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sábado, 27 de julho de 2013

MENSAGEM AOS JOVENS


 
Que Deus abençoe a juventude!

Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.
Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.
Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.
Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam propiciados desde hoje para a vitória desses nautas do porvir.
Numa sociedade permissiva e utilitarista com esta vigoram os convites para a luxúria, o consumismo, a excentricidade irresponsáveis.
Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se a soldo das situações e circunstâncias reprocháveis que lhes são oferecidas como objetivos a alcançar.
À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens ávidos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.
Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação morbosa para a larga consumpção da existência desperdiçada.
Todo jovem anseia por um lugar ao Sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.
Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por castrações religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem eleger o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…
Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir a todas as vicissitudes do processo evolutivo.
Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social pervertido e sem sentido ou objetivo dignificante…
Não desistam os jovens de reivindicar os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhe são destinados pela Vida.
Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos párias e excluídos dos círculos da hipocrisia, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.
Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.
A juventude orgânica do ser humano, embora seja a mais longa do reino animal, é de breve curso, porquanto logo se esboçam as características de adulto quando os efeitos já se apresentam.
É verdade que este é o mundo de angústias que as gerações passadas, estruturadas em guerras e privilégios para uns em detrimento de outros, quando o idealismo ancestral cedeu lugar ao niilismo aniquilador e a força do poder predominava, edificaram como os ideais de vida para a Humanidade.
É hora de refazer e de recompor.
O tempo urge no relógio da evolução humana.
Escrevendo a Timóteo, seu discípulo amado, o apóstolo Paulo exortava-o a ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos, a fazer a obra dum evangelista, a desempenhar bem o teu ministério. (*)
Juventude formosa e sonhadora!
Tudo quanto contemples em forma de corrupção, de degredo, de miséria, é a herança maléfica da insensatez e da crueldade.
Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.
O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se homiziam o crime e a sordidez.
Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e vilipendiam o ser.
És o amanhecer!
Indispensável clarear todas as sombras com a soberana luz do amor e caminhar com segurança na direção do dia pleno.
Não te permitas corromper pelos astutos triunfadores de um dia. Eles já foram jovens e enfermaram muito cedo, enquanto desfrutas do conhecimento saudável da vida condigna.
Apontando o caminho a um jovem rico que O interrogou como conseguir o Reino dos Céus, Jesus respondeu com firmeza: - Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me... iniciando o esforço agora.
Não há outra alternativa a seguir.
Vende ao amor as tuas forças e segue o Mestre Incomparável hoje, porque amanhã, possivelmente, será tarde demais.
Hoje é o teu dia.
Avança!

Joanna de Ângelis

(*)II Timóteo 4:5.
(1) Mateus 19:21.
Notas da autora espiritual.

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 22 de julho de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, quando o Papa Francisco chegou ao Brasil, para iniciar a 28ª Jornada Mundial da Juventude.)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O ESPAÇO E OS MUNDOS; NÃO, COLÔNIAS ESPIRITUAIS



Por Sérgio Aleixo

 Nada material pode ser obstáculo aos espíritos. A matéria não pode interditá-los de nenhum modo. Assim, teoricamente, em estrelas, planetas, no espaço sideral, possível é que os invisíveis lá estejam em perfeitas condições. Sabe-se que nem sempre podem os espíritos, entretanto, ir a todos os mundos, ou mesmo estar em qualquer lugar num mesmo mundo, que tudo isso é conforme. Por quê?
 
 
O conceito de mundos transitórios (Kardec assim o batizou) diz que, apesar da ausência de vida na superfície estéril de certos planetas, esses orbes destinados seriam aos espíritos errantes, que os habitariam para repouso, instrução e progresso. Tendo sido esse o caso da Terra durante sua formação, o conceito se vincularia obrigatoriamente à expectativa de que a vida se instale na superfície de tais planetas, ainda inapropriados a ela; apenas em transição para tanto. Desse modo, nada tem ele a ver com as estruturas conhecidas por colônias espirituais; edificações no além, algumas de séculos, protegidas por muralhas, armas e até animais, onde os habitantes teriam uma fruição de gozos e costumes tipicamente físicos, como nutrição, eventos pagos, empregos remunerados, casamentos, etc.; moradias de todos os tipos, com banheiro e cozinha, inclusive; assim como parques, plantações e fábricas, seja de suco, de roupas, de artefatos, etc., etc. À luz da codificação espírita, não passam de abusos ficcionais ditados nos interlúdios invigilantes de médiuns sem discernimento, que acreditam lhes baste a boa intenção e a cega confiança em seus guias para o exercício de suas faculdades. 
 
 
O princípio espírita das criações fluídicas, bom também é que se o diga logo, em nada ampara tais edificações no além; nunca se viu que essas criações exorbitassem o entorno mais imediato do próprio espírito, sua aparência, vestuário, certos objetos, pseudocompanhias, etc.; tudo, porém, subordinado exclusivamente ao pensamento: 1) quando cria ilusões ao espírito, ainda que eventualmente objetivadas nos fluidos; 2) quando cria aparências que visem um fim qualquer, a encarnados ou desencarnados. Um princípio do Espiritismo, além disso, não pode ser aplicado em contradição com os demais. Por que moradias e costumes de fruição carnal existiriam no mundo espírita, se o perispírito não tem funções que demandem nutrição, reprodução, etc., nem o além-túmulo, menos ainda, rigores climáticos que o instabilizem? Grupos, famílias de espíritos, sociedades inteiras deles, em regiões compatíveis com sua constituição fluídica, e unidos por propósitos comuns, com ações planejadas e tarefas várias: isso é Espiritismo! Todavia, nada existe aí que se aproxime das travessuras coloniais. 
 
 
Demonstrado, pois, que os mundos transitórios nada têm a ver com as colônias espirituais; sim, a princípio, com planetas de superfície temporariamente estéril, avanço: e quanto aos mundos que surgem e desaparecem na imensidão sem que a vida se manifeste ali? Certo que não podem chamar-se transitórios, mas nem por isso estariam, necessariamente, sem presenças invisíveis. O conceito de mundos transitórios prevê que os espíritos que neles habitam podem deixá-los livremente, não estando, assim, obrigados a aguardar o surgimento da vida na superfície. Desse modo, por que os espíritos não se reuniriam, para repouso, instrução e progresso, igualmente nos mundos não transitórios? 
 
 
Razoável admitir, pois, que existam: 1) mundos que são habitados apenas espiritualmente de início e, depois, também corporalmente; 2) mundos eventualmente habitados tão só por seres errantes, embora não em especial destinados a estes, por não serem transitórios. Mas não estaria faltando nada a esse panorama, por mais vasto? Eis aí nossa questão. Sim! Sim! Tais considerações somente ambientam os espíritos, a bem dizer, no universo físico, a modo de contingentes invisíveis e, nele, teoricamente, inobstáveis. Dizem alguns, por isso, até que há certo segredo acerca do mundo espírita em Kardec. Um tanto deslumbrados com a literatura ficcional mediúnica e suas colônias, findam por conferir uma proporção absurda àquele silêncio que o espírito Galileu diz estar sendo guardado, até ali, sobre o mundo espiritual. E disso concluem haver mistério em Kardec a respeito da vida espírita. Ora! “Até ali” só quer dizer até aquele ponto do próprio comunicado de Galileu, que apenas falara do modo da criação do universo e silenciara acerca do modo de criação dos espíritos que, nesse sentido, constituem o mundo espiritual, de que Galileu passa então a falar. 
 
