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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Política

"[...] o maior entre vós seja como o mais novo, e o que comanda como o que serve." (Lucas, 22:26)

O Evangelho apresenta, igualmente, a mais elevada fórmula de vida político-administrativa aos povos da Terra.

Quem afirma que semelhantes serviços não se compadecem com os labores do Mestre não penetrou ainda toda a verdade de suas Lições Divinas.

A magna questão é encontrar o elemento humano disposto à execução do sublime princípio.

Os ideais democráticos do mundo não derivaram senão do próprio ensinamento do Salvador.

Poderá encontrar algum sociólogo do planeta, plataforma superior além da gloriosa síntese que reclama do governante as legítimas qualidades do servidor fiel?

As revoluções, que custaram tanto sangue, não foram senão uma ânsia de obtenção da fórmula sagrada na realidade política das nações.

Nem, por isso, entretanto, deixaram de ser movimentos criminosos e desleais, como infiéis e perversos têm sido os falsos políticos na atuação do governo comum.

O ensinamento de Jesus, nesse particular, ainda está acima da compreensão vulgar das criaturas.

Quase todos os homens se atiram à conquista dos postos de autoridade e evidência, mas geralmente se encontram excessivamente interessados com as suas próprias vantagens no imediatismo do mundo.

 Ignoram que o Cristo aí conta com eles, não como quem governa tirânica ou arbitrariamente, mas como quem serve com alegria, não como quem administra a golpes de força, mas como quem obedece ao Esquema Divino, junto dos seres e cousas da vida.

 Jesus é o Supremo Governador da Terra e, ao mesmo tempo, o Supremo Servidor das criaturas humanas.

Emmanuel

(Alma e luz. Ed. IDE, Cap. 12)

Mensagens de Emmanuel: https://play.google.com/store/apps/details?id=peloespiritoemmanuel.com

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Ao Meu Companheiro Dr. Helder


 Por: Claudionor Lima

 Oh, meu companheiro, Dr. Helder, o que tenho para te dizer neste momento...
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Ainda tenho vivo em minha mente aquele memorável dia 25 de agosto de 1994, uma quinta-feira, quando fui recebido por você (Que honra! Que luxo! Que presente!) no Grupo Espírita Ave Luz, dia dos estudos de “O Livro dos Espíritos”.
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Você, como sempre, se curvava em gesto de acolhimento, apertou firme a mão e me indicou onde sentar para ouvir os estudos, dizendo: “seja bem-vindo...”. Isso impactou minha vida. Muito do que me tornei como ser humano devo à minha permanência no Ave Luz por mais de 20 anos, graças à sua inspiração e aconselhamento.
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Você é o professor dos professores. Você nos formou. Formou gerações no meio espírita. Talvez a única coisa que você nunca negou às pessoas foi a habilidade de ensinar. Formou dezenas, talvez até centenas, nestes mais de 32 anos dedicados à Doutrina Espírita, entre passistas, coordenadores de grupo, monitores de evangelho, de ESDE. Foi, é e sempre será sua marca: ensinar, libertar almas através do conhecimento – neste caso, o conhecimento do mundo espírita.
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Suas histórias de ensino vão além do tradicional. Ele, certa vez, me contou uma história que revela seu tamanho como cristão. Quem, por exemplo, iria a pé da Aerolândia, onde morava em 1994, até o Jangurussu (um trecho de mais de 12 km) porque, naquele momento, faltavam-lhe recursos? E ainda assim ele mantinha o compromisso de levar o espiritismo a almas sedentas de conhecimento, sabendo que este conhecimento poderia magnetizar, curar, aliviar dores e sofrimentos. Fora outras histórias, como as vezes em que, mesmo com febre, sem voz, doente, a pé, de qualquer forma, ele estava disposto a ajudar sempre.
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Ele é convicto sobre ser espírita e sobre sua missão na Terra, coisa (convicção) que nos falta em muitas áreas. Essa sua postura firme impactou e ajudou muitas vidas, tenha certeza disso. A arte de cuidar e zelar pelas pessoas foi além de sua vida profissional como enfermeiro. Ele cuidava de todos. Preocupava-se com todos. Esse é o Helder. Não media esforços físicos, materiais, financeiros e até biológicos para se dedicar à instituição que ajudou a fundar, a qual, como ele gostava de dizer: “um ponto de luz em meio à escuridão”. Esse foi seu grande legado e jamais será esquecido.
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Fui forjado por suas palavras e gestos. Você me inspirou profundamente. Sou grato por tudo. Meu amigo, eu gosto muito de escrever, mas a emoção que me toma agora me impede de dizer tudo sem esquecer detalhes importantes da nossa história. Apesar do distanciamento dos últimos anos, consegui te visitar nestes momentos finais da sua existência. E, na última vez que te vi, disse-lhe, abraçando-o, que o amava. Não esqueça disso.
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Aqui não é um adeus para você. É um até logo. É um “vamos fazer uma reunião ou estudo”, em breve ou, talvez, não tão breve, em algum lugar deste espaço infinito.
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Foi um privilégio conviver com você, compartilhar um tempo e uma época ao seu lado. Ter trabalhado e estudado com você. Vivemos experiências incríveis, e isso jamais será esquecido.
Vá, caro amigo, e se junte a companheiros e companheiras que foram antes, como Carvalho, Anchieta, Pedrinho e tantos outros, e cuidem de nós por aí.
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Como está nos postulados espíritas: “àqueles que foram já devem ter cumprido sua missão. Os que estão talvez sequer tenham começado”.
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Siga com Deus e os bons Anjos!
À família Loureiro, todos, força. Estamos aqui!
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Além do túmulo o espírito ainda canta seus ideais de paz, am
or e luz.

