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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Homossexualismo na Visão Espírita


Homossexualismo na
Visão Espírita

Paulo da Silva Neto Sobrinho

“A homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação” (Xavier) Espírito Emmanuel 1

Introdução

Tema que ainda gera muita polêmica em nosso meio, surgindo naturais divergências de opiniões quando esse assunto entra em pauta. Mas intransigência, intolerância e falta de compreensão é o que se vê na maioria das pessoas que não conseguem vislumbrar que existe o outro lado da moeda. Falta a muitos a capacidade de ver nessas pessoas irmãos em doloroso estágio evolutivo.

Não percebem que o sofrimento deles é tanto que, em alguns casos, tiram-lhes a vontade de viver. Quantos já não abandonaram a vestimenta carnal, como fuga ao insuportável preconceito de que sofrem? Quantos não se isolam, entre quatro paredes, evitando o contato com a sociedade que lhes repelem como se estivesse diante de uma asquerosa doença contagiosa.

Ouvimos de várias pessoas que Kardec não fala sobre esse assunto, o que nos incentivou a pesquisá-lo em suas obras para ver qual é a realidade. Embora muitos, com certeza, não saibam que, mesmo sem falar especificamente sobre esse assunto, Kardec diz algo a esse respeito. Entretanto, como a maioria dos espíritas mal mal só lê o tal do “Pentateuco Kardequiano”, dificilmente irá encontrar a opinião do codificador do Espiritismo, pois somente na Revista Espírita é que ele faz sua abordagem ao tema.

Opinião de Kardec

Em janeiro de 1866, na Revista Espírita, quando analisa o assunto “As mulheres têm uma alma?”, ele diz o seguinte:

(...)

As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que as une nada têm de carnal, e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque são fundadas sobre uma simpatia real, e não são subordinadas às vicissitudes da matéria.

(...)

Os sexos não existem senão no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais; mas os Espíritos, sendo a criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, é por isto que os sexos seriam inúteis no mundo espiritual.

Os Espíritos progridem pelo trabalho que realizam e as provas que têm que suportar, como o operário em sua arte pelo trabalho que faz. Essas provas e esses trabalhos variam segundo a sua posição social. Os Espíritos devendo progredir em tudo e adquirir todos os conhecimentos, cada um é chamado a concorrer aos diversos trabalhos e a suportar os diferentes gêneros de provas; é por isto que renascem alternativamente como ricos ou pobres, senhores ou servidores operários do pensamento ou da matéria.

Assim se encontra fundado, sobre as próprias leis da Natureza, o princípio da igualdade, uma vez que o grande da véspera pode ser o pequeno do dia de amanhã, e reciprocamente. Deste princípio decorre o da fraternidade, uma vez que, nas relações sociais, reencontramos antigos conhecimentos, e que no infeliz que nos estende a mão pode se encontrar um parente ou um amigo.

É no mesmo objetivo que os Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; tal que foi um homem poderá renascer mulher, e tal que foi mulher poderá renascer homem, a fim de cumprir os deveres de cada uma dessas posições, e delas suportar as provas.

A Natureza fez o sexo feminino mais frágil do que o outro, porque os deveres que lhe incumbem não exigem uma igual força muscular e seriam mesmo incompatíveis com a rudeza masculina. Nele a delicadeza das formas e a fineza das sensações são admiravelmente apropriadas aos cuidados da maternidade. Aos homens e às mulheres são, pois, dados deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.

O Espírito encarnado sofrendo a influência do organismo, seu caráter se modifica segundo as circunstâncias e se dobra às necessidades e aos cuidados que lhe impõem esse mesmo organismo. Essa influência não se apaga imediatamente depois da destruição do envoltório material, do mesmo modo que não se perdem instantaneamente os gostos e os hábitos terrestres; depois, pode ocorrer que o Espírito percorra uma série de existências num mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, ele possa conservar, no estado de Espírito, o caráter de homem ou de mulher do qual a marca permaneceu nele. Não é senão o que ocorre a um certo grau de adiantamento e de desmaterialização que a influência da matéria se apaga completamente, e com ela o caráter dos sexos. Aqueles que se apresentam a nós como homens ou como mulheres, é para lembrar a existência na qual nós os conhecemos.

Agora vem o principal do texto, que fala exatamente do assunto que estamos tratando:

Se essa influência repercute da vida corpórea à vida espiritual, ocorre o mesmo quando o Espírito passa da vida espiritual à vida corpórea. Numa nova encarnação, ele trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, fará um homem avançado; se for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá, pois, sob essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos, as tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres. (RE 1866, pp. 3-4).

Foi-nos necessário colocar o texto um pouco mais longo, pois, caso contrário, a idéia de Kardec poderia não ficar bem clara. O pensamento de Kardec não deixa nenhuma margem à dúvida: “assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres”. Ora, se fala em “anomalias aparentes” é porque ele, Kardec, admite tais situações como dentro da normalidade, o que em outras palavras, poderíamos dizer como coisas completamente naturais.

Opinião de autores espíritas

Dr. Hernani de Guimarães Andrade, foi, segundo cremos, quando encarnado entre nós, o maior pesquisador brasileiro sobre o assunto reencarnação. Podemos ver sua opinião, a respeito desse assunto, em seus livros Espírito, Perispírito e Alma e Você e a Reencarnação, nos quais dedica, em cada um, um capítulo ao tema. Vejamos o que coloca nesse último:

Por que Reencarnação?

Em outubro de 1969, tomamos contacto com o primeiro caso de reencarnação por nós investigados, a pedido do Dr. Ian Stevenson. Daí em diante passamos a levantar e a investigar outros mais, por nossa própria iniciativa. Desse modo, em 1972, já nos encontrávamos familiarizados com essa área de pesquisa.

A leitura de diversas obras versando sobre a reencarnação e suas pesquisas científicas consolidou ainda mais a nossa crença de que, talvez, a reencarnação fosse uma das causas do homossexualismo, se não a única. Entre os autores que consultáramos figuraram: Muller (1970), Banerjee (1964, 1965) e Stevenson (1966).

Mas, naquela ocasião, não era só a explicação das causas do homossexualismo que visávamos descobrir. Na realidade, esperávamos obter também mais uma fonte de evidência de apoio à idéia da reencarnação. O plano inicial era, partindo da investigação por meio da regressão de memória, chegar à causa do comportamento homossexual do paciente. Seria uma explicação do homossexualismo e, ao mesmo tempo, uma evidência da reencarnação.

Outro ponto importante era fornecido pela pesquisa direta de casos de reencarnação efetuados por nós, com evidências da possibilidade de troca de sexos, e sustentados em base de relatos de casos semelhantes de outros investigadores.

Tudo apontava em direção à validade da nossa hipótese de trabalho. Em suma, a nossa suspeita de que a troca de sexo de uma encarnação para outra talvez fosse, em certas circunstâncias, a principal causa do homossexualismo, mas não a única, especialmente a do transexualismo parecia emergir cada vez mais clara.

Existem três modalidades de homossexuais

Para que o leitor ainda pouco familiarizado com a questão do homossexualismo, lembramos que, basicamente, distinguem-se três modalidades de homossexuais:

1 – O homossexual genérico, cuja característica fundamental é a atração sexual por pessoas do mesmo sexo. O homossexual possui o impulso erótico dirigido para indivíduos de seu próprio sexo.

No heterossexual esse impulso parece não depender exclusivamente da carga hormônica no organismo. O indivíduo castrado geralmente perde o apetite sexual, mas não muda a direção da atração pelo outro sexo.

No homossexual, embora muitos deles possuam órgãos sexuais normais, bem como cargas hormonais suficientes e com atividade sexual normal, verifica-se a impulsão erótica em direção aos indivíduos do mesmo sexo. Nestes casos, o homossexualismo pode ter-se desenvolvido em razão de outros fatores que não a troca de sexo proveniente da reencarnação. Tais fatores podem ser os familiares e educacionais. Há também os circunstanciais, resultantes de situações especiais como, por exemplo, promiscuidade em cárceres, internatos, conventos, comunidades místico-religiosas, iniciações em seitas esdrúxulas, etc. etc.

Os homossexuais podem formar pares (casais) em que um deles exerce o papel ativo nas relações sexuais. No caso do sexo masculino, esta diferenciação torna-se mais definida.

2 – O travesti é aquele indivíduo que procura assumir a aparência dos de sexo oposto. Nem todo travesti é sistematicamente homossexual, assim como nem todo homossexual é obrigatoriamente travesti.

3 – O transexual é a modalidade mais típica do homossexualismo. Neste caso, o indivíduo se sente uma pessoa de determinado sexo, ocupando um corpo físico do sexo oposto; uma mulher em um corpo masculino, ou um homem em um corpo feminino.

O transexual sugere fortemente a intervenção da reencarnação em sua ocorrência.

No transexual podem ocorrer alterações inatas fisiológicas e cromossômicas. Permitimo-nos deixar sem comentário esse aspecto, para não estender excessivamente o presente capítulo.