 
Antes de tudo, são os espíritos que integram o mundo espírita. E já não é coisa pouca. O que mais se quer conhecer? A vida dos seres errantes por lá! Claro! Bem... Sabe-se que estão isentos de nossas necessidades; mas que possuem ainda um corpo, embora etéreo, sem órgãos, por mais denso. Onde se encontram com esse envoltório fluídico? Somente nos meios físicos do universo, exceção feita à invisibilidade própria dos espíritos? Se a matéria não lhes representa mais obstáculo, porque não podem ir a todos os planetas nessa condição errante? Por que percorrer o mundo espírita não pode ser, afinal, só uma viagem interplanetária, intergaláctica, sem aparatos tecnológicos? Tudo reside na compreensão da palavra espaço, ou melhor: espaços, nas letras kardecianas. Foi dito ao mestre que o espaço é infinito e que aquilo que se julga vazio está ocupado por matéria imponderável, em estado de fluido. Nessa medida, sim, os espíritos estão por toda parte e são povoados todos os globos. Não disseram, aliás, que povoam propriamente o espaço infinito, mas que “povoam ao infinito os espaços infinitos”. Quando se lê, pois, que os espíritos estão no espaço, que transpõem os mundos, a tais domínios tipicamente físicos do universo estão integrados os domínios fluídicos, espirituais. Nestes é que existe o que pode ser obstáculo aos espíritos, de acordo com sua situação perispirítica. Este é o adendo que faltava à ideia inicial de mundos transitórios ou intermediários, razão pela qual se limitou aparentemente a um panorama interplanetário, astronômico. 
 
 
Para Kardec, nosso belo planeta é como um vaso do qual escapa densa fumaça, que vai aclarando à medida que se eleva e cujas partes rarefeitas se perdem no espaço infinito. Esse é o âmbito em que se define seu conceito de atmosfera espiritual terrestre, meio formado por fluidos em vários graus de pureza, um tanto grosseiros se comparados aos que compõem as regiões superiores, razão pela qual são estas, de ordinário, inacessíveis aos espíritos atrasados, que nelas não podem viver, a despeito de visitá-las como estrangeiros e, ainda assim, apenas entrevendo-as. Portanto, segundo suas elevações, os espíritos povoam não apenas a superfície da Terra, entre os encarnados, de onde muitos não conseguem se afastar, mas também o espaço que a circunda, segundo o alvo do foco possível de suas percepções entre as várias camadas de fluidos espirituais do planeta. Como as coisas se passam nesses meios? Naqueles cujos fluidos são bem desmaterializados, sequer o imaginamos. Nas ambiências, todavia, em que a constituição fluídica se apresenta mais identificada à vida corporal, parece razoável admitir, seria menos difícil supô-lo, ainda que, mesmo nessas regiões mais densas, as coisas não possam transcorrer como se aqui se verificassem. Do contrário, afinal, não haveria a menor necessidade do estado de encarnação que, nesse caso, mais pareceria um acidente de percurso, à moda rustenista e, avanço em dizê-lo, era mesmo até esse ponto de distorção conceitual que nos queriam conduzir as almas jesuíticas da inglória causa federativa. 
 
 
A doutrina espírita ensina que os espíritos conservam as faculdades que tinham na Terra; que eles têm visão, audição, sensação, percepção, mas diversamente de quando possuíam um corpo físico, ainda que muitos deles, em erro, julguem que tais coisas se passem, por lá, da mesma forma que no corpo; o modo pelo qual atuam, inclusive. O pensamento dos espíritos atrasados não está esclarecido por vezes, e é então que muitos até julgam viver ainda entre os homens e mulheres, partilhando de suas aspirações, paixões e desejos. Nos meios compatíveis com essa sua natureza, os fluidos chegam a ter, para eles, aspecto tão material quanto, para nós, nossos objetos tangíveis; os combinam e elaboram, consciente ou inconscientemente, para produzir certos efeitos, mas o fazem por outros processos: pensamento e vontade. Podem formar, então, conjuntos com aparência, forma e cor determinadas. Kardec inclui essas possibilidades dos fenômenos peculiares ao mundo espiritual no que chamou laboratório do mundo invisível. Nem de longe lhe confere, todavia, o condão de produzir obras arquitetônicas majestáticas, estruturas complexas ao extremo, sobretudo quando voltadas para atender necessidades que não podem ser satisfeitas no além, ou para um funcionamento quase burocrático de inchadas estruturas organizacionais; ao menos não no mundo espírita kardeciano, mais fidedigno em detalhes reais e, por isso, certamente mais sóbrio. Tedioso, claro, só para o comum dos leitores de romances mediúnicos, estimulados por curiosidades tão ociosas quanto propícias a espíritos menos sérios, que compensam com artifícios ficcionais e vagas de raciocínio a falta de conteúdo realmente espiritual de seus comunicados. 
 
 
Verdade que o mestre publicou, nas suas primeiras revistas espíritas, ditados contendo desenhos mediúnicos da suposta casa de Mozart em Júpiter; todavia o fez a título de inventário aos leitores, para que julgassem o caso como quisessem; além disso, o referido espírito lá estaria em estado de encarnação, não no de erraticidade, o que determina relevantes diferenças de consideração. Espíritos errantes não necessitam de casa ou comida; não padecem doenças e não têm sofrimentos senão de natureza moral; mais pungentes, aliás, que os físicos. Contudo, transitam numa locação que, às vezes, não é a superfície do planeta, e sim o espaço mais ou menos imediatamente acima dela, algumas camadas da atmosfera espiritual terrestre, de fluidos um tanto grosseiros e cuja aparência, em função disso, pode lembrar o meio terreno em básicas referências, mesmo que fugidias; superfície e firmamento, por exemplo. Quem sabe, algo similar aos tais campos, espécies de bivaques, de que Mozart falou a Kardec em primeira mão. [...] já vos dissemos que há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso. 
 
 
Independentemente da diversidade dos mundos, essas palavras [‘há muitas moradas na casa do Pai’] podem também ser interpretadas pelo estado feliz ou infeliz do espírito na erraticidade. Conforme for ele mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções que possuir, tudo isso varia ao infinito. 
 
 
Poder-se-ia perguntar como é que os espíritos se podem evitar no mundo espiritual, uma vez que aí não existem obstáculos materiais nem refúgios impenetráveis à vista. Tudo é, porém, relativo nesse mundo e conforme a natureza fluídica dos seres que o habitam. Só os espíritos superiores têm percepções indefinidas, que nos inferiores são limitadas. Para estes, os obstáculos fluídicos equivalem a obstáculos materiais. Os espíritos furtam-se às vistas dos semelhantes por efeito [da vontade], que atua sobre o envoltório perispiritual e fluidos ambientes. 
 
 
Existem alguns cujo envoltório fluídico, mesmo sendo etéreo e imponderável em relação à matéria tangível, ainda é muito pesado, se assim podemos dizer, em relação ao mundo espiritual, para permitir que eles saiam do meio onde se encontram. É preciso incluir nessa categoria aqueles cujo perispírito é bastante grosseiro para que o confundam com o corpo carnal, razão pela qual continuam achando que estão vivos. Esses espíritos, cujo número é grande, permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se sempre entregues às suas ocupações; outros, um pouco mais desmaterializados, ainda não o são o suficiente para se elevarem acima das regiões terrestres [...] A camada de fluidos espirituais que cerca a Terra se pode comparar às camadas inferiores da atmosfera, mais pesadas, mais compactas, menos puras, do que as camadas superiores. [...] a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. 
 
 
Resta saber se neste espaço que circunda a Terra, isto é, se nas camadas de fluidos espirituais do seu entorno, seria impossível que, por uma razão ou por outra, houvesse meios cujas composições fluídicas assumissem só um certo aspecto das ambiências terrenas, já que podem, afinal, variar ao infinito, como vimos Kardec dizê-lo. Os espíritos Bizet e Mesmer prestaram, respectivamente, curiosas informações ao mestre: [...] tive sob os olhos o atroz espetáculo da fome entre os espíritos. Encontrei lá em cima muitos desses infelizes, mortos nas torturas da fome, ainda procurando em vão satisfazer a uma necessidade imaginária, lutando uns contra os outros para arrancar um pedaço de comida que se escondia em suas mãos, dilacerando-se mutuamente e, se posso dizer, se entredevorando; [...] enquanto na Terra se pensa que aqueles que partiram ao menos estão livres da tortura cruel que sofriam, percebe-se do outro lado que não é nada disso, e que o quadro não é menos sombrio, embora os autores tenham mudado de aparência. 
 
