e as sombras aí representam grande papel, por
faltarem sobretudo aos habitantes do deserto. Os leitos macios e as roupas de
seda, para gente habituada a dormir no chão e vestida com grosseiras peles de
camelo, também deviam ter grande atrativo. Por mais ridículo que tudo
isto nos pareça, pensemos no meio em que vivia Maomé e não o censuremos muito,
pois, com o auxílio deste atrativo, ele soube tirar um povo da barbárie e dele
fazer uma grande nação.
Que diria Kardec então sobre a
literatura de Chico Xavier e cia.? Que diria da comida, da bebida, das
moradias, dos perispíritos com “calor orgânico” e “pulsação regular” de André
Luiz? RIDÍCULO! Alguns querem situá-la numa transição
do Catolicismo para o Espiritismo. Mas não vejo que a maioria evolua de
Chico Xavier a Kardec; o contrário é que é considerado evolução, sem que
praticamente ninguém se dê conta de um tão colossal anacronismo. Ora! Da
refinada e cuidadosa concepção do mundo espírita, sem mescla em Kardec, até as
bizarras grosserias da literatura de Chico Xavier e quejandos não há senão uma
involução lamentável e grotesca.
De fato, o conceito de mundos
transitórios é coisa crua, até insólita inicialmente. Espíritos a viver em meio
ao caos dos elementos, até que a vida surja e se organize em planetas
temporariamente inférteis, soa um tanto estranho sem o adendo que Kardec adiciona
posteriormente: atmosfera espiritual, não mais a simples ação dos
pensamentos nos fluidos ambientes, mas regiões etéreas, meios de maior ou menor
pureza, que lhes servem de habitat post-mortem. As circunstâncias
em que a ideia de mundos transitórios ou intermediários é transmitida ao mestre
são, no mínimo, curiosas.
Ele desconfia de uma informação de
Chopin e lhe diz não compreender ser possível a espíritos errantes a execução
de peças musicais no além-túmulo. Mozart, instado por Kardec a dar explicações
sobre esse suposto fato, assegura compreender a hesitação do mestre; todavia
confirma o dito de Chopin e o justifica com a existência, para os seres
errantes, dessas espécies de bivaques, de campos onde descansem de
uma demasiado longa erraticidade, embora, com isso, em absoluto, não
responda ao que Kardec lhe pergunta. O mestre submete a questão a outro centro
espírita, no qual Santo Agostinho junta a essas as informações que definem como
mundos transitórios os planetas de superfície temporariamente
estéril, mas habitados por espíritos errantes; avança e diz que, em nosso
sistema, nenhum orbe existe nessa condição e que, só a Terra, durante sua
formação, foi um deles, também conhecidos àquela altura por mundos
intermediários.
Esta sinonímia permanece na Revista
e não passa explicitamente ao Livro dos Espíritos, no qual Kardec, na
verdade, promove uma espécie de harmonização dos ensinos de Mozart sobre campos
de descanso e os de Santo Agostinho a respeito de mundos transitórios. Isto se verifica sob o império da matemática, da física,
da química, da biologia e, neste caso, sobretudo, da astronomia. O contexto
cultural positivista é determinante para o julgamento de Kardec. Ante o
paralelismo vocabular entre Espiritismo e astronomia, ele assimila os campos de
descanso de Mozart aos mundos transitórios de Santo Agostinho, em cujo
ínterim, mais tarde, instala-se a temeridade das colônias espirituais. Não há
demérito de Kardec. Houve uma fatalidade. Essas ciências são matrizes
metafóricas fortíssimas; a tal ponto que o próprio Espiritismo teria abortado
se surgisse antes delas. Nenhuma surpresa, portanto.
As coisas findam por se definir
melhor no capítulo décimo quarto de A Gênese, no qual Kardec traça um
recorte epistêmico brilhante, em que deixa os espaços físicos, materiais,
ponderáveis, às ciências, e reivindica os domínios fluídicos, imponderáveis,
espirituais, para o Espiritismo. Com isso, os espíritos são postos, enfim, em
suas mais precisas fronteiras universais, que se estendem das superfícies
planetárias até as inumeráveis camadas fluídicas que as circundam. Tanto os
mundos transitórios de Santo Agostinho, quanto os campos de descanso de Mozart,
permanecem viabilizados, desde que não padeçam o embaraço reducionista
inicialmente provocado pelo paralelismo vocabular entre Espiritismo e
astronomia. Diz-se, aliás, que os espíritos estão no mundo espírita,
todavia, a ninguém acode o pensamento de que estejam propriamente noutro planeta,
ao menos não na superfície de algum deles. Assim, depois de erraticidades algo
penosas, tantas vezes acontecidas nas superfícies planetárias, ou nas regiões
fluídicas próprias de seus entornos mais imediatos, pode-se admitir sejam os
espíritos encaminhados a esses mundos, isto é, na verdade, a essas espécies
de bivaques, de campos de repouso também localizados na atmosfera
espiritual dos orbes, donde seguem, após períodos mais ou menos longos, em
geral, para a reencarnação. Nada, porém, que autorize o mundo espírita a
replicar a vida física em peripécias coloniais.
O Espiritismo espraia a vida
espiritual pelos “espaços infinitos povoados ao infinito”; o espaço que se
supõe vazio está cheio de uma matéria em estados que, de ordinário, escapam aos
nossos sentidos e instrumentos: esse é o mundo dos espíritos propriamente dito,
que interpenetra o universo físico e em tudo o transcende. Estima-se, aliás,
que a matéria conhecida represente apenas quatro por cento do universo, cabendo
vinte e seis por cento à matéria escura e, assustadores setenta por cento, à
energia escura. Pouquíssimo se compreende a respeito do que efetivamente
seriam.
Para além das nossas conjecturas, no
entanto, é bom que se saiba haver estas certezas inflexíveis, o grande legado
espírita a nossa modernidade atormentada pela doença de uma suspeita
sistemática ao extremo: 1) a alma do justo é recebida como um irmão bem-amado e
longamente esperado; a do mau, como um ser que se despreza; 2) segundo a
afeição que tenhamos mantido, quase sempre aqueles que conhecemos na Terra vêm
receber-nos, ajudar-nos em nossa libertação das faixas da matéria, depois do
que reencontraremos a muitos que havíamos perdido de vista, assim como veremos
outros espíritos que ali estarão, e os que se encontrarão ainda encarnados, que
poderemos, sim, visitar; 3) raro será que haja solidão, porque viveremos em
grupos, em famílias, unidos na similitude de tendências e propósitos, segundo
nossa elevação; 4) conforme nossas disposições evolucionais e até que não nos
haja mais proveito nisto, voltaremos a viver aqui, ou noutros mundos, rumo à
vida exclusivamente espiritual.
Referências Bibliográficas
Revista Espírita.
Mai/1859. “Música de Além-Túmulo” e “Mundos Intermediários ou Transitórios”, n.
3. O Livro dos Espíritos, 234 a 236.
O Livro dos Espíritos, comentário ao n. 317. Revista Espírita.
Maio/1859. Cenas da Vida Privada Espírita, ns. 20 a 22.
Fonte: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2013/05/o-espaco-e-os-mundos-nao-colonias.html
Assinar:
Postagens (Atom)