“Sankhârâ” e homossexualismo

Finalizando esse capítulo, pedimos licença para transcrever parte do Cap. X, do livro Espírito, Perispírito e Alma.

“...A realidade do Sankhârâ”, revela nos casos que sugerem reencarnação, favorece a hipótese de que pelo menos o transexualismo seja motivado por uma herança reencarnatória. Neste caso, se um indivíduo, que se reencarnou reiteradas vezes com um determinado sexo, vem a renascer com um sexo oposto, ele provavelmente sofrerá problemas do gênero transexualismo. Pelo menos há grande possibilidade de isto ocorrer.

A troca de sexo de uma encarnação para outra pode não ser exclusivamente a causa do homossexualismo, pois vários fatores educacionais poderiam contribuir para despertar no indivíduo as tendências sepultadas nas profundezas do seu inconsciente espiritual. Deve ter-se em conta, também, outras variáveis que possam influir na equação que define o homossexualismo em função do “Sankhârâ”. Assim, por exemplo, apontamos duas imediatamente evidentes: 1) o tempo que o indivíduo passou desencarnado (intermissão); 2) o número de vezes que ele renasceu e viveu tendo um determinado sexo. A intermissão muito prolongada apaga muitos “Sankhârâs”, especialmente aqueles que poderiam gerar as “birthmarks” resultantes de ferimentos, malformações, moléstias graves, etc. É possível que as fontes características sexuais se atenuem com uma demorada intermissão. Por outro lado, a reiterada repetição de um mesmo tipo de sexo pode contribuir para acentuar as tendências do indivíduo a determinado comportamento sexual. Se, em sucessivos renascimentos, ele alternou os sexos, talvez seu comportamento sexual venha a depender sobretudo da educação recebida durante a infância e juventude. Isto porque ele é portador aproximadamente de igual carga de sexualidade masculina e feminina. Talvez seja este o motivo pelo qual o número de homossexuais parece aumentar à medida que o meio social se torna mais tolerante e menos repressivo. Os indivíduos com maior tendência em relação a um dado comportamento sexual e que poderiam proceder normalmente, serão estimulados pelas facilidades do meio social a mudar de atitude. Antigamente a educação muito rígida e repressiva contribuía para enquadrar o indivíduo ambisséxuo, em seu sexo natural. (Andrade, 1984, pp. 227-229)”. (Andrade, 2002, pp. 113-117)

As colocações do Dr. Hernani além de coerentes são sensatas não fugindo ao que Kardec disse. Em nenhum de seus dois livros, ele citada a conclusão a que chegara o codificador do Espiritismo, fato esse que também percebemos em todos autores espíritas que trataram dessa matéria.

Agora iremos ver a opinião de outro autor que fala sobre o assunto. Trata-se do Dr. Roberto Lúcio Vieira de Souza, foi no triênio 2001/2003 o Vice-Presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil, atualmente (2004) exerce a função de Assessor de Pesquisas da AMEMG – Associação Médico Espírita de Minas Gerais, num artigo intitulado A Visão Espírita da Homossexualidade, publicado na Revista Cristã de Espiritismo, faz interessantes colocações a respeito das causas desse tipo de comportamento. Vejamos:

(...) tentamos classificar, do ponto de vista doutrinário, as causas da homossexualidade em: morais, educacionais, obsessivas e psiquiátricas.

Causas morais

No campo das causas morais, encontramos aquelas criaturas que abusaram das faculdades genésicas tanto da posição masculina como da feminina, arruinando a vida de outros indivíduos, destruindo uniões e lares diversos. Elas são induzidas a procurarem uma nova posição ao reencarnarem, em corpos físicos opostos às suas estruturas psicológicas, a fim de que possam aprender, em regime de prisão, a reajustarem seus próprios sentimentos.

Encontramos também aqueles que persistem nessas práticas por uma busca hedonista, sem maior compromisso com a vida, que reencarnam assim na tentativa de retratarem suas posições em nova chance de resgate. São espíritos rebeldes, pertinazes em seus erros, que encontram na questão da inversão sexual uma oportunidade para o refazimento de suas vidas, na qual a lei divina lhes coloca diante de situações semelhantes ao passado de faltas, cobrando-lhes posturas mais éticas perante si e o outro.

Causas educacionais

As causas educacionais podem ser agrupadas em atávicas e atuais. A atávica é resultado de vivências repetitivas dos espíritos em culturas e comunidades onde a prática homossexual seria aceita e até estimulada, como na Grécia antiga e em certas tribos indígenas, ou nas sociedades culturais e religiosas que segregavam ou segregam seus membros, facilitando esse comportamento nas criaturas. Assim, ao reencarnarem em um local onde o homossexualismo não fosse mais aceito como prática livre, esbarrariam em sua condição viciosa.

Já dentro das atuais, temos aquelas causas advindas dos defeitos de educação nos lares, onde o comprometimento dos afetos já estaria presente anteriormente, em que as paixões deterioradas do passado tendem a levar pais e parentes ascendentes a estimularem posturas psicológicas e sexuais inversas ao seu estado físico em seus descendentes, sem que necessariamente ocorressem comportamentos ostensivamente incestuosos. Encontramos também os casos de pais contrariados em seus desejos quanto ao sexo do rebento, levando-o a uma condição inversa do de seu sexo físico ou aqueles dos quais a entidade reencarnante, ao perceber esse desejo inconsciente dos pais, busca se adaptar patologicamente a essa situação durante o processo de gestação.

Outra causa está na presença de segmentos atuais da sociedade e da cultura estimulando esse tipo de conduta, quando uma linguagem mais política e sem qualquer comprometimento ético, através dos vários meios de comunicação de massa, estimula e condiciona as criaturas a acreditarem que essas vivências seriam uma postura natural, dependendo unicamente da escolha realizada pelo indivíduo. Esse posicionamento vai de encontro a uma visão social mais ampla, que continua atribuindo ao homossexualismo uma condição de marginalidade, mantendo um processo de segregação social e associando a ele outras posturas marginalizadas, como o abuso das drogas e a prostituição, agravando ainda mais a situação daqueles que optaram por esse caminho sexual.

Causas obsessivas

Entre esse tipo de causa, podemos citar os casos em que parceiros do passado delituoso, em processos homossexuais ou vivências heterossexuais pervertidas, reencontram-se em condição de ódio ou paixão doentia, estimulando uma postura homossexual no encarnado como objetivo de atender o desencarnado em seus anseios viciosos ou de levar sua vítima para uma situação constrangedora e de intenso sofrimento. Esses desencarnados poderiam estar em uma condição mental de homossexualidade ou não, induzindo o encarnado em um projeto de total desestruturação íntima e social.

O processo obsessivo não precisa necessariamente ter sua origem em uma encarnação anterior. Ocorre que, nos casos de uma obsessão atual, os parceiros da vivência patológica participam de opções de vida viciosas, onde geralmente o encarnado invigilante busca posições mentais sexualmente pervertidas ou locais nos quais esses comportamentos são socialmente aceitos, condicionando-se a essas práticas.

Uma outra situação possível, oriunda de um processo obsessivo, seria aquela na qual um espírito obsediando um encarnado em posição sexual inversa à sua, enfermado por uma interação intensa e duradoura, passa a sentir prazer sexual semelhante à sua vítima, pervertendo-se nesse campo e se condicionando a uma vivência homossexual em uma próxima encarnação. Nesses casos, a situação obsessiva teria existido em uma encarnação anterior e a homossexualidade seria a desdita daquele que teria sido o algoz naquela vivência. Seria o famoso caso em que “o tiro saiu pela culatra”.

Causas psiquiátricas

São causas que reúnem casos nos quais a criatura, presa a um processo de deficiência mental ou de desestruturação psicótica, vê-se com a crítica comprometida, permitindo-se condutas sexuais das mais diversas, sem necessariamente existir uma escolha do objeto de desejo ou compreensão da condição moral. São relações homossexuais sem necessariamente representarem opções de homossexualidade. Resultam de um passado delituoso em outras áreas que influenciam a criatura nos vários setores de sua vida.

No campo da psicopatologia, encontramos ainda os transtornos psicopáticos, nos quais as criaturas se posicionam em uma condição de amoralidade e imoralidade, optando por uma vida de prazeres sem limites, não se constrangendo na busca do hedonismo por nenhum motivo, estimulando a homossexualidade em si e nas criaturas psiquicamente influenciáveis.

De maneira especial, temos os processos gerados por vivências traumáticas na infância, quando a criança seduzida sexualmente por um de seus ascendentes familiares viu-se condicionada por ele a adotar um comportamento sexual invertido (como, por exemplo, um pai que utiliza sexualmente um filho) ou, então, quando o jogo de sedução e perversão realizado por parentes de sexos opostos provoca uma situação de ódio intenso, levando a criança ou o jovem a fazer uma opção pela homossexualidade como forma de rejeitar aquela vivência. (pp. 40-45)

Essas causas identificadas pelo Dr. Roberto, nos dão uma dimensão totalmente diferente da simplicidade que muitos pensam ser a opção sexual de uma pessoa. Como vimos existem fatores que, fugindo totalmente ao controle do encarnado, poderão influir nessa questão, daí, segundo, pensamos a homossexualidade não poderá ser vista como coisa pervertida, cujos praticantes a fazem por lhes faltar o senso moral.