 
O mundo dos invisíveis é como o vosso. Em vez de ser material e grosseiro, é fluídico, etéreo, da natureza do perispírito, que é o verdadeiro corpo do espírito, haurido nesses meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais palpáveis, tangíveis, materiais. O mundo dos espíritos não é o reflexo do vosso; o vosso é que é uma imagem grosseira e muito imperfeita do reino de além-túmulo
 
 
Pode haver até alguma dúvida sobre a locação da cena descrita por Bizet: trata-se da superfície da Terra, entre os encarnados, ou do espaço que a circunda, com seus vários meios fluídicos? Todavia, Bizet informa que tudo aconteceria, sim, do outro lado, mas lá em cima. Em que pese aos espíritos conservarem a capacidade de perceber o que na Terra se passa conosco e entre nós, as percepções dos envolvidos na cena vista por Bizet não estão voltadas em nenhuma medida para o que se verifica na vida física; talvez exatamente porque não estariam nas regiões terrestres de fato, entre os vivos. De qualquer forma, veem-se num drama cujo cenário é construído por seu desequilíbrio, com direito a criação fluídica até de um pedaço de comida, tão objetiva no além, que é identificada por um terceiro; este goza, contudo, de melhores condições morais e, a despeito de avistar esse tétrico conjunto de aparência, forma e cor determinadas, logo julga vã a motivação que o gera: satisfazer necessidade que, afinal, ali, não poderá ser atendida, por não haver função do perispírito que a demande. A cena transcorre pungente e horrenda. E Kardec não lhe faz reparo algum. Esmera-se até em defender a idoneidade do espírito comunicante e a precisão de seus informes, classificando a situação de modo quase inédito em seus escritos: prolongação mista da vida terrena, vida intermediária que, se bem não seja física nem propriamente espiritual, é inerente ao estado de inferioridade de certos espíritos e necessária ao seu adiantamento. Claro está, porém, que quase tudo não passa da criação de ilusões desses espíritos a si mesmos, ainda que se objetivem, até certo ponto, nalguns conjuntos fluídicos postos em ação pelo seu pensamento. Colônias? Onde? 
 
 
O Livro dos Espíritos havia lecionado ser o nosso mundo reflexo obscuro desse outro; e Kardec, ser a vida humana decalque dessa outra; entretanto, nesses casos, nada quanto ao aspecto propriamente do meio espiritual, e sim à sua organização societária e respectiva meritocracia. Já a fala de Mesmer bem distingue: 1) mundo espírita; 2) perispírito de seus habitantes. Afiança que o mundo dos invisíveis seria como o nosso, na medida em que o nosso constituiria uma imagem grosseira e muito imperfeita do reino de além-túmulo. Grosseira e imperfeita no que remete, por certo, a nossa forma mortal: comemos, bebemos, nos reproduzimos, para manutenção da vida que, aqui, extingue-se; assim mesmo, porém, nosso mundo não passaria de uma imagem, algo que, em aparência, aspecto, similar se apresentaria, portanto, a certas regiões etéreas, à exceção de fruições corporais, inviáveis nesses ambientes, em nada ecológicos, por não haver mais a morte ali; talvez holográficos, por assim dizer. Insisto: Quem sabe, algo como os tais campos, espécies de bivaques, que originalmente Mozart revelou a Kardec. 
 
 
Para espaços infinitos que são povoados ao infinito seria tão inviável esse aspecto, só o aspecto um tanto terreno de certas regiões fluídicas mais densas? Quer-se evitar o fomento da imaginação criativa de muitos, que os coloca nos domínios da pseudo-revelação luizina e suas desastrosas congêneres. Fato. Entretanto, abandonada a compreensão que, desse assunto, só Kardec pode proporcionar em mais diligentes medidas, é que se lançam os menos avisados exatamente ao fluxo do que lhes parecerá mais detalhado: os romances mediúnicos; em geral, um cortejo absurdo de subversões aos princípios do Espiritismo: espíritos a comer, a beber, a casar, a morar; e, hoje, mesmo a copular, a se reproduzir, com fecundação, gestação, nascimento dos “bebês” e, pasmem, até a morrer, sobrevindo o sepultamento dos perispíritos em cemitérios d’além-túmulo... 
 
 
Já diz muito o fato de que os espíritos inferiores podem, sim, e com frequência, consciente ou inconscientemente, criar ilusões a si mesmos e, em certos limites, até objetivá-las nos fluidos. Nada comparável, no entanto, aos evidentes abusos da subliteratura mediúnica e suas fantasias coloniais. Avanço mais uma vez em dizê-lo: era mesmo até esse ponto nefasto de distorção conceitual que nos queriam conduzir as almas jesuíticas da inglória causa federativa. Ante uma vida espiritual que, na prática, só replica a fruição da vida física, esvazia-se de sentido o princípio espírita da absoluta necessidade da encarnação, abrindo caminho para a ideia de que seria mera exceção punitiva aos que sofrem a queda. Portanto, rustenismo sutil do além, mediante agora a subliteratura de ficção, bem ao gosto popular, em quase tudo ingênuo e, de ordinário, desavisado. Kardec seria bem melhor, mas para este, nada.
 
[...] o espanto cessa quando se sabe que esses mesmos espíritos são seres como nós; que têm um corpo, fluídico é verdade, mas que não deixa de ser matéria; que, deixando seu invólucro carnal, certos espíritos continuam a vida terrestre com as mesmas vicissitudes, durante um tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é, e a observação nos ensina que tal é a situação dos espíritos que viveram mais a vida material do que a vida espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão das necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma necessidade impossível de satisfazer. O suplício mitológico de Tântalo, nos Antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõe, do estado do mundo de além-túmulo, sobretudo mais exato que entre os modernos. [...] O quadro que apresenta o cura Bizet nada tem, pois, de estranho; vem, ao contrário, confirmar, por mais um grande exemplo, o que já se sabia; e, o que afasta toda ideia de reflexão de pensamentos, é que o fez espontaneamente, sem que ninguém pensasse em chamar sua atenção sobre aquele ponto. Por que, então, teria vindo dizer, sem que se lhe perguntasse, se aquilo era assim ou não? Sem dúvida a isto foi levado para a nossa instrução. Aliás, toda a comunicação traz um cunho de gravidade, de sinceridade e de modéstia, que é bem o seu caráter e que não é próprio dos espíritos mistificadores. 
 