Até breve, amigo Helder

 

Por: Fco Jadas da Silva

Meu amigo Helder, bom dia!

Somente hoje encontro palavras para expressar essa nossa breve "separação". Bem sei que já estava se despedindo, devagarinho. Via em teus olhos o olhar de quem já deslumbrava o alvorecer de um novo mundo. Já estava preparando tua bagagem para a grande partida. Senti isso quando te vi pela última vez em tua casa. Fiz algumas perguntas. As respostas vieram fracionadas, por vezes incompreensíveis, pois o teu corpo já não mais permitia expressar o sorriso largo com o qual sempre nos cativava. Mas teus olhos, essas janelas da alma, expressavam todo o teu sentimento.

Pois bem! Agora um pouco mais recomposto, vêm-me à lembrança os nossos ideais de juventude. Procuro retirar a poeira deixada pelo tempo e vejo-te nos arquivos de minha memória o nosso encontro com a Doutrina Espírita. Abraçaste-a com desvelo, com um amor incontido e um ardor que contagiava a todos que te ouviam, tornando-a teu ideal nesta breve existência.

Foste um verdadeiro espírita, pois como assevera Kardec em o Evangelho Segundo o Espiritismo, "o espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, caracteriza o verdadeiro espírita como o verdadeiro cristão, que são a mesma coisa".

Ontem, retornaste  ao Grande Além. Já estava de malas prontas à espera da condução. Aguardava, no Porto da Esperança, um navio chamado Caridade que te conduziria à outra margem da Vida.

Embarcas! À medida que o navio se aproxima da linha do horizonte, percebe que teu olhar já não alcança os que aqui ficam! "... Quem parte leva saudade de alguém..."! Guarda contigo a saudade dos que te amam, não o lamento da dor, da separação, pois que esta não existe. A Vida continua profícua e bela.

"Que maravilha, meu Deus!", exclama. Agora  teu olhar percebe a outra margem que se avizinha. Passa a enxergar com maior nitidez, mais clareza. Escuta hozanas, percebe amigos que precederam e estão a te recepcionar na outra margem da Vida.

Filho pródigo, retornaste ao regaço do Pai, à nossa pátria de origem. Multiplicaste os talentos concedidos. Combateste o bom combate!

Até breve, amigo Helder!





segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Como colonizadores infectaram milhares de índios no Brasil com presentes e promessas falsas


Gravura de Rugendas retrata indígenas no início do século 19

Crédito, Biblioteca Nacional

Legenda da foto, Relatos registrados ao longo da história do Brasil apontam para o uso proposital de doenças como armas biológicas

 Author, Leonardo Neiva

 Role, De São Paulo para a BBC News Brasil

 

Um avião sobrevoa os campos e despeja dos céus brinquedos infectados pela gripe. Criadores de gado atraem uma tribo desavisada a um povoado que enfrenta uma grave epidemia. Fazendeiros largam estrategicamente pelo chão mudas de roupa contaminadas com varíola.

 São esses alguns dos relatos registrados ao longo da história do Brasil que apontam para o uso proposital de doenças como armas biológicas em batalhas contra povos indígenas e que teriam contribuído para dizimar grande parte das tribos que existiam originalmente no país.

 Índia YanomamiCrédito,

Ao descrever a investida de plantadores de cacau sobre as terras reservadas às tribos kamakã e pataxó, na Bahia do início do século 20, o antropólogo Darcy Ribeiro conta no livro Os índios e a civilização que os invasores lançavam mão de "velhas técnicas coloniais, como o "envenenamento das aguadas" e "o abandono de roupas e utensílios de variolosos onde pudessem ser tomados pelos índios".

Para Rafael Pacheco, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da USP (Cesta), o uso de objetos contaminados foi o principal método usado para inocular doenças entre os indígenas desde o início da colonização.

"Além da similaridade de métodos, o conflito de terras era a motivação mais comum para esses episódios", explica.

O impacto devastador de doenças trazidas pelos europeus ao Brasil entre os índios é largamente conhecido. Além da baixa imunidade, os hábitos coletivos e a falta de tratamentos tornavam a população nativa especialmente vulnerável a doenças trazidas por estrangeiros, como conta o professor de antropologia da Universidade Estadual de Santa Cruz Carlos José Santos.

"Povos inteiros foram massacrados pelos contágios de doenças infecciosas. Aliás, muitos foram considerados extintos por elas, como é o caso dos goitacá", diz Santos, que é indígena e conhecido pelo nome Casé Angatu.

Doenças como varíola, sarampo, febre amarela ou mesmo a gripe estão entre as razões para o declínio das populações indígenas no território nacional, passando de 3 milhões de índios em 1500, segundo estimativa da Funai (Fundação Nacional do Índio), para cerca de 750 mil hoje, de acordo com dados do governo.

As causas dessas epidemias são comumente tratadas pela história como involuntárias. Há, no entanto, diversos relatos de infecção proposital de tribos indígenas no país: entre os timbira, no Maranhão, os botocudos, na região do vale do Rio Doce, os tupinambá e pataxó, na Bahia, os cinta-larga, em Mato Grosso e Roraima, entre vários outros.