Alguns autores espíritas não se alinham à idéia de que o homossexualismo possa ter como causa a mudança de sexo entre uma encarnação e outra. Fora as opiniões acima, ainda poderemos, para reforçar essa idéia, o que encontramos no livro Ação e Reação, André Luiz na psicografia de Chico Xavier. Leiamos:

(...) Considerando-se que o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser, é natural que o Espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos nas linhas evolutivas da mulher, e que o Espírito marcadamente masculino se detenha por longo tempo nas experiências do homem. Contudo, em muitas ocasiões, quando o homem tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus, ocorrendo idêntica situação à mulher criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à delinqüência, cria para si mesma terrível alienação mental para além do sepulcro, requisitando, quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas teias do infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante o Senhor. Nessa definição, porém, não incluímos os grandes corações e os belos caracteres que, em muitas circunstâncias, reencarnam em corpos que lhes não correspondem aos mais recônditos sentimentos, posição solicitada por eles próprios, no intuito de operarem com mais segurança e valor, não só o acrisolamento moral de si mesmos, como também a execução de tarefas especializadas, através de estágios perigosos de solidão, em favor do campo social terrestre que se lhes vale da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e no progresso espiritual. (Ação e Reação, p. 209).

Opinião de quem viveu o problema

Vamos transcrever do site Portal do Espírito um trecho de um artigo publicado na Revista de Espiritismo, nº 39, abr-mai-jun1998, do autor Luiz de Almeida. Leiamos:

Para melhor entendermos o drama da homossexualidade, citamos depoimentos de dois espíritos (2). Isso porque poderão contribuir para esclarecer certas partes desta tendência.

CASO 1: Eu fui lésbica. Dentro do meu corpo de mulher, sentia-me um homem. Desde pequena, os meus pendores foram todos masculinos. Menina, e os meus companheiros de peraltagem eram os meninos, tanto que minha mãe repetia: Não sei a quem me saiu a Laurinha; é peralta como um menino, está sempre no meio deles; coisa feia. E assim era: em qualquer reunião raramente me encontrava entre minhas amiguinhas. Porém, nos grupos de rapazes, lá estava eu, não como mulher, mas como homem, que intimamente me parecia ser.

Veio-me a menstruação; sofri horrores que se repetiam mês após mês. Completei 15 anos. Eu era bonita de rosto, conquanto desgraciosa de corpo. E os meus pais chamaram-me em particular:

— De agora em diante, evita estar tanto entre os moços; tens coleguinhas... porquê isso?

— Mas, mamãe, não gosto das conversas delas, de vestidos, de modas, de sapatos, de batons, de penteados, de namoradinhos. Eu, por mim, cortaria os meus cabelos como homem, e vestiria calças.

A minha resposta desgostou-os. Mudei: apaixonava-me facilmente por meninas e mulheres casadas. Deliciava-me freqüentar o vestiário de meu clube; contemplando aqueles corpos nus, lavando-se, esfregando-se, enxugando-se, muitas vezes, surpreendia-me exclamando: Ah, se eu fosse homem! Viciei uma prima; além do prazer que ela me proporcionava, dava-me a sensação de ser verdadeiramente um homem. Descobriram-me, e passei a ser vigiada. Evitam-me. O meu pai tratava-me com rispidez.

Uma fria solidão envolvia-me. Mesmo assim, casei-me. Não lhes descreverei o horror do sofrimento íntimo que senti na minha noite de núpcias; foi pasmoso. O meu esposo tinha-me nos braços e acariciava um corpo de mulher, dentro do qual se escondia o espírito de um homem. E durante as carícias, enlaçada pelo meu marido, que me abraçava e me beijava, quantas vezes tive ímpetos de repeli-lo e gritar: Eu também sou um homem! Jamais ele o percebeu; fui-lhe fiel até ao fim. A nossa união durou 15 anos; não tivemos filhos.

O meu marido enviuvou, e contraiu segundas núpcias, desta vez com uma autêntica mulher, de corpo e alma. Desencarnado, compreendi o porquê dessa encarnação como mulher; porque eu, um espírito masculino, fora embutido — sim, embutido é o termo certo —, num corpo feminino. Por quatro encarnações consecutivas, eu erigira o sexo como o supremo fim de um homem. A mulher para mim era um objeto, um mero instrumento de prazer, de gozo. Quando uma me saciava, atirava-a para um canto qualquer, e servia-me de outra. Jamais lhes respeitava a dignidade. Jamais as reconhecera como mães, esposas, irmãs. E nos intervalos de minhas encarnações, em vez de me corrigir, freqüentando as escolas correcionais da Espiritualidade, para o que não me faltaram convites, associava-me a hordas maléficas, cujo escopo era implantar o domínio do sexo. Até que, por ordem superior, encaminharam-me de forma compulsória aos engenheiros maternais, que me agrilhoaram a um corpo feminino a fim de que eu aprendesse a valorizar a mulher. Felizmente tão dolorosa experiência valeu-me.

Corrigi-me. Não só aprendi a valorizar a mulher como a divinizá-la no seu papel de mãe, de esposa, de irmã. Voltei à minha forma masculina. Trabalho agora no sector de socorro aos náufragos do sexo. Quando soar a hora, tornarei à Terra no corpo de homem normal, e saberei respeitar a mulher no altar sagrado do casamento. Claro que o meu carma não será tranqüilo, e as vicissitudes que por certo virão, em que pese gerar aflições, serão lições valiosas. E ao depararem com homens e mulheres transviados do sexo, compaixão, muita compaixão para com eles.

CASO 2: Eu fui uma prostituta em seis encarnações sucessivas. A primeira foi num navio pirata. Apanharam-me numa razia contra nossa cidadezinha na orla do Mediterrâneo; com o saque e outros cativos, embarcaram-me numa caravela. Eu era jovem e bonita. Um dia, o comandante atraiu-me para o seu camarote. Percebi-lhe a intenção. Eu já tinha os meus planos, e antes que ele tomasse a iniciativa, adiantei-me: Saiba que sou uma virgem. Quanto dá por minha virgindade? Dirigiu-se a uma das arcas ao pé do leito, abriu-a; estava cheia de jóias preciosas, produto de pilhagens. Colocou um punhado delas sobre a mesinha à minha frente. É pouco, disse-lhe com firmeza. Mergulhou ambas as mãos na arca, e pô-las sobre as primeiras. É o bastante.

Ainda por muitas vezes lhe arranquei peças de valor. Logo que o notei farto de mim, entreguei-me aos outros marujos, a troco de ouro, que todos possuíam. Desembarquei em porto europeu, rica, e dediquei-me ao meretrício de alto luxo.

Vejo-me agora reencarnada na França, na época do I Império. Sou dama da corte. E, para obter honrarias, jóias, luxo, prostitui-me não abertamente, mas entregando-me aos cortesãos que servissem aos meus intentos.

A terceira reencarnação foi em Portugal. Casei-me com um caixeiro modesto em pequena cidade portuguesa. Abandonei-o e transferi-me para Lisboa, onde montei casa de tolerância, desgraçando mocinhas ingênuas, e desencaminhando pais de família.

Na minha quarta reencarnação, ainda em Portugal, não me sujeitando a uma pobreza digna, tão logo me emancipei, comercializei o meu corpo. E, por isso, a minha mãe finou-se de desgosto. Como cobra venenosa, atraía a mocidade da nobreza, sugando-lhe impiedosamente os haveres e até a honra, em luxuoso prostíbulo no Rio de Janeiro, no tempo do império.

Na minha quinta reencarnação, no início do século XX, ainda no Rio, aos 14 anos já me envolvia no meretrício. De nada me adiantavam os intervalos de minhas reencarnações. Não dava ouvidos a espíritos benévolos que me queriam afastar dessa vida imunda. Endurecida no vício, filiava-me a grupos de obsessores sexuais, e praticava desatinos vampirescos com encarnados que aceitavam minhas sugestões.

Até que engenheiros maternais decidiram aplicar-me a corrigenda cabível. Estudaram minuciosamente o meu passado, submeteram-me a rigoroso exame psíquico, e concluíram que só havia um remédio para mim, posto que amargo: reencarnar em corpo masculino, tantas vezes quantas as necessárias. A petição seguiu para instância superior e foi aprovada.

E eu, mulher, espírito essencialmente feminino, reencarnei-me em corpo de homem, no Rio de Janeiro, como quarto e último filho de um casal da classe média, remediados.