 
Afora o que destaquei de Mozart, Kardec, Bizet e Mesmer, entendo que também São Luís, Erasto e Santo Agostinho rasgaram esse véu, ao se referirem a: 1) mundos intermediários como viveiros da vida eterna, onde os espíritos se agrupam conforme seus graus de adiantamento; 2) regiões similares à Terra, das quais espíritos muito aprisionados à matéria não se podem afastar, bem como não o podem das próprias regiões terrenas; 3) mundos inferiores em que os encarnados, mesmo durante o sono, buscam antigas afeições que os chamam, prazeres mais baixos do que têm aqui, doutrinas mais vis, mais ignóbeis, mais nocivas do que as que professam no corpo, em vigília. Seriam todas essas, no entanto, simples menções a outros planetas, e não a meios etéreos do nosso próprio orbe? Em caso afirmativo:  
 
 
1) Urgiria supor que São Luís se refere ao conceito inicial de mundos transitórios e, com efeito, que busca em meios interplanetários os espíritos afins que, na Terra encarnados, explicam a identidade de caráter tantas vezes observada entre pais e filhos. Não os existiriam por aqui mesmo? 2) Seria preciso crer possível, no pensamento de Erasto, que espíritos materialistas, antes na Terra encarnados e, por cegueira moral, aprisionados violentamente aos laços da matéria depois de mortos, deslocam-se, por vezes, para outros planetas, similares ao nosso, não permanecendo, assim, de preferência, na superfície da Terra, ou no espaço que a circunda. 3) Ter-se-ia que admitir Santo Agostinho a revelar, de espíritos inferiores, verdadeiras viagens interplanetárias durante os períodos de sono e, portanto, em estado de encarnação, o que não é exatamente um facilitador; anote-se que é referida a busca de prazeres ainda mais baixos do que eles têm durante a vigília; em espírito, ainda que presos a um corpo, não podem supor que satisfazem tais paixões senão alucinando, criando ilusões a si mesmos, entre pares igualmente inconsequentes. Tratar-se-ia, pois, de semelhantes interplanetários, localizados em mundos transitórios? Em todos os casos, restaria exorbitado o princípio de economicidade tão caro à razão. Por que imaginarmos alhures os seres que mais provavelmente estão vinculados ao nosso próprio planeta? Por que não estariam nos seus meios correspondentes aos estados sutis da matéria, integrantes da atmosfera espiritual terrestre? 
 
 
Antes de selar como mistério indevassável toda a vida espiritual, melhor admitir-lhe, ainda que fugidias, algo das referências terrenas, sempre tendo em vista, claro, para a análise das comunicações em que apareçam, as vigilantes restrições dos princípios kardecianos: 1) eventuais ilusões que os espíritos podem criar a si mesmos, ainda que objetivadas nos fluidos; 2) aparências que podem criar visando um fim qualquer, a encarnados ou desencarnados; 3) meras ficções psicográfico-obsessivas, cujo fim é a distorção dos ensinos do Espiritismo, sua substituição por outra matriz doutrinária. 
 
 
Fato é que esse prolongamento misto da vida terrena é situação por vezes terrível, sim; isto significa, contudo, que, doutras, nem tanto; fica a depender dos espíritos. Sobretudo na superfície do planeta, mas também no espaço que a circunda, está a massa da população ambiente do mundo invisível. Ela é composta, segundo Kardec: 1) pelos que, não mais podendo satisfazer suas paixões, se agradam da companhia dos encarnados que a estas se entregam, incitando nestes o cultivo daquelas; 2) pelos que se julgam ainda vivos; 3) pelos que, menos atrasados um pouco, embora não menos vulgares, já buscam algum aperfeiçoamento e instrução vendo e observando nossos costumes, mas impacientando-se por faltar-lhes a realidade dos nossos prazeres. Se distanciados, porém, da superfície da Terra e, assim, no espaço que a circunda, só quanto ao aspecto das coisas é possível aos espíritos menos depurados se moverem entre holográficas referências terrenais, próprias ainda dessas regiões etéreas mais densas. 
 
 
Como quer que seja, em nenhuma hipótese atende-se a necessidades que, do outro lado, não é possível satisfazer; não há, lá em cima, como fruir gozos carnais, por falta do instrumento dos mesmos: o corpo físico. Por isso Kardec recorre ao suplício mitológico de Tântalo como oportuna ilustração; a metáfora de tudo que está tão perto e, ao mesmo tempo, é inalcançável. Havia entre os antigos um conhecimento mais exato do estado do mundo espiritual do que entre os modernos, segundo Kardec; pela razão de que estes materializavam os gozos de além-túmulo, bem como suas penas. O Espiritismo discorda terminantemente disso, seja no cristianismo, seja mesmo no islamismo. Diz Kardec sobre certa nuança da vida depois da morte no Alcorão, Surata XXXVII, v. 39 a 47: 
 
 
Sem dúvida se notará que os rios, as fontes, os frutos abundantes e as sombras aí representam grande papel, por faltarem sobretudo aos habitantes do deserto. Os leitos macios e as roupas de seda, para gente habituada a dormir no chão e vestida com grosseiras peles de camelo, também deviam ter grande atrativo. Por mais ridículo que tudo isto nos pareça, pensemos no meio em que vivia Maomé e não o censuremos muito, pois, com o auxílio deste atrativo, ele soube tirar um povo da barbárie e dele fazer uma grande nação. 
 
 
Que diria Kardec então sobre a literatura de Chico Xavier e cia.? Que diria da comida, da bebida, das moradias, dos perispíritos com “calor orgânico” e “pulsação regular” de André Luiz? RIDÍCULO! Alguns querem situá-la numa transição do Catolicismo para o Espiritismo. Mas não vejo que a maioria evolua de Chico Xavier a Kardec; o contrário é que é considerado evolução, sem que praticamente ninguém se dê conta de um tão colossal anacronismo. Ora! Da refinada e cuidadosa concepção do mundo espírita, sem mescla em Kardec, até as bizarras grosserias da literatura de Chico Xavier e quejandos não há senão uma involução lamentável e grotesca.
 
 
De fato, o conceito de mundos transitórios é coisa crua, até insólita inicialmente. Espíritos a viver em meio ao caos dos elementos, até que a vida surja e se organize em planetas temporariamente inférteis, soa um tanto estranho sem o adendo que Kardec adiciona posteriormente: atmosfera espiritual, não mais a simples ação dos pensamentos nos fluidos ambientes, mas regiões etéreas, meios de maior ou menor pureza, que lhes servem de habitat post-mortem. As circunstâncias em que a ideia de mundos transitórios ou intermediários é transmitida ao mestre são, no mínimo, curiosas. 
 
 
Ele desconfia de uma informação de Chopin e lhe diz não compreender ser possível a espíritos errantes a execução de peças musicais no além-túmulo. Mozart, instado por Kardec a dar explicações sobre esse suposto fato, assegura compreender a hesitação do mestre; todavia confirma o dito de Chopin e o justifica com a existência, para os seres errantes, dessas espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, embora, com isso, em absoluto, não responda ao que Kardec lhe pergunta. O mestre submete a questão a outro centro espírita, no qual Santo Agostinho junta a essas as informações que definem como mundos transitórios os planetas de superfície temporariamente estéril, mas habitados por espíritos errantes; avança e diz que, em nosso sistema, nenhum orbe existe nessa condição e que, só a Terra, durante sua formação, foi um deles, também conhecidos àquela altura por mundos intermediários
 
 
Esta sinonímia permanece na Revista e não passa explicitamente ao Livro dos Espíritos, no qual Kardec, na verdade, promove uma espécie de harmonização dos ensinos de Mozart sobre campos de descanso e os de Santo Agostinho a respeito de mundos transitórios. Isto se verifica sob o império da matemática, da física, da química, da biologia e, neste caso, sobretudo, da astronomia. O contexto cultural positivista é determinante para o julgamento de Kardec. Ante o paralelismo vocabular entre Espiritismo e astronomia, ele assimila os campos de descanso de Mozart aos mundos transitórios de Santo Agostinho, em cujo ínterim, mais tarde, instala-se a temeridade das colônias espirituais. Não há demérito de Kardec. Houve uma fatalidade. Essas ciências são matrizes metafóricas fortíssimas; a tal ponto que o próprio Espiritismo teria abortado se surgisse antes delas. Nenhuma surpresa, portanto. 
 