Gravura de Rugendas retrata indígenas no início do século 19

Crédito, Biblioteca Nacional

Legenda da foto, Doenças como varíola, sarampo, febre amarela ou mesmo a gripe estão entre as razões para o declínio das populações indígenas no território nacional

Segundo a antropóloga Helena Palmquist, que pesquisa genocídio indígena no Brasil, o método de infecção era comum. "É uma estratégia muito difícil de provar, e os casos aconteciam em rincões, no Brasil profundo, lugares em que ninguém queria entrar."

"Essas histórias não são desconhecidas, só não são levadas a sério. Os casos não foram apurados e nenhuma medida foi tomada, esses episódios eram divulgados pelos órgãos oficiais como fatalidades", afirma Pacheco.

O massacre dos timbira

O caso mais bem documentado aconteceu com índios timbira no Estado do Maranhão, por volta de 1816. Na região, eles travaram, ao longo de décadas, uma guerra violenta contra criadores de gado, que vinham invadindo suas terras desde o início do século 19.

Em meio às constantes escaramuças, era comum que tribos selassem a paz com povoados brancos em busca de uma aliança contra povos inimigos. Foi o que aconteceu com os canela, ou kapiekrã, que, inicialmente derrotados em batalha pelos sakamekrã, acabaram por vencê-los com a ajuda de aliados brancos.

Em determinado ponto, a proximidade desses índios com os ditos civilizados foi tão grande que a tribo largou as terras onde vivia para morar junto a eles. Os brancos, por sua vez, esperavam receber uma ajuda financeira do governo para sustentar os novos agregados.

Esse auxílio, porém, nunca veio, fazendo com que os índios famintos se dispersassem e entrassem em conflito com o povoado. De um lado, a tribo buscava formas de sobreviver. Do outro, os fazendeiros se negavam a dividir seus parcos recursos, acusando os índios de roubar plantações e atacar o gado.

"Perpetraram sobre os habitantes de todo o distrito enormíssimas extorsões, furtando-lhe gado, matando os bezerros e devorando as roças de mantimentos com tão decisiva destruição que, exasperados, muitos dos referidos habitantes largaram as suas propriedades e fugiram da capitania", narra em relatório para a corte o capitão Francisco de Paula Ribeiro, que presenciou o conflito.

Índia Yanomami

Crédito, Fiona Watson/Survival

Legenda da foto, Em 2014, relatório da Comissão Nacional da Verdade identificou entre as causas da morte de cinco mil índios em Mato Grosso e Rondônia, a partir da década de 1950, 'aviões que atiravam brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola', enviados por seringalistas, mineradores, madeireiros e garimpeiros, com a conivência do governo federal

Para dar cabo da ameaça indígena, os proprietários locais, sob o falso pretexto de uma guerra contra outra tribo, teriam atraído os canela à vila de Caxias, que na época sofria com uma epidemia de varíola.

Ali chegando, os índios nada receberam para comer e, ao tentarem saciar a fome nas plantações locais, foram imediatamente punidos. "Foram presos e espancados, inclusive mulheres e crianças, e dentre elas, a esposa do principal chefe da tribo, que, ao reclamar contra este tratamento, foi também fustigado", conta Darcy Ribeiro.

Caçados a tiros de espingarda, os que conseguiram escapar levaram consigo a doença. Assim, a varíola se espalhou entre as tribos da região, como conta Francisco de Paula. Até o ano seguinte, alcançaria populações indígenas a uma distância de 1,8 mil quilômetros dali.

Segundo o capitão, a falta de tratamento ou conhecimento dos índios sobre a doença ajudou a multiplicar a mortes.

"Não será fácil de fazer uma ideia segura de quantas mil almas nele terão perecido, uma vez que se sabe o extravagante método porque estes homens brutais haviam pretendido curar-se — que era deitando-se aos rios para refrescar-se.... ou tirando-se logo as vidas àqueles que apareciam com mais claros sintomas de semelhante moléstia", descreve.

As doenças e a miséria causada pela tomada de seu território reduziu tanto o números dos timbira, de acordo com Darcy Ribeiro, que estes se viram impossibilitados de lutar até mesmo pelas áreas reservadas a eles pelo governo após a pacificação da região.

"À custa de tramoias, de ameaças e de chacinas, os criadores de gado espoliaram a maioria deles e os remanescentes de vários grupos se viram obrigados a juntar-se nas terras que lhes restavam, insuficientes para o provimento da subsistência à base da caça, da coleta e da agricultura supletiva", diz Ribeiro.

Outros relatos

Feito em 1967 e só divulgado ao público 45 anos depois, o Relatório Figueiredo, produzido pelo procurador Jader Figueiredo a pedido do governo militar, relata o uso de vários tipos de violência contra os indígenas por membros do órgão que deveria resguardá-los, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

Entre os assassinatos, abusos sexuais, casos de tortura e corrupção denunciados, o relatório ressalta as acusações de que uma tribo de índios pataxó do sul da Bahia teria sido levada à extinção por uma infecção proposital.

"Jamais foram apuradas as denúncias de que foi inoculado o vírus da varíola nos infelizes indígenas para que se pudessem distribuir suas terras entre figurões do governo", aponta o documento.

Em seu vasto relatório de 2014, a Comissão Nacional da Verdade identificou entre as causas para a morte de cinco mil índios cinta-larga em Mato Grosso e Rondônia, a partir da década de 1950, "aviões que atiravam brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola", enviados por seringalistas, mineradores, madeireiros e garimpeiros, com a conivência do governo federal.

O pesquisador Rafael Pacheco cita também casos ocorridos nas últimas décadas no Paraná e Mato Grosso do Sul, em que proprietários de terra fizeram chover agrotóxico de um avião sobre as águas, terras e plantações de tribos avá-guarani, guarani e kayowa, causando sérios danos à saúde dos índios.