Hoje sei dos motivos que teve este casal para me receber como filho; porém, não vem ao caso mencioná-lo. Bem cedo começaram os meus martírios. Eu adorava brincar com meninas, evitava os meninos. Na escola ouvia os ditérios dos colegas; e ao ir ao quadro dar a lição, a classe ria-se ante o meu andar feminil. Durante o recreio, escondia-me. Com a idade, mais se acentuou minha inclinação feminina: parava diante das vitrinas de modas e das de jóias, e extasiava-me a admirar os vestidos, os sapatos, as meias, os colares, os brincos, os braceletes, tudo, enfim que pertencesse à toilette da mulher. Por vezes, ansiava ir à cabeleireira maquiar-me, e a custo reprimia-me. O meu pai não me aceitava; os meus irmãos detestavam-me e repeliam-me; a minha mãe, pobrezinha, era o meu único refúgio. Consolava-me, acariciava-me, infundia-me ânimo, abraçava-me.

A solidão embrulhou-me no seu pesado manto. Certa vez, atraído por um homem, fui com ele ao seu apartamento. O horror, o nojo que isto me causou vós não podeis imaginar. Quis tornar-me seu amante; tive dificuldades em livrar-me dele. Para vós terdes uma idéia do meu suplício de espírito feminino num corpo masculino, faço uma comparação: havia outrora um instrumento de tortura, que consistia numa caixa de ferro, mais ou menos no formato de um homem, em cuja porta, do lado de dentro, se engastavam punhais. O condenado era encaixado nessa caixa, e nela ficava por dias e dias à espera que o carrasco recebesse ordem de fechar a porta, quando era trespassado pelas lâminas. Todavia, raramente o corpo do condenado se amoldava à caixa; e então os verdugos o ajustavam à força naquele aparelho, no qual com corpo horrivelmente comprimido, aguardava o fechar da porta, cessando o seu tormento. O condenado à tortura da máscara era mais feliz do que eu: o sofrimento dele durava poucos dias; o meu durou 68 anos, que se arrastaram como uma eternidade.

Jamais me passou pela cabeça a idéia do suicídio, ou de me prostituir, felizmente. Agüentei firme o rojão, como se diz popularmente.

Uma tarde, de volta a casa, um grupinho de estudantes vadios pôs-se a chacotear-me. Para fugir deles, entrei na primeira porta que vi aberta; subi pequena escada, e achei-me num vasto salão; muitas pessoas lá estavam; sentei-me entre elas. Era a Federação Espírita Brasileira. Explicaram-me e entendi que o acaso não existe, e o fato de ali entrar é porque por certo encontraria lenitivo. Passei a freqüentar aquela casa, onde conquistei muitos amigos e amigas. Os passes e a água fluidificada fizeram-me muito bem, e assim a minha solidão foi suavizada.

Eu não trabalhava; tive vários empregos, mas na ocasião, o meu problema não era tolerado como hoje em dia (embora seja uma tolerância falsa e aparente) sendo despedido de todos. Quem sempre me socorria e socorreu foi a minha mãe, fornecendo-me algum dinheiro. Os meus irmãos casaram-se; os meus pais desencarnaram. Envelheci.

Vivi penosamente de minguado benefício que me tocou por herança. Fui morar num telheiro, mal transformado em quarto, no fundo do quintal da casa de um dos meus irmãos, com ordem expressa de não me mostrar a visitas fossem quem fossem. Proibiram-me de ter intimidades com os meus sobrinhos. Mais tarde, recolheram-me a um asilo, onde desencarnei.

Acordei, não sei depois de quanto tempo, em um quarto hospitalar. Tão logo me mexi na cama acorreu uma enfermeira gentil que me disse:

— Tudo bem, minha irmã, não se impressione!

-— Irmã?... murmurei arregalando os olhos. Ela não me respondeu, mas ajeitou-me a coberta, sorrindo.

Hoje estou plenamente integrada nos meus predicados femininos.

Regenerei-me. Faço parte do Grupo de Socorros das Servas de Maria Madalena, que se dedica ao reerguimento das infelizes que resvalam pelo abismo escuro da prostituição.

(2) - Extraído do Boletim Eletrônico n.º 258 de 1997 do GEAE (Grupo de Estudos Avançados de Espiritismo).

Esses dois depoimentos molduram muito bem o drama íntimo de muitos que vivem a prática sexual com parceiros do mesmo sexo que o seu. Deveremos refletir sobre esse assunto, e tentar entender que, em sua grande maioria, eles vivenciam insuperável conflito interno. Percebemos que, como já foi evidenciado anteriormente, alguns casos não há escolha deliberada, os indivíduos são levados a essa pratica por fatores que fogem completamente ao seu controle.

Conclusão

Tentamos fazer um levantamento sobre o assunto em pauta, procurando dar, a você leitor, instrumentos para uma possível reavaliação do que poderia estar pensando sobre isso.

Considerando que os Espíritos não tem sexo podemos concluir que o impulso sexual reside no próprio espírito, sendo o corpo físico apenas o veículo de sua instrumentalização. Assim, não seria absurdo dizermos que ao reencarnar o Espírito traz dentro de si as duas polaridades sexuais, daí ser necessário rever conceitos sobre o homossexualismo entre os seres humanos.

Apesar de que para muitos isso não ser natural, advogamos ser, pela razão de que podemos encontrar esse tipo de comportamento entre os animais, embora suas causas possam ser absolutamente diferentes das que poderíamos atribuir aos seres humanos. O que defendemos é que se há essa ocorrência entre os animais não vemos porque taxar como perversão todos os casos de homossexualismo que acontecem entre nós, os humanos. E definindo o que é natural é tudo aquilo em que não há trabalho ou intervenção do homem. Além desse significado o Aurélio ainda nos indica: inato, ingênito, congênito. Se uma pessoa já trás de nascença alguma tendência para a prática homossexual, por que então crucificá-lo, já que a própria natureza ou pela lei de causa e efeito ou pela do progresso, é a origem do seu problema?

Há quem diga, que não devemos nos comparar aos animais, entretanto, em algumas situações não há como fugir dessa comparação. Os animais, comem, dormem, fazem sexo, e inúmeras outras coisas que nós os humanos também fazemos, é por isso, que enxergamos isso como coisa da natureza. O que não significa dizer que os que assim se comportam não devam se esforçar para mudar, apenas não vemos nenhuma situação para se ter qualquer tipo de preconceito a pessoas que assim agem.

Ana Paula Corradini, numa reportagem na Revista dos Curiosos, intitulada Eu quero é sexo!, coloca a certa altura:

O prazer homossexual

Outro comportamento registrado entre os bonobos é o das relações homossexuais: as fêmeas adultas enroscam pernas e braços ao redor uma das outras e esfregam suas genitais, emitindo ruídos de contentamento. Os machos penduram-se em galhos e friccionam os pênis eretos. O lesbianismo já foi constatado em onze espécies, mas o homossexualismo não é só notado em primatas. Ele existe entre golfinhos, zebras, gaivotas, pingüins, felinos e até baleias. Muitos estudiosos afirmavam que isso só poderia acontecer em uma situação de confinamento, como entre dois pingüins machos que, por ventura, fossem colocados a sós em uma jaula no zoológico. No entanto, a conduta ocorre também na natureza, mesmo em bandos em que há machos para todas as fêmeas e vice-versa. Ainda não existe um consenso para explicar o porquê dessa opção. “Os animais não se tornam homossexuais por falta de parceiros, mas pela alternativa de se obter prazer”, afirma Eduardo Cunha Farias (...) O homossexualismo no reino animal passou a ser discutido mais abertamente após o lançamento do livro Biological Exuberance – Animal Homosexuality and Natural Diversity (Exuberância Biológica – Homossexualidade Animal e Diversidade Natural), do biólogo norte-americano Bruce Begamihl, em 1999. O autor descreveu casos de homossexualismo entre 450 espécies, em sua maioria mamíferos e aves. (p. 50)

Está aí a comprovação desse acontecimento na natureza, o que, para nós, justifica a mudança de atitude em relação aos homossexuais que existem no nosso meio.

Por outro lado, também gostaríamos de saber dos que alimentam preconceitos contra os homossexuais se também o teriam pelos heterossexuais que, em atividades sexuais viciosas, fazem sexo até mesmo com animais, fato que todos sabemos que acontece, mas fingimos de peixe morto.

Muitos advogam que na pratica sexual tradicional entre um homem e mulher há troca de energias, para fazer disso uma arma conta as relações sexuais homossexuais. Não duvidamos que numa relação sexual há troca de energias entre o homem e a mulher, mas perguntamos: isso ocorre em todas as situações? Mesmo que um dos dois a pratique por prostituição? Será que poderia haver troca de energias, quando o casal, saindo dessa prática sexual tradicional, pratica o sexo oral e anal? E aqui, por acreditar que aquilo que podemos encontrar na natureza é perfeitamente natural, afirmamos então, que: a prática do sexo oral e anal, entre os casais, como não a encontramos na natureza, obviamente, para nós, não se trata de uma coisa natural. Embora, também não vamos dizer que seja imoral. Por outro lado, não poderia um homem viciar sua mulher na prática sexual anal de tal forma que na encarnação seguinte ela, mesmo habitando um corpo físico masculino, mantenha seu impulso sexual canalizado para essa zona erógena, agindo assim como homossexual?