 
As coisas findam por se definir melhor no capítulo décimo quarto de A Gênese, no qual Kardec traça um recorte epistêmico brilhante, em que deixa os espaços físicos, materiais, ponderáveis, às ciências, e reivindica os domínios fluídicos, imponderáveis, espirituais, para o Espiritismo. Com isso, os espíritos são postos, enfim, em suas mais precisas fronteiras universais, que se estendem das superfícies planetárias até as inumeráveis camadas fluídicas que as circundam. Tanto os mundos transitórios de Santo Agostinho, quanto os campos de descanso de Mozart, permanecem viabilizados, desde que não padeçam o embaraço reducionista inicialmente provocado pelo paralelismo vocabular entre Espiritismo e astronomia. Diz-se, aliás, que os espíritos estão no mundo espírita, todavia, a ninguém acode o pensamento de que estejam propriamente noutro planeta, ao menos não na superfície de algum deles. Assim, depois de erraticidades algo penosas, tantas vezes acontecidas nas superfícies planetárias, ou nas regiões fluídicas próprias de seus entornos mais imediatos, pode-se admitir sejam os espíritos encaminhados a esses mundos, isto é, na verdade, a essas espécies de bivaques, de campos de repouso também localizados na atmosfera espiritual dos orbes, donde seguem, após períodos mais ou menos longos, em geral, para a reencarnação. Nada, porém, que autorize o mundo espírita a replicar a vida física em peripécias coloniais. 
 
 
O Espiritismo espraia a vida espiritual pelos “espaços infinitos povoados ao infinito”; o espaço que se supõe vazio está cheio de uma matéria em estados que, de ordinário, escapam aos nossos sentidos e instrumentos: esse é o mundo dos espíritos propriamente dito, que interpenetra o universo físico e em tudo o transcende. Estima-se, aliás, que a matéria conhecida represente apenas quatro por cento do universo, cabendo vinte e seis por cento à matéria escura e, assustadores setenta por cento, à energia escura. Pouquíssimo se compreende a respeito do que efetivamente seriam. 
 
 
Para além das nossas conjecturas, no entanto, é bom que se saiba haver estas certezas inflexíveis, o grande legado espírita a nossa modernidade atormentada pela doença de uma suspeita sistemática ao extremo: 1) a alma do justo é recebida como um irmão bem-amado e longamente esperado; a do mau, como um ser que se despreza; 2) segundo a afeição que tenhamos mantido, quase sempre aqueles que conhecemos na Terra vêm receber-nos, ajudar-nos em nossa libertação das faixas da matéria, depois do que reencontraremos a muitos que havíamos perdido de vista, assim como veremos outros espíritos que ali estarão, e os que se encontrarão ainda encarnados, que poderemos, sim, visitar; 3) raro será que haja solidão, porque viveremos em grupos, em famílias, unidos na similitude de tendências e propósitos, segundo nossa elevação; 4) conforme nossas disposições evolucionais e até que não nos haja mais proveito nisto, voltaremos a viver aqui, ou noutros mundos, rumo à vida exclusivamente espiritual.
 

Referências Bibliográficas

O Livro dos Espíritos, 87 e 232.

Revista Espírita. Mai/1859. “Música de Além-Túmulo” e “Mundos Intermediários ou Transitórios”, n. 3. O Livro dos Espíritos, 234 a 236.

Revista Espírita. Ago/1859. Mobiliário de Além-Túmulo, ns. 20 e 22.

A Gênese, VI, 19.

Revista Espírita. Abr/1859. Quadro da Vida Espírita.

O Livro dos Espíritos, 22, 36, 55, 87 e 278.

O Livro dos Espíritos, 232.

A Gênese, cap. XIV, ns. 3 a 5 e 10

O Livro dos Espíritos, 257. O Livro dos Médiuns, Parte II, Cap. IV, n. 74, XXIV.

O Livro dos Médiuns, 2.ª Parte, VIII. A Gênese, XIV, ns. 9 e 14.

Revista Espírita. Mai/1858. Palestras familiares de além-túmulo.

O Livro dos Espíritos, 255.

Revista Espírita. Mai/1859. Música de Além-Túmulo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, III, 2.

O Céu e o Inferno. 2.ª parte, cap. V, Um Ateu, n. 19.

A Gênese, XIV, 9 e 10.

Revista Espírita. Jun/1868. A fome entre os espíritos.

Revista Espírita. Mai/1865. Dissertações Espíritas. Sobre as Criações Fluídicas. Grifo do original.

O Livro dos Espíritos, 237.

KARDEC. A Gênese, XIV, 14.

Cf. Op. cit., n. 278 e comentário ao n. 266.

Revista Espírita. Mai/1859. Música de Além-Túmulo.

Revista Espírita. Ago/1859. Mobiliário de Além-Túmulo, ns. 20 e 22.

Revista Espírita. Jun/1868. A fome entre os espíritos. Negrito meu.

Revista Espírita. Jul/1862. Hereditariedade Moral.

Revista Espírita. Mai/1863. Questões e Problemas. Espíritos incrédulos e materialistas.

O Livro dos Espíritos, 402.

O Livro dos Espíritos, comentário ao n. 317. Revista Espírita. Maio/1859. Cenas da Vida Privada Espírita, ns. 20 a 22.

O Céu e o Inferno. Parte I, cap. IV, n. 14.

Revista Espírita. Nov/1866. Maomé e o Islamismo. Negrito meu.

Os Mensageiros. Cap. 22.

Revista Espírita. Mai/1859. Música de Além-Túmulo. Mundos Intermediários ou Transitórios.

Cf. A Gênese, I, 16.

O Livro dos Espíritos, 160, 215, 287. A Gênese, XI, 27 (ou 28).

 

Fonte: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2013/05/o-espaco-e-os-mundos-nao-colonias.html

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Medicina reconhece obsessão espiritual


Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos . Medicina reconhece obsessão espiritual . Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

"Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida... Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também...Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade. Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: Mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade. Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Por: Osvaldo Shimod

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Qual a Origem do Homem segundo a doutrina espírita? Como Ocorreu? Quando, aproximadamente?

 

 Gênese e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório
A inquietação do homem leva-o a perquirir sobre a origem da vida e do universo. A Bíblia e a Ciência fornecem-nos algumas explicações. Nosso propósito e analisá-las sob a ótica da Doutrina dos Espíritos.
Segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem - Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele.
Segundo a Ciência, a vida é o resultado de uma complexa evolução que durou uma centena de milhões de anos. Sua origem nos é infensa. Contudo, estabelece algumas hipóteses sobre o começo. Dentre as hipóteses aventadas, a mais aceite pelos cientistas é a de que a vida se originou a partir da formação do protoplasma, matéria elementar das células vivas. O protoplasma evolui para as bactérias, vírus, amebas, algas, plantas, animais até chegar à formação do homem.
Segundo o Espiritismo, a vida, também, é o resultado desta complexa evolução comprovada pela Ciência. Allan Kardec em A Gênese, André Luiz em Evolução em Dois Mundos e Emmanuel em A Caminho da Luz atestam para a formação da camada gelatinosa, depois das altas temperaturas e resfriamento pelo qual passou o nosso planeta, na época de sua constituição, há cinco bilhões de anos. Há o aparecimento do protoplasma e toda a cadeia evolutiva. A diferença entre Ciência e Espiritismo é que o segundo faz intervir a ação dos Espíritos no processo de evolução.
Os Espíritos, para o Espiritismo, foram criados simples e ignorantes com a determinação de se tornarem perfeitos. Para isso necessitam do contato com a matéria. André Luiz em Evolução em Dois Mundos cita que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão.
Allan Kardec, no capítulo XII de A Gênese, esclarece-nos com precisão a linguagem figurada da Bíblia. Adão e Eva não seria o primeiro e único casal, mas a personificação de uma raça, denominada adâmica; a serpente é o desejo da mulher de conhecer as coisas ocultas, suscitado pelo espírito de adivinhação; a maçã consubstancia os desejos materiais da humanidade.
A busca do conhecimento nas obras básicas e complementares da Doutrina Espírita auxilia o nosso pensamento na descoberta da verdade. Empenhemo-nos, pois, neste estudo comparativo, se quisermos ter uma visão mais ampla e profunda do Espiritismo.