De suas andanças pelo Brasil entre os anos de 1816 e 1822, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire conta uma história ocorrida no vale do Rio Doce, onde um foragido da Justiça, acolhido de forma amigável pelos índios botocudos, teria dado a eles objetos infectados de varíola depois que um chefe indígena se apaixonou por sua filha.

"Muitos botocudos caíram vítimas dessa horrível perfídia", narra Saint-Hilaire, acrescentando que a prática era usual em outras regiões do país.

Maloca da comunidade Moxihatëtëma, formada por diversos telhados de palha voltados uns para os outros, com o centro aberto, em maio a clareira na floresta

Crédito, Funai Legenda da foto, Antropólogo critica vetos recentes aplicados à lei de proteção às comunidades indígenas em meio à pandemia do coronavírus

Transmissão não proposital e omissão

Para o antropólogo Casé Angatu, as doenças serviram desde o início aos interesses dos colonizadores.

"As contaminações, propositais ou não, serviram e servem para espoliar terras indígenas e para o contínuo genocídio dos povos originários", afirma.

Palmquist classifica inclusive como criminosa a política de aproximação de tribos indígenas instalada durante a ditadura, que teria sido diretamente responsável pelo extermínio de milhares de índios.

"Muito rapidamente, a Funai se transformou numa promotora da atração, pacificação e contato com as tribos indígenas, num momento em que já se sabia quais eram as consequências dessa política."

No Relatório Figueiredo, a omissão é também destacada como um dentre os vários crimes cometidos por membros do SPI. "A falta de assistência, porém, é a mais eficiente maneira de praticar o assassinato", diz o documento.

Nesse sentido, Pacheco lembra da desestruturação do sistema de atenção à saúde no Brasil durante a ditadura, especialmente na década de 1970, num período em que a política de aproximação das comunidades indígenas funcionava a todo vapor.

"A ausência de equipes e estruturas de assistência médica em momentos de extrema necessidade deve entrar sim na conta dos agentes públicos, dentre eles o presidente, na medida em que ela expressa uma política do governo de violar sistematicamente direitos indígenas", declara o pesquisador.

fonte: BBC NEWS

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53452614

 

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Arte e Música Espírita AME - 35 Anos

 


Grupo AME

O Grupo Arte e Música Espírita, mais conhecido como Grupo AME, é um dos grupos musicais espíritas mais antigos ainda em atividade no Brasil. Criado em 1989 por jovens que freqüentavam a Mocidade Espírita Joanna de Ângelis, da Federação Espírita do Estado do Ceará, o grupo surgiu no mês de março daquele ano, logo após a realização do I AME - Arte e Música Espírita de Fortaleza. Já em 1990, o AME gravou o K7 Sementes de Amor, e, em 1993, o disco Sementes de Amor II, primeiro LP de música espírita do Brasil. Em 1996, o AME lançou o Chamado, primeiro trabalho do grupo lançado em CD e K7, e também o segundo CD de música espírita lançado no país. Em 1998 foi a vez do Parnaso, também lançado em CD e K7, composto por poemas do livro Parnaso de Além-Túmulo de Chico Xavier, musicados por Tarcísio Lima e Gleika Veras. No ano seguinte, em comemoração aos dez anos de existência do grupo, o AME lança o CD Sementes, compilando em um único disco as melhores faixas dos seus dois primeiros trabalhos, remasterizadas por Marcílio Mendonça. Seu trabalho mais recente foi o disco Traduções, lançado em 2004, reunindo composições de Tarcísio Lima, Marielza Tiscate e Gleika Veras. 

A Estética Musical Espírita

Ao longo de sua trajetória, o Grupo AME, assim como a maior parte dos grupos musicais espíritas, manteve-se ligado de forma relativamente homogênea a uma estética que transita entre o hinário católico e a música gospel. Por razões até hoje pouco investigadas por antropólogos e sociólogos, a música espírita, que surgiu nos conturbados tempos iniciais de chegada e difusão do espiritismo no Brasil, pouco se diferenciou das orientações estéticas que lhe serviram de forte influência inicial. Se num primeiro momento as canções eram de tal forma espelhadas no hinário católico que, a não ser pelas referências na letra a conceitos espíritas como "Consolador Prometido", "Terceira Revelação" e "reencarnação", podiam inclusive confundir-se com elas, ao longo dos anos o surgimento da música gospel, com um apelo mais pop, influenciou decisivamente a música espírita a um redirecionamento nesse sentido, sem que, contudo, fosse deixada de lado a influência católica. Além disso, a música New Age, geralmente instrumental e utilizada como som ambiente para meditações e relaxamentos, teve seu reflexo no trabalho de muitos compositores espíritas brasileiros.

A evolução do Grupo AME reflete, em linhas gerais, esse panorama de diálogo com a tradição musical religiosa do Brasil. Seus trabalhos iniciais, Sementes de Amor I e II, são compostos por canções lentas de arranjos simples, cantadas em uníssono e com letras recheadas de expressões do vocabulário cristão como "Jesus", "Senhor", "perdão", "servir" e "irmão". Porém, ao mesmo tempo em que se nota essa clara identificação com o cancioneiro cristão, já se evidencia também a presença de sinais claros de diferenciação em relação a ele.