Para demonstrar que nem todos discriminam, e que, graças a Deus, muitos não admitem esse preconceito, apenas buscam respeitar a opção pessoal de cada um, o que não significa, necessariamente, concordar com tais práticas, fecharemos nossa pesquisa com a opinião de alguns desses autores:

José Herculano Pires: “os casos de homossexualismo adquirido, não-congênito ou constitucional, de classificação psiquiátrica, decorrem de fatores educacionais mal dirigidos ou de influências diversas, posteriores ao nascimento, que dão motivo à sintonia do paciente com espíritos obsessores vampirescos. O problema sexual é extremamente melindroso, pois tanto o homem quanto a mulher dispõem de tendências de ambos os sexos, podendo cair aos desvios provocados por excitação de após nascimento” (Mediunidade, p. 141).

Drauzio Varella: “... O espectro da sexualidade humana é amplo e de alta complexidade, no entanto, vai dos heterossexuais empedernidos aos que não têm o mínimo interesse pelo sexo oposto. Entre os dois extremos, em gradações variadas entre a hetero e a homossexualidade, oscilam os menos ortodoxos”.

“Como o presente não nos faz crer que essa ordem natural vá se modificar, por que é tão difícil aceitarmos a riqueza da biodiversidade sexual de nossa espécie? Por que insistimos no preconceito contra um fato biológico inerente à condição humana?”.

“Em contraposição ao comportamento adotado em sociedade, a sexualidade humana não é questão de opção individual, como muitos gostariam que fosse, ela simplesmente se impões a cada um de nós. Simplesmente é!”. (www.drauziovarella.com.br)

Chico Xavier: em resposta às perguntas: como encara o espiritismo o problema da homossexualidade? Qual a melhor atitude da sociedade frente a essa ocorrência?

- “Acreditamos que o tempo e a compreensão humana traçarão normas sociais susceptíveis de tranqüilizar quantos se vinculam a semelhante segmento da comunidade, assegurando-se-lhes a benção do trabalho com o respeito devido a todos os filhos de Deus (...) Até que isso se concretize, não vejo qualquer motivo para críticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com os nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver claramente iguais às tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas”.

“Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender por que razão esse ou aquele preconceito social impedirá certo número de pessoas de trabalhar e de serem úteis à vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. (...) Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada missão que a Divina Providência lhes delega, desprezarem um filho porque haja nascido cego ou mutilado. Seria humana e justa a nossa conduta em padrões de menosprezo e desconsideração, perante os nossos irmãos que nascem com dificuldades psicológicas?”. (www.espirito.org.br, texto de Luiz Almeida intitulado: Homossexualidade).

Hernani Guimarães de Andrade: O homossexualismo não deve, pois, ser classificado como uma psicopatia ou como um comportamento merecedor de discriminação ou medidas repressivas. O homossexual, especialmente o “transexual”, merece toda a nossa compreensão e ajuda, para que ele possa vencer sua luta de adaptação ao novo sexo adquirido com o renascimento. Alguns homossexuais poderão ser reorientados, de maneira a se comportarem normalmente dentro dos padrões impostos pelo meio social. Entretanto, igual reorientação é necessária aos que se dizem normais para que se compenetrem da necessidade de respeitar e aceitar fraternalmente os homossexuais. (Espírito, Perispírito e Alma, pp. 228-229).

Richard Simonetti: ao responder à questão: Ele [o homossexual] pode ser acolhido como colaborador do Centro Espírita, trabalhar como médium, por exemplo?, diz: Condenável qualquer discriminação. Não há porque vedar-lhe essa possibilidade, a não ser que esteja envolvido em relacionamento promíscuos. Essa mesma restrição estende-se ao heterossexual. A promiscuidade, herança das tendências à poligamia que ainda caracterizam o ser humano, inspirando o comportamento irresponsável, é incompatível com as atividades espirituais. (Reencarnação - tudo o que você precisa saber, p. 124).

Divaldo Pereira Franco, psicografando Joana de Angelis diz: Outro fator que merece análise é o da identidade sexual. Há jovens que logo definem e aceitam a sua natureza essencial, masculina ou feminina. Nessa oportunidade surgem os conflitos mais fortes do transexualismo e do homossexualismo, alguns deles como resultado de fatores genéticos, trabalhados pelo Espírito na constituição do corpo através da reencarnação, que se utilizou do perispírito para a modelagem da forma orgânica, outros como efeito da conduta familiar ou social, e, outros mais, ainda, pela necessidade de ser trabalhada a sexualidade como diretriz preponderante para a aquisição de recursos mais elevados e difíceis de conquistados.

Quando essa identidade sexual é prematura, o adolescente sofre de um efeito apenas biológico, sem preparação psicológica para o comportamento algo estressante. Quando atrasada, reações igualmente psicológicas podem levar a uma hostilidade ao próprio corpo como ao dos outros.

A identificação sexual do indivíduo equilibrado faz-se definir quando se harmonizam a expressão biológica – anatômica – com a psicológica, expressando-se de forma natural e progressiva, sem os choques da incerteza ou da incapacidade comportamental diante da realidade do fenômeno sexual. (Adolescência e Vida, Divaldo P. Franco, pp. 70-71).

J. Raul Teixeira, psicografando Camilo: Provenientes dos recônditos da alma, onde se alocam reminiscências de desrespeito e de crimes hediondos, cometidos contra as leis morais que são presentes nas consciências humanas, ou, por outro lado, decorrentes de processos educacionais deletérios que se apoiaram em inclinações morais deficitárias, ainda não suficientemente amadurecidas para a verdadeira liberdade, os dramas homossexuais têm lugar na intimidade das criaturas, largamente.

Motivados, ainda, por terríveis programas obsessivos, que antigos inimigos desencarnados engendram por vingança ou, ainda, decorrentes de perturbações psiquiátricas não devidamente diagnosticadas, explodem quadros homossexuais, aqui e acolá.

A situação vem se tornando tão comum que, ao largo do tempo, vem sendo admitida como terceiro sexo ou como opção normal daqueles que assim almejam viver.

Desembocam no estuário dos conflitos da homossexualidade infindáveis gravames assinalados nos arquivos extra-cerebrais, provenientes de passadas reencarnações, quando o abuso do próprio corpo e dos corpos alheios, a agressão à própria constituição emocional e às constituições alheias determinaram os torturantes quadros de agora, na esfera da sexualidade.

Ninguém suponha que tais conflitos não se estendam do mesmo modo, nas esferas heterossexuais, uma vez que os Espíritos que se movimentam sobre a Terra, com poucas exceções, carregam complexos problemas na área sexual, carecendo reestruturar-se, renovar-se, a fim de valorizar tão sublime fonte de estesias que a Divindade ensejou as Suas criaturas com o objetivo feliz, na cooperação junto à obra Universal.

O fenômeno homossexualismo, em si mesmo, impõe aos que por ele estão assinalados, um regime de imperiosas disciplinas em sentido amplo, capazes de ensejar à alma, se atendidas, bênção de venturas crescentes a projetarem luzes de paz, de harmonia para o amanhã.

Quem disse que será crime ou pecado que um homem a outro homem ame?

Onde a condenação para o amor e o afeto entre as mulheres?

O amor, devidamente compreendido, é a energia que nos diviniza, é o traço que nos liga ao Criador, impulsionando-nos a espalhar a Sua vontade pelo Universo.

Não cogitamos aqui desse arremedo de amor com que o vulgo resolveu apelidar as práticas carnais do sexo, mas cogitamos desse Amor que é o próprio Deus, que faz com que na sexualidade a criatura humana se torne co-criadora com o seu Criador,

O drama que se instala nas vidas terrenas é que não estão aptos aos indivíduos a vivenciarem o Amor que sensibiliza a alma, que imprime sentimentos de renúncias felizes, que enleva, que renova, forjando saúde e plasmando vida plena.

Amar jamais será desaconselhável seja entre quem for. Não obstante, o homossexual não necessitará mergulhar nos pântanos da pederastia, tampouco as homossexuais carecerão perder-se nos viscos do lesbianismo, nas voragens da relação carnal.

Se um companheiro ou uma companheira percebe em si as inclinações homossexuais, que procure identificar nisso os gritos da expiação, induzindo à educação para que a vida seja vitoriosa.

O amor, o entendimento, a prestação de serviços, a comunhão idealística, tudo isso contribuirá para a gradativa liberdade do ser. (Educação e Vivências, J. Raul Teixeira, pp. 73-75). (grifos do original).