Fonte de Consulta


A gênese segundo o espiritismo

Sem mágicas ou mitos, a criação do universo e a origem da humanidade recebem, sob a luz do espiritismo, explicações bem diferentes das que estamos acostumados a ouvir dentro de outras doutrinas religiosas. Acompanhe!


“De onde viemos?” – a pergunta que não cala na mente de filósofos, cientistas e pesquisadores há séculos encontra as mais variadas respostas nas religiões mundo afora. Entre mitos criacionistas e histórias lindas sobre a origem do homem e do universo, o espiritismo preferiu seguir outro caminho, menos fantasioso, mas igualmente fascinante. Para os espíritas, quem deseja compreender a gênese deve estar disposto não apenas a conhecer os ensinamentos de Kardec, mas a acompanhar de perto as descobertas científicas.
Para entender um pouco como se deu esta aliança entre ciência e religião no espiritismo, vamos voltar ao século 19, época em que Kardec codificou a doutrina. Naquele tempo, o mundo vivia uma verdadeira efervescência de ideias científicas, invenções e descobertas – basta lembrar que foi nessa época que nasceu a Teoria da Evolução, de Darwin. Então, Kardec, como era um homem, acima de tudo, estudioso e pesquisador, não se fez de rogado e buscou na ciência as bases para codificar e entender melhor o mundo dos homens e dos espíritos.
Uma das obras da codificação espírita, A Gênese, trouxe a parte da ciência tradicional de acordo com o conhecimento que já existia no século 19 interpretada à luz da nova doutrina, que estava sendo codificada por Kardec. Na obra, cita-se a origem do universo, da Via Láctea, do sistema solar, da Terra, da vida na Terra... Tudo partindo do conhecimento científico.
“Não acolhemos o criacionismo do Velho Testamento. O conceito da gênese no espiritismo, em linhas gerais, segue a teoria de Darwin”, explica Wlademir Lisso, advogado na área Internacional e professor da Unicamp, autor de livros espíritas e expositor da doutrina kardecista no Brasil e no Exterior.
Mas e quanto à origem dos espíritos, as encarnações e Deus? Como a doutrina conjuga esses temas com a ciência? É isso o que vamos ver agora.

Prezados amigos,

Conforme a Doutrina espírita, a origem do homem está de acordo com a Teoria Evolucionista de Darwin, ou seja, viemos dos reinos inferiores da criação. Mas Darwin só concebeu a evolução material, deixando algumas lacunas em sua teoria, como por exemplo as especialidades que os seres adquirem além necessidade ambiental. Solução que foi concebida por Alfred Russel Wallace, que passou a conceber o espírito como princpipio diretor à reger as formas materiais. Aliás, Russel Wallace, elaborou a teoria evolucionista juntamente com Darwin, mas foi relegado ao esquecimento por se ocupar do espiritismo para elucidar a questão.


Mas voltando à Doutrina Espírita, vamos dar uma olhadinha na questão 607 do Livro dos Espíritos:


607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”

a) - Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
 
“Já não dissemos que todo em a Natureza se encadeia e
 tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”

b) Esse período de humanização principia na Terra?

“A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Não é freqüente o caso; constitui antes uma exceção.”

Como vemos, estamos tratando aqui da elaboração da espécie Humana no que toca ao ponto material e espiritual, mas a abordagem ainda não é sobre a criação espiritual!
Sobre a data terrena em que o espírito passou a estagiar na espécie humana, temos de nos ater aos estudos geológicos da ciência, porém, vale a pena ler o livro A Caminho da Luz, de Chico Xavier/Emmanuel, que trata sobre o tema.
Vale a pena ler também o livro "Colônia Capella - A Outra Face de Adão", por Pedro de Campos / espírito Yehoshua Ben Nun, com riquíssimos detalhes sobre a evolução humana.

Um forte abraço,
Paulo


Segundo cientistas, o planeta Terra foi formado há aproximadamente 4,6 bilhões de anos após uma grande explosão. Na atmosfera havia muita água, gases e relâmpagos. Quando esses três elementos se juntaram, deram surgimento a diversas substâncias que começaram a fazer da Terra um ambiente propício para a vida.
Os primeiros seres vivos que existiram na face da Terra datam de 3,8 bilhões de anos, e os cientistas os chamam de estromatolitos. Esses primeiros seres vivos eram bem simples. À medida que os anos iam passando, eles iam evoluindo e, a partir deles, outras formas de vida iam surgindo. Milhões de anos depois surgiram os organismos invertebrados. Segundo pesquisadores, as esponjas foram os primeiros animais invertebrados a surgir na Terra, há 650 milhões de anos; e há 520 milhões de anos surgiram os primeiros vertebrados.

Esponjas e peixes, seres primitivos.
Esponjas e peixes, seres primitivos.


Você deve estar se perguntando, mas como é que os cientistas conhecem essas informações?  

Pelo simples fato de todos esses organismos terem deixado fósseis

Mas o que são fósseis? Fósseis são evidências de que um organismo vegetal ou animal viveu na Terra, tais como pedaços dos ossos, pegadas, impressões corporais, etc.
Esses pesquisadores possuem técnicas que datam todo e qualquer fóssil encontrado, por isso eles sabem aproximadamente há quantos anos aquele organismo viveu na Terra.

Fósseis de dinossauros.
Fósseis de dinossauros
Não se sabe ao certo como surgiu a espécie humana na Terra. Várias são as teorias sobre o seu aparecimento e a sua evolução. Cientistas acreditam que a espécie humana surgiu entre 125 e 250 mil anos e foi evoluindo aos poucos. A figura abaixo ilustra a evolução do homem desde que a espécie surgiu.

fonte: 




Na sequência da evolução humana: Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens, Homo sapiens neanderthalensis, Homem Cro-Magnon
Na sequência da evolução humana: Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens, Homo sapiens neanderthalensis


Os primeiros habitantes da terra
 
A pré-história é o período anterior ao aparecimento da escrita, por volta do ano 4000 a.C..Seu estudo depende da análise de documentos não-escritos, como restos de armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos. O gênero HOMO apareceu entre 4 e 1 milhão de anos a .C.. Aceita-se três etapas na evolução do homem pré-histórico, entre os estudiosos. São elas:

I - PALEOLÍTICO (idade da pedra lascada)

a) Paleolítico inferior: 500.000 – 30.000 a.C.
b) Paleolítico superior: 30.000 – 8.000 a.C.

II - NEOLÍTICO (nova idade da pedra)

8.000 – 5.000 a.C.

III - IDADE DOS METAIS

5.000 – 4.000 a.C.
Esta divisão é evolucionista mas numerosos investigadores da história contestam tal visão. Afirmam que existe grande diversidade cultural entre os grupos humanos e que, diante de determinado problema, cada homem se organiza de um modo, o que resulta em culturas diferentes. Daí conclui-se que certos grupamentos humanos podem ter simplesmente acelerado um dos estágios ou ter saltado um deles.

A Origem do Homem

A precariedade de informações limita o conhecimento da origem do homem. As primeiras pesquisas datam do final do século XIX; e muitas descobertas de restos humanos ocorreram de modo casual, nem sempre realizadas por especialistas.
A descoberta de traços culturais comuns em grupos afastados indica que, provavelmente, apareceram vários deles em regiões diferentes.
De modo geral, dizemos que há um tronco comum do qual se originaram os grandes macacos (pongidae) e os homens (hominidae). Em determinado momento da evolução, os dois grupos se separaram e cada um apresentou sua evolução própria. Os pongidae apresentaram a forma do gorila, chimpanzé e orangotango; os hominidae ou hominídeos, a forma do atual homo sapiens.