DISCOGRAFIA

 Chamado

  1. Chamado (Marielza Tiscate)

  2. Vinha de Luz (Francisco Cajazeiras & José Airton Cajazeiras)

  3. Súplica a Jesus (Adriano Gomes)

  4. Mestre Amado (Waldir Júnior & Victor Holanda)

  5. Volta (Tarcísio Lima, Arlindo Araújo, Mário Mesquita & Marcos Wirtzbiki)

  6. Espírito de Arte (Socorro de Fátima)

  7. Recorramos a Jesus (Adriano Gomes)

  8. Cantando o Teu Natal (Tarcísio Lima & Maria Dolores, psicografado por Chico Xavier)

  9. Vôo (Movimento Espírita)

  10. Compromisso (Gilda Bakker)

  11. Acreditar (Hércules Bruno)

  12. Sorriso (Marielza Tiscate)

  13. Cristo Espera por Ti (Jeová de Aquino)

  14. Hino ao Espiritismo (Sebastião Avelino de Macedo & Nelson Kerensky)

Parnaso

  1. Parnaso de Além-Túmulo (João de Deus & Gleika Veras)

  2. Eterna Mensagem (João de Deus & Tarcísio Lima)

  3. Ajuda e Passa (Alberto de Oliveira & Gleika Veras)

  4. Alma Livre (Cruz e Souza & Tarcísio Lima)

  5. Incognoscível (Antero de Quental & Tarcísio Lima)

  6. Sombra e Luz (Casimiro Cunha & Gleika Veras)

  7. Mensagem Fraterna (Auta de Souza & Gleika Veras)

  8. Temos Jesus (Abel Gomes & Gleika Veras)

  9. Bilhetes (Belmiro Braga & Tarcísio Lima)

  10. Porta da Agonia - I - Trágico Segredo (Batista Cepelos & Tarcísio Lima)

  11. Porta da Agonia - II - Lamento (Batista Cepelos & Tarcísio Lima)

  12. Porta da Agonia - III - Nova Aurora (Batista Cepelos & Tarcísio Lima)

  13. Ao Homem (Augusto dos Anjos & Tarcísio Lima)

  14. Espiritismo (Casimiro Cunha & Oliver, psicografada por Tarcísio Lima)

  15. Carta Íntima (Auta de Souza & Tarcísio Lima)

  16. Marchemos (Castro Alves & Tarcísio Lima)

Sementes

  1. Sempre a servir (Sílvia Ximenes)

  2. Hino a Bezerra de Menezes (Movimento Espírita)

  3. Depende de você (Jeová de Aquino)

  4. Prece (Antônio Carlos Freixo)

  5. Rumo ao Pai (Jeová de Aquino)

  6. O grande papel (Gleika Veras)

  7. Música (Gerly Anne & Gleika Veras)

  8. Compromissos (Tarcísio Lima)

  9. Doutrina Espírita (Sidrônia Maria)

  10. Sem lágrimas de dor (Adonai Mello)

  11. Adeus (Hércules Bruno & Auta de Souza, psicografado por Chico Xavier)

  12. Além da noite (João Cabete)

  13. O Senhor vem (Socorro de Fátima & Auta de Souza, psicografado por Chico Xavier)

  14. Nova Geração (Adriano Gomes)

  15. Certeza (Luciano Klein & Expedito Brito)

  16. Seres imortais (Adriano Gomes)

  17. Existir (Gleika Veras)

  18. Prelúdio para a evolução (Movimento Espírita)

  19. Quedas e acertos (Tarcísio Lima)

  20. Acredite no amor (Egerton Telles & Expedito Brito & Francisco Torres)

 

Traduções

  1. Caminhante

  2. Alma Irmã

  3. Esquece

  4. O Poeta

  5. Amigos de Jesus

  6. Cantilena

  7. Resposta de Mãe

  8. Roda Festiva

  9. O Eterno Enigma

  10. A Paz

  11. Sem Medo

  12. Antes

  13. Fim dos Tempos

  14. Tu que Choras

  15. Traduções

  16. Ecos da Boa-Nova

    Fonte: https://espirita.fandom.com/pt/wiki/Grupo_AME

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O espiritismo e os alienígenas

 

 Coluna Releituras kardecistas com Marcio Sales Saraiva

Um dos pilares do espiritismo é a convicção de que existe uma pluralidade de mundos habitados e não somente o planeta Terra, onde atualmente vivemos. Isso é inequívoco em “O livro dos espíritos”, na questão 55:

Todos os globos que circulam no espaço são habitados?

Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Creem que Deus criou o universo somente para eles.

Orgulho e vaidade é achar que o universo é todo nosso. Esta é a resposta dos espíritos.

Não se trata, é óbvio, de mundos iguais à Terra. Os espíritos dizem que “eles absolutamente não se assemelham” (questão 56, LE) com o nosso planeta azul.

Os seres que habitam estes outros mundos também não são iguais aos humanos terráqueos, da mesma forma que “os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar” (questão 57, LE). Kardec explica que “As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que têm de viver”. Nada mais lógico do que isso.

Jesus de Nazaré disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito” (João 14:1,2).

Casa de Mozart em Júpiter, publicada na Revista Espírita, ano 1858.

Allan Kardec, em “O evangelho segundo o espiritismo” (OESE), capítulo 3, está consciente de que há possibilidades diferentes de interpretação desta passagem, mas o fundador sinaliza para a primeira leitura:

A casa do pai é o universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos espíritos desencarnados estações apropriadas ao seu adiantamento” (OESE 3:1).