Chico Xavier, psicografando André Luiz: (...) Empenhou-se a repetir que na Crosta Planetária os temais sexuais são levados em conta, na base dos sinais físicos que diferenciam o homem da mulher e vice-versa; no entanto, ponderou que isso não define a realidade integral, porquanto, regendo esses marcos, permanece um Espírito imortal, com idade às vezes multimilenária, encerrando consigo a soma de experiências complexas, o que obriga a própria Ciência terrena a proclamar, presentemente, que masculinidade e feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico. Homens e mulheres, em espírito, apresentam certa percentagem mais ou menos elevada de característicos viris ou feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidade de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social.

Tendo Neves formulado consulta sobre os homossexuais, Félix demonstrou que inúmeros Espíritos reencarnam em condições inversivas, seja no domínio de lides expiatórias ou em obediência a tarefas específicas, que exigem duras disciplinas por parte daqueles que as solicitam ou que as aceitam. Referiu ainda que homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, como são suscetíveis de retomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação, aditando que a alma reencarna, nessa ou naquela circunstância, para melhorar e aperfeiçoar-se e nunca sob a destinação do mal, o que nos constrange a reconhecer que os delitos, sejam quais sejam, em quaisquer posições, correm por nossa conta. À vista disso, destacou que nos foros da Justiça Divina, em todos os distritos da Espiritualidade Superior, as personalidades humanas tachadas por anormais são consideradas tão carentes de proteção quanto as outras que desfrutam a existência garantida pelas regalias da normalidade, segundo a opinião dos homens, observando-se que as faltas cometidas pelas pessoas de psiquismo julgado anormal são examinadas no mesmo critério aplicado às culpas de pessoas tidas por normais, notando-se, ainda, que em muitos casos, os desatinos das pessoas supostas normais são consideravelmente agravados, por menos justificáveis perante acomodações e primazias que usufruem, no clima estável da maioria.

E à ligeira pergunta que arrisquei sobre preceitos e preconceitos vigentes na Terra, no que tange ao assunto, Félix ponderou, respeitoso, que os homens não podem efetivamente alterar, de cofre, as leis morais em que se regem, sob pena de precipitar a Humanidade na dissolução, entendendo-se que os Espíritos ainda ignorantes ou animalizados, por enquanto em maioria no seio de todas as nações terrestres, estão invariavelmente decididos a usurpar liberalidades prematuras para converter os valores sublimes do amor em criminalidade e devassidão. Acrescentou, no entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças assacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o Sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos. (Sexo e Destino, Chico Xavier, pp. 272-274)

Poderemos ainda deixar para uma reflexão individual, a ser feita por cada um de nós, o seguinte:

Suponhamos que vivêssemos num país onde, por determinação superior, tivéssemos que, por um longo tempo, abrigar em nossa casa uma pessoa, cuja escolha poderíamos fazer entre duas que nos seriam indicadas. Apresentam-nos, então, para essa escolha, um assassino psicopata e um homossexual. Perguntamos: qual dos dois você escolheria para viver sob seu teto durante o tempo estabelecido?

Suponhamos, também, que tivéssemos uma criança pequena que demonstrasse tendências homossexuais, cuja causa poderia ser a viciação por outras pessoas mais velhas, como por exemplo, o uso indiscriminado de supositórios como medicamento para problemas de “ar preso”, que veio despertar nela o prazer na região anal, o quê faríamos diante dessa realidade?

Suponhamos, ainda, que entre os nossos filhos atuais ou que viéssemos a ter no futuro, houvesse um deles, com a idade de 18 anos, que, por alguma razão que desconhecemos, resolve, durante a festa de seu aniversário, assumir publicamente diante de todos os convidados sua homossexualidade. Qual seria a nossa atitude diante deste bombástico fato? Iríamos tratar esse filho com o mesmo preconceito que temos para com os que não se ligam a nós pelos laços da consangüinidade?

Assunto abordado pelo Dr. Roberto Lúcio, com o qual plenamente concordamos, é que, em algumas situações, a causa da homossexualidade poderia ser por indução psíquica dos próprios pais, quando desejando ardentemente que o seu futuro rebento seja de um sexo diferente daquele que a vontade de Deus determinou, acabam implantando no psiquismo desse feto o desejo de seus pais. Após nascer poderá, consciente ou inconscientemente, agir para realizar tal desejo, passando a ser apenas na esfera psíquica a criança cujo sexo foi objeto do sonho dos pais.

Somente quando nos colocamos na mesma situação do outro é que poderemos avaliar o que ele poderia estar passando, daí a razão de colocarmos essas situações para a nossa reflexão, esperando que cada um possa ter a capacidade de considerar tais hipóteses, na expectativa de, se for o caso, mudar seu pensamento diante da homossexualidade dos que jornadeiam conosco em busca da própria evolução moral e espiritual. Oportuno não esquecermos de que “... nenhuma coisa é de si mesmo imunda senão para aquele que a tem por imunda, ,para este é imunda”. (Rm 14,14).

O texto já estava por nós encerrado, mas um amigo após analisá-lo pediu ao seu guia para opinar sobre esse assunto. Essa mensagem, novíssima, vem arrematar tudo o que já foi dito, quanto ao preconceito, que, com a permissão dele, estamos incluindo agora ao final.

O nosso amigo advogado Raimundo de Moura Rego Filho, médium, espírita atuante na cidade do Rio de Janeiro, nos envia, por e-mail, o seguinte:

Hermes, por sentir-te por perto penso que me poderias dar um esclarecimento sobre o tema que hora estudo e d qual, preciso dar uma opinião ao autor da matéria de estudo.

Seria possível que me explicasses sobre as causas do homossexualismo? Estariam essas causas ligadas à reencarnação, com elemento fulcro, desse acometimento?

Responde Hermes:

Amado meu:

Temas como este, tão discutidos e por vezes tão insistentemente associados somente aos nossos quereres ou visões mais íntimas, têm mais das vezes, afastado irmãos de ideal espírita não só da Casa Espírita, mas de todo o entendimento que, haurido da doutrina Espírita, poderia ajudar a que eles fossem mais bem compreendidos, e por isso mesmo, tratados com mais respeito, amor e tolerância.

O mais importante em qualquer caso, querido, é o entendimento fraterno do problema, e a recondução do paciente adoecido, ao caminho do recomeço.

Ora, o que se vê, é a tônica da intolerância, do desrespeito, e por vezes os ataques e achaques mal intencionados, oriundos das assertivas, sempre baseadas no desconhecimento doutrinário, ou reforçadas pelo preconceito para com essas pessoas. São nossos irmãos em Cristo, são também eles, o nosso elemento de melhora e ascensão espiritual, ao sabermos com eles conversar, de modo doutrinário, correto e adeso às Leis do amor, da Caridade e do Progresso. Sem esses elementos, não se reeduca, não se ensina, em suma não se faz Espiritismo.

Quantos já não terão sentido o gosto do amargo fel do desprezo, o escárnio, as palavras duras com que muitos se manifestam e lhes dirigem?

Quanta dor, sofrimento e humilhação, já não haverão de ter passado? Estes, também, são nossos irmãos, meu filho.

Se voltarmos olhos ao episódio da “adúltera”, encontraremos não a condenação do Rabi, mas o julgamento sensato e amoroso que a indicou o caminho da regeneração.

Tal é assim para com esse caso em específico. Remeter-se o homem de hoje, ainda cheio de preconceitos, (e isso dos dois lados), aqueles que querem descobrir tão somente as causas, sem atacar os irmãos em provação, e daqueles por quem chegam as palavras mais duras, mais distantes, tanto do conhecimento sobre o tema, quanto da formação doutrinária, descambando para os apupos e para os acicates, brandindo seus chicotes idiomáticos como se estivessem isentos de erros, a tema tão importante e tão controverso, seria pedir não a descoberta do remédio, mas que se estabelecesse a discórdia afastante, o cisma, a cizânia, todos os desvarios a que a pouca moral humana possa encaminhar alguns irmãos, por vezes em maior desalinho do que o próprio Homossexual. Como se os Heteros formassem a nação dos eleitos, dos corretos e dos infalíveis, quanta empáfia, quanto desamor. Notas como o Evangelho, bem estudado e conhecido faz falta a essas pessoas?

Por não terem alteados os patamares morais, a ponto de entenderem o Evangelho, não entendem as premissas da doutrina Espírita.

Por não se reconfigurarem, persistindo também, nas próprias mazelas morais que já lhe são de conhecimento, tornam-se míopes aos ensinos que a própria doutrina oferece, e que lhes indicaria o caminho para a resposta que, ao que nos é permitido saber e dizer distaria, ainda para um próximo período reencarnatório, este já sob outra vibração, mais sutil e elevada, remetendo os ideais do Amor Crístico e da Fraternidade, à maior celeridade no cumprimento da Lei do Progresso.

Faze, então, teus amigos e tu mesmo, da experiência transitória nesta existência, caminho para um aprendizado mais amplo e dignificante ao espírito, para que no porvir, possam todos ajudar, sob o olhar do Cristo, a todos os doentes, da alma e do Corpo.