Os Australopithecus

Trata-se do mais antigo hominídeo que se conhece. Foi encontrado na África do Sul e os estudos revelaram que viveu entre 1 milhão e 600.000 a.C.. Apesar do crânio pequeno, possuía traços característicos dos hominídeos. Era bípede e postura mais ereta.
Australopithecus Afarensis

O Homo Habilis e o Pithecanthropus Erectus

O homo habilis viveu há cerca de 2,5 milhões de anos e foi contemporâneo do australoptecus, mas com capacidade craniana ampliada. Esta incluiu carne em sua alimentação, o que provocou mudanças em sua arcada dentária.
Homo Habilis
Segue-se o terceiro tipo de hominídeo, o Pitecanthropus Erectus, que deve ter vivido entre 500.000 e 200.000 a.C.. O homo erectus, como hoje se denomina, possuía maxilares maciços e dentes grandes, cérebro maior que o tipo anterior e membros mais bem adaptados à postura ereta.
Alguns exemplos:
I - JAVANTROPO – (Homem de Java): 1,5 metros de altura e deve ter passado a maior parte da existência no chão.
II - SINANTROPO – (Homo Pekinenses): Descoberto na china. Junto do esqueleto havia grande quantidade de facas, raspadores e pontas, o que demonstra elevado estágio de desenvolvimento.
III - PALEANTROPO – (Homem de Heidelberg)

O Homo Neanderthalensis

Encontrado em Neanderthal, Alemanha. Houve descobertas semelhantes França, Iugoslávia, Palestina e África do Sul. Deve ter existido entre 120.000 e 150.000 a.C.
Este hominídeo possuía capacidade craniana elevada e já vivia em cavernas e deixou inúmeros traços de sua existência.

O Cro-Magnon

Com o homem de Cro-Magnon atinge-se o Homo Sapiens. Chegamos a este estágio por volta de 40.000 a.C., possuía altura acentuada, membros retos e peito amplo, como também, a maior capacidade craniana encontrada até então, o que provou através da arte, da magia e da vida social.

Padrões Culturais da Pré-História

Podemos classificar os estágios culturais da humanidade em selvageria, barbárie e civilização.. A civilização seria posterior à escrita; as demais, características dos homens da pré-história.
Tal visão apresenta dois defeitos básicos, quais sejam:
I. pretende que a civilização em que vivemos seja o modelo, em função do qual se deva julgar todos os outros estágios da evolução;
II. pressupões que todos os povos da pré-história tivessem passado pelas mesmas etapas, o que Não corresponde aos documentos históricos encontrados.
Cada povo tem sua própria cultura e civilização, que devem ser compreendidas no seu momento histórico exato, do contrário, não estaríamos fazendo história, mas tentando demonstrar a superioridade da civilização ocidental.
O surgimento da agricultura se deu entre 8.000 e 5.000 a.C.(neolítico), quando o homem deixou sua vida nômade, sedentarizando-se às margens dos rios e lagos, cultivando trigo, cevada e aveia. Nesta época também domestica ovelhas e gado bovino, otimizando sua cadeia alimentar.. Aí também surgem os primeiros aglomerados urbanos, com finalidade principalmente defensiva. Nesta época também as viagens por terra e mar. Estamos falando da chamada comunidade primitiva, onde o solo pertencia a todos e a comunidade se baseava em laços de sangue, idioma e costumes.
A partir deste ponto, a evolução das comunidades processou-se em duas direções: no sentido da extensão da posse e da propriedade individual dos bens no sentido da transformação das antigas relações familiares.
Durante a idade dos metais (5.000 a 4.000 a.C.), o cobre passou a ser fundido pelo homem, seguindo-se o estanho, o que permitiu a obtenção do bronze, resultante da liga dos dois primeiros. Por volta de 3.000 a.C., produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia, sendo esta técnica difundida para outros povos a partir daí.
A metalurgia do ferro é posterior e tem início por volta de 1.500 a.C., na Ásia Menor, tendo contribuído decisivamente para a supremacia dos povos que a dominavam e souberam aperfeiçoá-la.

A Origem do Homem Americano

Segundo alguns estudiosos, o continente americano começou a ser povoado há 30.000, 50.000 ou até 60.000 anos atrás. Dos povos mais antigos, os arqueólogos encontraram restos de carvão, objetos de pedra, desenhos e pinturas em cavernas e partes de esqueletos. Dos povos mais recentes encontramos grandes obras como: pirâmides, templos e cidades. Alguns, como os Astecas e os Mais, conheceram a escrita e deixaram documentos que continuam sendo estudados.
Hoje, os pesquisadores admitem que os primeiros habitantes americanos vieram da Ásia, devido à grande semelhança física entre índios e mongóis.
A teoria mais aceita é de que os primitivos vieram a pé, pelo estreito de Behring, na glaciação de 62.000 anos atrás. Outros afirmam que vieram pelas ilhas da Polinésia, em pequenos barcos, tendo desembarcado em diversos pontos e daí se espalhado.
Os vestígios mais antigos da presença do homem no continente foram encontrados em São Raimundo Nonato,PI, Brasil, com idade de 48.000 anos, permitindo a conclusão de que eram caçadores e usavam o fogo para cozinhar, atacar e defender-se dos inimigos, pelos utensílios encontrados


Essa é a primeira parte do Documentário que falara do Criacionismo Divino,e da Teoria da Evolução.Que Também abordara as supostas Origens dos primeiros seres vivos na Terra.

A Origem da Vida Humana na Terra 

 




Origem da vida na Terra: De moléculas orgânicas simples a indivíduos pluricelulares