Sendo o universo a morada da divindade, nele encontramos pluralismo de populações. A Terra é apenas uma delas. Há diversidade de mundos habitados e cada um tem desenvolvimento cognitivo e espiritual distinto, pois

[…] há os que são ainda inferiores à Terra, física e moralmente. Outros estão no mesmo grau, e outros lhe são mais ou menos superiores, em todos os sentidos. Nos mundos inferiores a existência é toda material, as paixões reinam soberanas, a vida moral quase não existe. À medida que esta se desenvolve, a influência da matéria diminui, de maneira que, nos mundos mais avançados, a vida é por assim dizer toda espiritual” (OESE 3:3).

E nessa diversidade de mundos inferiores à Terra e outros que lhes são superiores, há os mundos intermediários, mais ou menos como o nosso, “o bem e o mal se misturam, e um predomina sobre o outro, segundo o grau de adiantamento em que se encontrarem” (OESE 3:4).

A convicção espírita sobre a pluralidade de mundos habitados é bem anterior aos modismos ufológicos do século XXI e ainda não encontra uma resposta positiva na ciência, apenas indícios ou razoabilidade filosófica. Em outras palavras, a ciência humana ainda não tem fatos concretos que corroborem essa convicção espírita que nasce com as comunicações dadas pelos espíritos, alguns inclusive de outros planetas.

Ainda sem o respaldo da ciência, o espírita poderá deixar essa convicção “pendurada” até que o tempo possa ou não confirmar. É uma hipótese válida, mas não sendo o espiritismo dogmático, ele não poderia exigir de seus adeptos uma crença cega nesse ponto, apenas uma abertura mental e uma confiança no que dizem os espíritos sobre o assunto.

É importante compreender isso porque o tema caiu no ridículo e não faltam médiuns dispostos a psicografar sobre coisas de outros planetas, incluindo naves estelares de Júpiter, que não encontram respaldo nas ciências deste mundo e nem no bom senso, na razoabilidade.

Sendo assim, façamos como Allan Kardec e tenhamos sempre um pé atrás quando alguém diz falar em nome de “espíritos de outros planetas” ou que já testemunhou comunicações com “extraterrestres”. Não vamos confundir as pesquisas sérias neste campo, como o Paradoxo de Fermi e a hipótese do zoológico —e é com elas que o espiritismo deve dialogar—, com algumas viagens alucinógenas sobre espíritos de supostos comandantes de frota intergalácticas. “Tudo temos de ter cautela”, disse Titão Passos em “Grande sertão: veredas” de Guimarães Rosa. E assim deveria ser no espiritismo que leva a sério o legado de Allan Kardec.

https://espiritasaesquerda.com.br/o-espiritismo-e-os-alienigenas/ 


Visão Espírita e Fenômenos Ufológicos

 Gilberto Schoereder

Já é sabido de muita gente que pesquisadores espíritas e ufólogos apresentam muitos interesses em comum, ainda que nem sempre eles sejam colocados claramente. Apesar disto, o tema ufologia ainda encontra alguma resistência no meio espírita e, para sabermos mais sobre o assunto, conversamos com o médium, escritor e pesquisador Pedro de Campos.

Pedro de Campos, que se diz particularmente interessado no tema da evolução humana, conheceu o Espiritismo aos 13 anos, desenvolvendo sua mediunidade. Tornou-se um dos importantes pesquisadores do Espiritismo científico e de Ufologia da atualidade, psicografando três livros sobre o tema: Colônia Capella – A Outra Face de Adão (EspíritoYehoshua Bem Nun), Universo Profundo – Seres Inteligentes e Luzes no Céu (Espírito Erasto) e UFO – Fenômeno de Contato (Espírito Yehoshua Bem Nun).

 (separamos as perguntas em negrito, e as respostas em texto normal)

Você entende que devia haver uma aproximação maior entre o Espiritismo e a Ufologia, no sentido de se estudar melhor e com mais profundidade os eventos e fenômenos que ocorrem em cada um deles?

Do meu ponto de vista, acredito que a primeira coisa que se deva procurar é um entendimento mais amplo do que seja a pluralidade dos mundos habitados de que fala a Doutrina Espírita, com todas as suas variações, sem preconceito algum. E isso é algo que nós, espíritas, devemos fazer.

Do ponto de vista científico, podemos dizer que no universo há bilhões de planetas; uma infinidade deles pode ter condições semelhantes às nossas. A vida neles pode ter surgido e evolucionado até o patamar inteligente, com realizações técnicas tão avançadas que talvez sejam difíceis até de imaginar.
Contudo, do ponto de vista físico, por ter evolucionado num mundo semelhante ao nosso, o ser extraterrestre, por mais adiantado que seja, ainda seria uma criatura de corpo sólido, denso como o nosso, para não dizer de carne e osso.

Mas além dele, a Doutrina Espírita fala também de um ser menos material que habita os planetas do sistema solar, vivendo ali num regime de encarnação e desencarnação, por assim dizer. E a nossa ciência diz que não há vida de carne e osso neles, nem tampouco detectou seres alados volitando de um lado para o outro do orbe. Então, essa criatura menos material de que fala o Espiritismo deve ter um corpo muito diferente do nosso, postado em outra dimensão do espaço-tempo. E deve ter evolucionado de uma maneira que nos seria totalmente desconhecida. Para considerar a existência dessa criatura, com características assim tão impalpáveis, precisamos dar a ela um outro nome, para não misturar as coisas. O espírito Erasto chamou de ultraterrestre essa criatura e registrou isso no livro
Universo Profundo.