Até lá, amado meu, ora por eles, por estes nossos irmãos que tanto sofrem escondidamente, não os diminuam ou discriminem, esclareçam! Posto que já sofrem deveras, neste período de dor sob o qual passam suas existências, no hoje.

Amor e Paz,

Hermes.

Rio, 14 de outubro de 2004.

Paulo da Silva Neto Sobrinho

Outubro/2004

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Citado por Dr. Hernani, no cap. IX do livro Você e a Reencarnação.

(Artigo reproduzido com autorização do autor)

http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_homossexualismonavisaoespirita.htm

Homossexualismo Na Visão Espírita

Pergunta feita pela Sra. Guiomar Albanesi ao médium Francisco Cândido Xavier: Como nossos Amigos Espirituais conceituam o problema homossexual?

CHICO XAVIER – O problema da homossexualidade sempre existiu em todas as nações, no entanto, com a extensão demográfica no Planeta, o assunto adquiriu características de grande intensidade, ou de mais intensidade, porque, nos últimos 50 anos, a ciência psicológica tem-se preocupado detidamente e com razão, no que se refere aos ingredientes mais íntimos de nossa natureza pessoal.

Estamos efetuando a descoberta de nós mesmos, para além dos padrões psicológicos conhecidos ou milimetrados pelos conhecimentos que possuímos, dentro dos preceitos e preconceitos respeitáveis, que nos regem o comportamento social e humano.

No caso, é justo observar que os impositivos da disciplina e da educação devem oferecer-nos barreiras construtivas para que o abuso não destrua quaisquer benefícios estabelecidos em leis.

Cremos que tendências à homossexualidade surgem na criatura, após muitas existências dessa mesma criatura, nas condições de feminilidade ou vice-versa. Pensamos assim, na base da reencarnação, porquanto, além dos sinais morfológicos, a individualidade é a própria individualidade em si, com todas as suas existências anteriores.

Em vista disso, a homossexualidade pode ser examinada hoje proporcionando ao homem vasto campo de estudos, quanto à natureza bissexual do Espírito.

O tema é, porém, objeto para simpósios de cientistas, e instrutores da Humanidade, até que possamos encontrar a fórmula exata para decidir do ponto de vista legal, quanto ao destino dos nossos companheiros num sexo ou noutro, que trazem a inversão por clima de trabalho a ser laboriosamente valorizado pela pessoa que se faz portadora de semelhante prova ou de semelhante condição para determinadas tarefas.

Sabemos que grandes civilizações, como por exemplo, a civilização greco-romana, depois de alcançarem avanço espetacular no campo da inteligência, ao perquirirem a natureza complexa do homem, encontraram problemas de sexo muito profundos, que os legisladores de então não quiseram ou não puderam reconhecer. Esses problemas, no entanto, explodindo sem a cobertura de preceitos legais, em plenitude de intemperança nas manifestações afetivas cooperaram na decadência de ambas as civilizações grega e romana, que se perderam no tempo, sob o ponto de vista de respeitabilidade e domínio.

Esperemos que os Mensageiros da Vida Maior inspirem os nossos dignos representantes da Ciência e da Justiça na Terra para que a solução do problema apareça oportunamente favorecendo a paz e a concórdia nos vários campos de evolução da Humanidade.



As múltiplas experiências humanas pela reencarnação e os repetidos contatos com ambos os sexos proporcionam ao espírito as tendências sexuais na feminilidade ou masculinidade e este reencarna com ambas as polaridades e se junge muitas vezes contrariado, aos impositivos da anatomia genital e da educação sexual que acolhe em seu ambiente cultural.

Consoante essas experiências tenderá para qualquer das duas opções e o fará nem sempre de acordo com sua aspiração interior, que poderá ser inverso ao que determina o meio sociocultural. Emmanuel ensina na obra “Vida e Sexo” que o “Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.” ([1]) Além disso, há vários fatores educacionais que poderiam contribuir para despertar no indivíduo as tendências sepultadas nas profundezas de seu inconsciente espiritual.

E, ainda que desempenhe papéis de acordo com a sua anatomia genital e que seu psiquismo se constitua de acordo com sua opção sexual, poderá ocorrer que se desperte com desejos de ter experiências afetivas com pessoas do mesmo sexo. Tal ocorrência poderá lhe tumultuar a consciência caracterizando, por aquele motivo, um transtorno psíquico-emocional.

A convivência do espírito com o sexo oposto ao que adotou em cada encarnação, bem como aquelas na qual exerceu sua opção sexual, irão plasmar em seu psiquismo as tendências típicas de cada polaridade. Explica Emmanuel, a homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação. ”([2])

Na questão 202 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos: "Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?" "Isso pouco lhe importa” responderam os Benfeitores, “o que o guia na escolha são as provas por que haja de passar"([3]) esclareceram os Espíritos. A genética tem tentado encontrar genes que explicariam a homossexualidade como sendo desvio de comportamento sexual. A psiquiatria tenta encontrar enzimas cerebrais que poderiam influenciar no comportamento sexual. Mas a sede real do sexo não se acha no veículo físico, porém na estrutura complexa do espírito. É por esse prisma que devemos encarar as questões relacionadas ao sexo. Dia virá que “a coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos”.[4]

Não podemos confundir homossexualismo com desvio de caráter, até porque os deslizes sexuais de qualquer tendência têm procedências diversas. Suas raízes genésicas podem vir de profundidades íntimas insondáveis. “A própria filogênese ([5]) do sexo, que começa aparentemente no reino mineral, passando pelo vegetal e ao animal, para depois chegar ao homem, apresenta enorme variação de formas, inclusive a autogênese [geração espontânea] dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas”([6]), para alguns pesquisadores justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos.

Com a liberação sexual e a ascensão do feminino na sociedade contemporânea, a tolerância ao homossexualismo aumentou, permitindo que uma grande quantidade de pessoas que viviam no anonimato se expressasse naturalmente. Chico Xavier explica de forma clara o seguinte, “não vejo pessoalmente qualquer motivo para criticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver, claramente iguais as tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas. Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender porque razão esse ou aquele preconceito social impedirá certo número de pessoas de trabalhar e de serem úteis a vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. (...)Nunca vi mães e pais, conscientes da elevada missão que a Divina Providencia lhes delega, desprezarem um filho porque haja nascido cego ou mutilado. Seria humana e justa nossa conduta em padrões de menosprezo e desconsideração, perante nossos irmãos que nascem com dificuldades psicológicas?”([7])

A Doutrina Espírita é libertadora por excelência. Ela não tem o caráter tacanho de impor seus postulados às criaturas, tornando-as infelizes e deprimidas. A energia sexual pede equilíbrio no uso e não abuso ou repressão. O Espiritismo não condena a homossexualidade, contrariamente, recomenda-nos o respeito e fraterna compreensão para com os que têm preferências homo afetivas. Muitas vezes pode até ser alguém tangido pelo apelo permissivo que explode das águas tóxicas do exacerbado erotismo, somados aos diversos incentivadores pseudocientíficos da depravação, que podem estar desestruturando seu sincero projeto de edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada.([8]) Por isso mesmo, não pode ser discriminado, nem rejeitado, pois, como admoesta Jesus, "aquele dentre vós que não tiver pecados, que atire a primeira pedra"([9])...

Como já vimos com Emmanuel no início desta exposição, não há masculinidade plena, nem plena feminilidade na Terra. Tanto a mulher tem algo de viril, quanto o homem de feminil. Antigamente a educação muito rígida e repressiva contribuía para enquadrar o indivíduo ambisséxual, em seu sexo natural.

Assumir a homossexualidade não significa mergulhar em um universo de atitudes extremadas e desafiadoras perante seu grupo de relacionamento familiar ou profissional, “mas fazer um profundo exercício de auto aceitação, asserenar-se por dentro a fim de poder reconhecer perante si mesmo e todo seu círculo de amigos e parentes que vive uma situação conflitante. O verdadeiro desafio é a construção interna para superar os desejos. E não estamos aqui referindo-nos exclusivamente a desejo sexual e sim a toda espécie de desejos que comandam a vida das criaturas.” ([10])

Emmanuel enfatiza que “O mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie [homossexual], somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade devidos às criaturas heterossexuais.”([11]) O homossexualismo não deve, pois, ser classificado como uma psicopatia ou comportamento merecedor de discriminação ou medidas repressivas. O homossexual, especialmente o "transexual", merece toda a nossa compreensão e ajuda, para que ele possa vencer sua luta de adaptação ao novo sexo adquirido com o renascimento.

Outra questão extremamente controvertida, para muitos cristãos, é a possibilidade da união estável (casamento) entre duas pessoas do mesmo sexo. Ante a miopia preconceituosa do falso purismo religioso da esmagadora maioria de cristãos supostamente “puros”, isso é uma blasfêmia. Isto torna o tema bastante complexo e, portanto, aberto para discussões. Porém, após refletir bastante sobre o assunto e, sobretudo, tendo como alicerce as opiniões de Chico Xavier, entendemos que a união estável (casamento) entre homossexuais é perfeitamente normal, sim.