Todos os seres vivos possuem um código genético.  Ao tomar como verdadeira essa afirmação, a maioria dos biólogos também acredita que toda a vida existente na Terra descende de um único ancestral, um ancestral representativo de todos os seres vivos e que pode ser chamado de o último antepassado comum universal.
Para confirmar essa tese, podemos  recorrer à anatomia comparada para observar características comuns entre os organismos vivos, e entre esses organismos e os fósseis. Ou seja, ao estudar a forma e a estrutura dos seres vivos, percebemos que existem estruturas aparentemente diferentes, que desempenham funções distintas, mas com estruturas internas similares. Essas ocorrências são conhecidas como estruturas homólogas, e os membros dos vertebrados são um bom exemplo disso.
Padrão básico
Podemos comparar os membros superiores do ser humano com as nadadeiras anteriores de uma baleia, as patas anteriores do cavalo e as asas de um morcego. Ao observar a estrutura óssea desses membros, percebemos que todos possuem um padrão básico, apesar de desempenharem diferentes funções: segurar as coisas, nadar, correr e voar. Os órgãos diferentes desses organismos que compartilham de uma estrutura básica indicam que há um ancestral comum a todos eles.
Existem também estruturas superficialmente semelhantes que desenvolvem uma mesma função (as asas de uma borboleta e as asas de uma águia são bons exemplos); essas estruturas são conhecidas como análogas, o que indica que existem “vários caminhos” para resolver um mesmo problema.
Parentesco evolutivo
Ao observar o desenvolvimento embrionário dos vertebrados podemos constatar que todos têm um padrão básico de desenvolvimento, o que é mais um indício do parentesco evolutivo existente entre eles.
E se quisermos fundamentar um pouco mais essa linha de raciocínio, basta lembrar que as modernas pesquisas na área da genética tornaram possível observar a semelhança molecular entre os seres vivos, traçar histórias evolutivas das espécies e estabelecer relações de parentescos entre as espécies de seres vivos.
A vida na Terra
Nosso planeta teve origem há cerca de 4,6 bilhões de anos e a existência da Terra está dividida em eras geológicas. O período desde a formação do planeta até 570 milhões de anos atrás é conhecido como era Pré-cambriana e foi no início desse período que surgiram moléculas com capacidade de autoduplicação, responsáveis por anunciar a origem vida.
A atmosfera terrestre possuía uma composição diferente da atual. Acredita-se que era composta pelos gases metano, amoníacohidrogênio e vapor de água. As fortes descargas de relâmpagos e os raios ultravioleta irradiados pelo sol teriam promovido uma grande variedade de reações químicas na atmosfera, levando ao aparecimento, entre outras, de moléculas orgânicas simples, como alcoóis, aminoácidos e açúcares.
Tais moléculas teriam sido arrastadas pelas chuvas da atmosfera até os mares. Nesse novo ambiente, teriam se reunido e formado moléculas orgânicas mais complexas, as chamadas proteínas. Estas, por sua vez, convivendo em meio ácido formaram aglomerados hoje conhecidos como coacervados ou, estimuladas pela variação da temperatura, reuniram-se, formando pequenas gotas conhecidas como microsferas.
Tanto os coacervados como as microsferas são detentores de proteínas enzimáticas associadas a um tipo de molécula originada nas atmosferas primitivas, o ácido nucleico. Esses aglomerados podem ser considerados o primeiro exemplo de ser vivo, pois se acredita que teriam capacidade de se metabolizar, se reproduzir e transmitir hereditariedade, desenvolvendo com isso a aptidão para evoluir.
Várias teorias
Outras explicações sobre a origem da vida também são aceitas. Para alguns cientistas, as moléculas precursoras da vida foram formadas no fundo dos mares, em regiões de água aquecida pela lava das erupções vulcânicas. Essa água, rica em gás sulfídrico, é utilizada por um tipo de bactéria para produzir alimento. Além disso, ao se reproduzir nesse meio, tais moléculas estariam protegidas das intempéries, dos meteoros e dos efeitos da evaporação.
Podemos, ainda, acreditar que as primeiras moléculas orgânicas tenham caído na Terra a bordo de cometas e meteoros. Assim, uma parte da comunidade científica acredita que as moléculas orgânicas teriam ficado grudadas à argila, formando concentrados de moléculas que em interação produziram novas moléculas orgânicas capazes de se duplicar.
Da análise desse quadro, pode-se concluir que os primeiros seres vivos deveriam ser bastante simples e, na verdade, existem ainda hoje algumas bactérias denominadas arqueobactérias (arqueanas) que são capazes de viver em locais ermos como fontes de água quente, lagos salgados e pântanos. Acredita-se que as arqueanas seriam os seres que mais se assemelham aos primeiros seres vivos, embora sejam bem mais complexos que estes. Esses seres primevos cresciam e partiam-se em pedaços capazes de manter as características originais, perpetuando assim sua linhagem e conseguindo se reproduzir.
Alguns cientistas acreditam que os primeiros seres vivos, que se alimentavam das próprias substâncias orgânicas que lhe propiciavam formação, eram seres heterótrofos, pois não conseguiam produzir seu próprio alimento. Outros pesquisadores acreditam que eles obtinham energia a partir de reações químicas, fabricando suas próprias substâncias a partir das substâncias inorgânicas.
Atualmente, existem seres capazes de sobreviver em regiões inóspitas como fontes de águas quentes e vulcões submarinos, que igualmente utilizam o processo citado para obtenção de energia, são os seres quimiolitoautótrofos.
O papel da fotossíntese
O aparecimento da fotossíntese, a produção de alimento a partir de substâncias inorgânicas simples utilizando-se da energia radiante (luminosa), foi um passo importante e decisivo na história da vida na Terra. Acredita-se que inicialmente a fotossíntese tinha como reagentes o gás carbônico e o sulfeto de hidrogênio, como ocorre nas sulfobactérias atualmente.
Na presença da luz, as sulfobactérias primitivas eram capazes de transformar o gás carbônico e o sulfeto de hidrogênio em glicose, enxofre e água. Posteriormente, surgiram seres capazes de aproveitar a água nesse processo, eles seriam os ancestrais das cianobactérias.
Quando isso ocorria, a fotossíntese se processava tal como na maioria dos casos hoje, ou seja, na presença da luz esses seres eram capazes de transformar gás carbônico e água em glicose e gás oxigênio. Como a Terra possuía uma grande disponibilidade de água, esses ancestrais das cianobactérias puderam se espalhar pelo planeta.
Essa proliferação foi tão grande que a atmosfera terrestre foi modificada em razão do acumulo do gás oxigênio produzido nessa reação. Outras condições do ambiente terrestre também foram modificadas. O oxigênio reagiu com os gases da atmosfera, que oxidou os metais, os quais passaram a se depositar no fundo dos mares e rios, e reagiu também com os compostos orgânicos degradando-os, causando um grande impacto ambiental.
Oxigênio e oxidação
Apesar do efeito destruidor do oxigênio, determinadas formas de vida foram capazes de sobreviver. Algumas espécies haviam desenvolvido a capacidade de se proteger contra a oxidação promovida pelo oxigênio. Alguns seres adaptaram-se às novas condições e passaram a utilizar a oxidação como uma forma de desmontar, de quebrar as moléculas orgânicas de alimento.
O controle da oxidação da matéria orgânica garantia a obtenção de energia e assim surgiu a respiração celular. A respiração celular é uma reação química, inversa à reação de fotossíntese, que ocorre na grande maioria dos seres vivos atuais.
O gás oxigênio presente na atmosfera também sofreu transformação formando o gás ozônio, que deu origem à formação da camada de ozônio, responsável pela redução da passagem de raios ultravioleta, nocivos aos seres vivos.
Procariontes e eucariontes
Os primeiros seres vivos eram provavelmente muito simples e assemelhavam-se aos procariontes atuais (seres unicelulares de estrutura mais simples, com material genético livre no citoplasma, sem um núcleo individualizado). Depois, com o passar do tempo, surgiram os seres eucariontes (indivíduos que possuem estruturas celulares mais complexas, com material genético separado do citoplasma por uma membrana nuclear, formando um núcleo verdadeiro).
Acredita-se que esse tipo de célula surgiu a partir das células procariontes por intermédio de determinados processos, enquanto outras, chamadas de organelas celulares, como a mitocôndria e o cloroplasto, surgiram a partir da invasão e consequente permanência de bactérias no interior das células primitivas.
Por sua vez, as células eucariontes podem ter passado a viver reunidas em colônias, formando os primeiros indivíduos formados por múltiplas células, os chamados pluricelulares. Os seres que viviam nessas colônias começaram a dividir “o trabalho” de realização das funções vitais e, dessa forma, aparecem as diferenciações dos tecidos celulares.
História geológica e seleção natural
Do que foi dito até agora, podemos observar que as moléculas orgânicas se organizaram dando origem às células, que em conjunto formaram os tecidos, responsáveis pela constituição dos órgãos, que, por sua vez, se reúnem para desempenhar uma função.
Já os diferentes conjuntos de órgão desempenham as várias funções vitais necessárias à sobrevivência de um organismo, de um individuo de uma determinada espécie, enquanto a junção de vários organismos de uma mesma espécie formam uma população.
Na mesma sequência, o conjunto formado pela parte inanimada do ambiente (solo, água, atmosfera) e pelos seres vivos das diferentes populações que ali habitam recebe o nome de ecossistema. Por seu turno, o conjunto de todos os ecossistemas é conhecido como biosfera, a parte do planeta ocupada pelos seres vivos.
De tudo isso, podemos afirmar que a história da vida na Terra está intimamente ligada à sua própria história geológica, pois ocorreram diversas alterações ambientais que favoreceram alguns seres em detrimento de outros, processo que se convencionou chamar de seleção natural.


Maria Sílvia Abrão, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação é bióloga, pós-graduada em fisiologia pela Universidade de São Paulo e professora de ciências da Escola Vera Cruz (Associação Universitária Interamericana).

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