Os Espíritos da Codificação falaram desse tipo de vida. E quando ela for entendida de modo filosófico, então vamos aceitar que os seres ultraterrestres vivem em esferas sutis, evolucionando num regime de pluralidade de existências. E por estarem vivos, a reprodução da espécie deve ser coisa normal, para que haja continuidade da vida. Normal também seria o estudo e o desenvolvimento da tecnologia, a qual poderia já ter atingido um patamar bem avançado. Se considerarmos isso, então vamos ver que os objetos voadores não identificados, os ÓVNIs, poderiam ser a expressão técnica dessas civilizações mais adiantadas, vibrando numa faixa totalmente desconhecida da nossa ciência.

O conceito filosófico do Espiritismo e suas práticas experimentais podem dar uma nova base de sustentação para entendimento dos fenômenos ufológicos. E a investigação científica desse tipo de vida poderia aproximar Espiritismo e Ufologia.

Como poderia ocorrer essa aproximação?

Primeiro teria de haver a leitura das obras de Kardec e a dos bons livros de Ufologia. Em termos de investigação prática, quem leu o livro Uni
verso Profundo viu que o nosso querido Erasto deu uma visão espírita mais ampla dos fenômenos. E, no final do livro, o autor espiritual deixou um Projeto Contato, com o qual o tema poderia ser articulado de modo científico, pois os tempos atuais exigem novas abordagens, com técnicas refinadas de pesquisa. A Ufologia não é uma atividade para ser feita num recinto fechado, como no do Centro Espírita. Os fenômenos acontecem lá fora, no aconchego da natureza terrestre. Por isso é preciso ir a campo e investigar com metodologia apropriada.


Seu livro Universo Profundo: Seres Inteligêntes e Luzes no Céu é apresentado como “uma visão espírita da ufologia”. Trata-se de um tema delicado no meio espírita, uma vez que muitas pessoas não gostam de tocar em questões ligadas a OVNIs e extraterrestres. Como você vê essa questão? Foi difícil para você chegar até essa abordagem?

Por que será que o assunto é delicado? Por que será que as pessoas não gostam de tocar essa questão? Há de se ter motivos para isso. Comigo acontecia o mesmo. Para falar do assunto com a devida propriedade eu me ressentia da falta de um livro-suporte que me desse os fundamentos doutrinários.

Lembro-me de certa ocasião em que Jether Jacomini, em seu programa de rádio, na Rede Boa Nova, perguntou-me nos bastidores se eu poderia falar sobre abdução, um tema intrigante que não poderia mais ser adiado. Foi nesta ocasião, dentro das Casas André Luiz, que senti a disposição da espiritualidade em resolver isso. A resposta veio de Erasto, posteriormente. Então, a questão toda ficou fácil de entender, mas ainda assim difícil de aceitar. Somente um estudo acurado e reflexivo da obra Universo Profundo, procurando os fundamentos na Doutrina Espírita, é que poderá resolver isso.

Se o encarnado não estiver preparado para entender a questão ufológica agora, isso se deve a ele próprio; a espiritualidade já se manifestou abertamente, não há mais razão para insegurança ao tratar o tema. O certo é que o público vai querer saber, e o divulgador espírita precisará explicá-lo. Para isso, é preciso encarar a situação, estudar o tema e formar opinião para divulgá-lo com segurança.

Quais você considera que são as mais importantes e evidentes conexões entre a Ufologia e o Espiritismo? Existem fenômenos comuns a ambos?

A maior de todas as conexões é que ambos os fenômenos, espírita e ufológico, procedem de um mundo invisível e têm como protagonistas seres inteligentes. Assim, casos como os de aparição, de materialização, de transporte, levitação, de telepatia e ainda de outros, são comuns a ambos. Mas o mais intrigante, para nós espíritas, é que em meio aos fenômenos comuns existem aqueles destoantes, ocorrências novas, não tratadas na época da codificação, tais como discos voadores, os contatos imediatos com seres humanóides, os eventos surpreendentes de abdução e os insólitos implantes e experiências alienígenas. Isso tudo, Erasto comenta e nos esclarece, mostrando as conexões, as diferenças e os porquês, sempre se posicionando fundamentado na Doutrina Espírita, desenvolvendo os temas com explicações racionais, capazes de aclarar os pontos obscuros.

Mensagens e comunicações


No que se refere ao contato entre os ultraterrestres e nós, é preciso destacar também as possíveis e prováveis diferenças entre as mensagens recebidas dos seres de outros mundos e aquelas recebidas dos Espíritos. Em seus livros, Pedro de campos também se referiu ao assunto, e nos esclareceu seus pontos de vista.

Você fez uma distinção entre as canalizações de mensagens dos ultraterrestres e as mensagens dos Espíritos. Quais seriam e de que forma seria possível detectar essas diferenças?

Quem ler o livro
UFO: Fenômeno de Contato, vai conhecer muita coisa nova. A canalização é tema abordado em capítulo específico. Numa curta definição, podemos dizer que “canalizar é recepcionar e interagir com um pensamento inteligente de natureza extrafísica”. Isso quer dizer que tanto o Espírito pode ser canalizado quanto o ser ultraterrestre. As diferenças entre as duas entidades são muitas. Elas também são tratadas no recente livro.

O conteúdo e o modo de transmissão das mensagens são algo diferente. Uma comunicação cujo conteúdo esteja recheada de termos expressivos, mas com muita fabulação sobre as energias e planos existenciais, denotando no fundo não sair do terra-a-terra, por lógica não poderia vir de uma entidade evoluída de outra esfera. Nesse caso, o mais provável é que seja um embuste espiritual. Nesse caso, o dirigente, amparado por seus guias, deve encaminhar o embusteiro à sessão apropriada, para doutrinação e afastamento. Espíritos podem fazer aparições e executar outras atividades, mas não usam naves espaciais estruturadas para se comunicar.