Só conseguiremos entender melhor a questão homossexual depois que estivermos livres dos (pré)conceitos que nos acompanham há muitos milênios. Arriscaríamos a afirmar, que a legalização do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, é um avanço da sociedade, que estará apenas regulamentando o que de fato já existe.

Seria lícito a duas pessoas do mesmo sexo viver sob o mesmo teto, como marido e mulher? A propósito, vasculhando fontes sobre esta mesma indagação encontramos em Folha Espírita a resposta de Emmanuel “A esta indagação o Codificador da Doutrina Espírita formulou a Questão 695, em O Livro dos Espíritos, com as seguintes palavras: ‘O casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário a lei natural?’ Os orientadores dos fundamentos da Doutrina Espírita responderam com a seguinte afirmação: ‘É um progresso na marcha da humanidade.’ Os amigos encarnados no plano físico com a tarefa de sustentar e zelar pelo Cristianismo Redivivo, na Doutrina Espírita, estão aptos ao estudo e conclusão do texto em exame.”([12]) (grifamos)

Tanto os homossexuais como o heterossexual devem buscar a sua reforma interior, não cedendo aos arrastamentos provocados pelos impulsos instintivos e sensuais. O que é ilícito ao hetero, também o é ao homossexual, ambos precisam “distinguir no sexo a sede de energias superiores que o Criador concede à criatura para equilibrar-lhe as atividades, sentindo-se no dever de resguardá-las contra os desvios suscetíveis de corrompê-las. O sexo é uma fonte de bênçãos renovadoras do corpo e da alma”([13])

Mister, portanto, reconhecer que ao serem identificadas os pendores homossexuais das pessoas nessa dimensão de prova ou de expiação, é imperioso se lhes oferte o amparo educativo pertinente, nas mesmas condições que se administra instrução à maioria heterossexual da sociedade.

Acreditamos, por fim, que estas ideias poderão levar, a quantos as lerem, a meditar, em definitivo, sobre o assunto , lembrando que o homossexualismo transcende em si mesmo a simples questão da permuta sexual.

Fontes de Referência:

([1])Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

([2])______, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

([3])Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. Feb, 2000, perg. 202

([4])_______, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

([5]) Filogenia (história evolucionária das espécies) opõe-se à ontogenia (desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até a maturidade para a reprodução.)

([6])Disponível em acessado em 21/04/06

([7]) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Março de 1984

([8]) A recomendação do Espiritismo para o respeito e a compreensão para com os irmãos que transitam em condições sexuais inversivas (homossexualismo) ocorre em função do sentimento de fraternidade ou caridade que deve presidir o relacionamento humano, mas igualmente pelo fato de que nenhum de nós tem autoridade suficiente para condenar quem quer que seja, pois todos temos dificuldades morais e/ou materiais graves que precisam de educação.

([9])João, cap. VIII, vv. 3 a 11

([10])Disponível em acessado em 21/04/2006

([11]) _______, Francisco Cândido. Vida e Sexo, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

([12]) Publicada no Jornal Folha Espírita do mês de Julho de 1984.

([13]) Xavier, Francisco Cândido. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001.

Artigo gentilmente cedido por Jorge Luiz Hessen

Servidor público Federal, Expositor Espírita na região de Brasília e Goiás,

Articulista das Revistas "Reformador", "O Espírita" e "Brasília Espírita "

http://naluzdoaltissimo.blogspot.com/2012/01/homossexualismo-na-visao-espirita.html

A visão espírita da união estável homossexual segundo Divaldo Pereira Franco

Por Paulo Stekel

Nota de Espiritualidade Inclusiva – A matéria em questão foi apresentada em vídeo em maio de 2011 pela TV Mundo Maior (http://www.redemundomaior.com.br). Abaixo, incorporamos o vídeo com a matéria e, logo após, a transcrição ipsis literis das palavras do conhecido médium e palestrantre espírita Divaldo Pereira Franco, para análise de nossos leitores.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aGB5FGWIuKE

Transcrição das palavras de Divaldo Franco sobre a legalização da união estável homossexual e a adoção de crianças:

“Legalizar é sempre uma forma de moralizar. Já que a união moral é feita pelo sentimento do amor, por que não legalizar uma coisa que existe, evitando que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social? (...)

A adoção de filhos é perfeitamente válida. A mim, me surpreende, por exemplo, uma questão psicológica: como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança? Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar? Mas, isso é uma coisa que compete à psicologia do comportamento através dos tempos, quando se verificarão os resultados deste momento de transição. (…)

Os direitos da individualidade são inalienáveis. Não temos a prole que desejamos, que queremos, mas aquela de que temos necessidade para o processo de evolução. Se algum pai, alguma genitora considera isso um castigo divino, há de ter em mente que não chega às mãos o fruto de uma semeadura que não haja realizado. Então, amar é a solução. Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado, sexualmente transtornado, com problemas de comportamento... Amá-lo, porque a função do pai é educar sempre, a da mãe igualmente. E, o amor é o melhor mecanismo, a ferramenta mais hábil para poder criar hábitos saudáveis e proporcionar ao indivíduo a plenitude, a felicidade.”


Comentário de Espiritualidade Inclusiva – Os três parágrafos da fala de Divaldo Franco possuem pontos polêmicos e pouco claros, deixando margens a muitas interpretações. No primeiro parágrafo, ao apoiar a legalização da união estável homossexual, Divaldo justifica com o fato de, assim, se evitar “... que consequências danosas possam advir de um relacionamento que se pode tornar agressivo, suspeito pela sociedade e até mesmo para o meio social”. O que a agressividade de um relacionamento tem a ver com sua legalização? Uma relação homossexual só deixa de ser “suspeita” para a sociedade quando legalizada? Estamos falando de índole de pessoas ou simplesmente resolvendo isso numa lei humana? A lei muda a índole de alguém? O que quis dizer com relacionamento “suspeito” “até mesmo para o meio social”? Estamos falando de pessoas “normais”, ainda que homossexuais, ou de psicopatas e tarados de todo gênero? Há de se ter muito cuidado com as palavras!

No segundo parágrafo, Divaldo apoia a adoção de filhos por homossexuais, mas pergunta: “como será a imagem do pai, a imagem da mãe para essa criança?” A mesma pergunta vale para crianças criadas só por um pai, ou só por uma mãe, ou só pelos avós, ou sem ninguém, num orfanato até os 18 anos! Mas, o trecho mais perigoso é este: “Quando ele atingir a adolescência, quando chegar à idade madura, que comportamento irá utilizar em face da conduta que ele vem mantendo no lar?” Como assim, “que comportamento irá utilizar”? Segundo a ciência, 90% das crianças criadas em lares heterossexuais manifestam o comportamento que lhes foi “ensinado”: o heterossexual! E, oficialmente falando, 100% delas são criadas em lares heterossexuais! Pesquisas mostram que este percentual se mantém estável mesmo no caso de crianças criadas em lares homossexuais. Ou seja, há que se desconfiar que a orientação sexual não seja simplesmente algo “ensinado” pelos pais, mas inclui um elemento interno ainda não perfeitamente estudado pela psicologia.

No terceiro parágrafo, ao instar aos pais que aceitem seu filhos como são, Divaldo confunde novamente ao dizer: “Amar sempre, seja qual for a condição do filho: drogado, sexualmente transtornado, com problemas de comportamento...” O que ele considera um filho “sexualmente transtornado”? Considerando todo o discurso nos dois parágrafos anteriores, isso induz o leitor a pensar que ele se refere à homossexualidade em si. Se não foi isso o que quis dizer, não tornou sua opinião clara e fica sujeito a várias interpretações. Parece-nos que sua fala foi uma mescla de opiniões pessoais não plenamente formadas sobre o assunto com bases da Doutrina Espírita. Gostaríamos muito que nossos leitores utilizassem o espaço de comentários logo abaixo para opinarem sobre a fala acima.

http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com/


3 comentários:

Anônimo disse...

Sim o espiritismo ñ é contra nem discrimina homossexuais porem a doutrina é categorica todos devem se adaptar ao novo sexo ao renascerem e aqueles que ñ o fizerem terão que recomeçar em outra existencia enfretando provas referentes as opcoes erradas que tomaram parte nesta existencia se nasceu em um corpo de homem é porque assim deve ser o mesmo para mulher!

Anônimo disse...

Tenho uma dúvida. É possível que um homem em outra vida, que teve uma vida cheia de orgias e excessos sexuais, possa reencarnar como homem e se homossexual ? Essa nova condição como homem e homossexual poderia ser o meio usado para reparar a outra vida cheias de luxúria ? Isso é coerente ? Obrigada.

Dinho disse...

Cada encarnação traz em si o objetivo de ser uma fonte de aprendizado. Se um espírito aprende e evolui sendo rico,pobre,feio,bonito,etc,também deverá ter motivos e lições a aprender ao escolher uma vida como homossexual.