Os ultraterrestres não incorporam, mas se comunicam por telepatia. Tampouco o fazem por psicografia. Os que assim precedem estão na erraticidade, são Espíritos desencarnados, seja de que orbe for do infinito. Se um Espírito de outro orbe incorporasse o médium, ele teria de usar o aparato físico mediúnico para se comunicar. Para falar, teria de dominar a escrita. Como não sabe o idioma e tampouco nossa escrita, não poderia fazê-lo. Mas tanto um Espírito de outro orbe quanto um ser ultraterrestre, comunicando-se por telepatia, poderia passar a imagem mental ao médium, e esta não precisaria de idioma algum para ser entendido. Nessa condição, o médium interpretaria a mensagem segundo sua própria cultura, conforme sua intuição, seu sentimento e sua clarividência. Contudo, para fazer isso é preciso que o sensitivo tenha vários dotes mediúnicos bem desenvolvidos, além da ajuda de seu guia espiritual, para validar a mensagem. Caso a entidade denote característica ultraterrestre na comunicação, então a prova só pode ser aceita com a demonstração da nave nos céus, de modo que ela fique bem nítida para todos.

Diferente do Espiritismo, a Ufologia é estudo do objeto voador não identificado, o chamado OVNI ou UFO. Por isso, o que identifica sem equívoco o alienígena é a sua nave. Enquanto a criatura não materializar a nave e disser por si próprio a que veio, qualquer outra comunicação canalizada poderia ser considerada como vinda de Espírito errante. Sem a nave, não há fenômeno ufo. E sem ufo, não há certeza da criatura ser alienígena.


Você se referiu ao fato dos ultraterrestres poderem se comunicar por telepatia, mas que isso raramente ocorre nas Casas Espíritas. Não seria de se esperar que os médiuns tivessem mais possibilidade de receber essas mensagens telepáticas ou canalizações?
 
Os médiuns espíritas podem captar perfeitamente mensagens de ultraterrestres. Mas é preciso entender primeiro o porquê disso ser raro nos Centros Espíritas. É muito importante lembrar que a prova definitiva de uma canalização só pode ser dada com a aparição da nave em campo aberto. Caso contrário, a comunicação ficaria duvidosa para todos. Dentro de um ambiente fechado, não haveria como fazer isso, não daria para ver a nave nos céus. E dentro das cidades, isso seria uma atividade inviável, haveria pânico. Além disso, trata-se de fenômeno físico, para o qual há riscos. Uma pessoa não preparada poderia não suportar o choque emocional. Primeiro é preciso a permissão do plano espiritual maior para realização de qualquer atividade espírita conjugada à Ufologia.


Por se encontrarem em dimensões “mais sutis”, o contato entre ultraterrestres e Espíritos não seria mais fácil e simples de acontecer do que destes conosco, especialmente quando falamos dos ultraterrestres moralmente evoluídos?

Apenas por uma questão de lógica, seres evoluídos deveriam ter mais facilidade de comunicação entre si do que nós com eles; a nossa dificuldade para isso é grande. Mas no que respeita à comunicação entre Espíritos e seres ultraterestres, não me parece possível estabelecer uma regra geral e com isso dizer que seja mais fácil ou mais difícil o contato.

Entre os Espíritos há vários graus de refinamento. E cada qual estagia numa estratificação diferenciada do outro. O de peso específico maior não consegue subir a paragens mais rarefeitas. O peixe não respira fora da água, mas o homem submerso tem artifícios para fazê-lo. O Espírito mais evoluído pode descer a camadas de vibração inferior, enquanto que o de lá não conseguiria subir. Assim se compreende que numa certa dimensão espiritual há várias estratificações, como se fossem planos de uma extensa escada. Essa concepção ascendente é válida para todos os Espíritos ainda em estágio de depuração, seja de que orbe for do infinito.

No livro
Universo Profundo, o autor espiritual nos ensina que “uma outra dimensão é um outro mundo”. Para se ir a outra dimensão há de se ter condições para fazer isso, quer seja uma entidade, quer seja outra. A seu turno, cada classe de ultraterrestre estagia numa dimensão específica. As classes mais altas podem descer para níveis mais baixos. Mas isso não significa que essa movimentação dos ultraterrestres se faça na esfera dos Espíritos da Terra; a dimensão é outra. Um está encarnado, por assim dizer, e o outro, desencarnado. Quando a movimentação alienígena se faz no ambiente terrestre, acontecem os fenômenos luminosos, os fantásticos objetos voadores não identificados que vemos nos céus. É fácil o entendimento, mas a aceitação disso pelos encarnados pode ser muito difícil.

Os Ultraterrestres

Para explicar o que são exatamente os ultraterrestes e qual a diferença entre esses seres e os Espíritos aos quais se refere o Espiritismo, Pedro de Campos começa dizendo que primeiro é preciso entender o que é extraterrestre.

“Este seria uma criatura de fora do planeta Terra”, ele diz, “mas um ser de corpo sólido como o nosso, sem necessidade de ser igual na aparência e na constituição orgânica. Mas ainda assim uma criatura de natureza física material”.

“O ultraterrestre seria uma criatura também de fora do planeta Terra, mas um ser de corpo incomum, de corpo menos material que o nosso, como denomina o Espiritismo. Uma criatura de natureza extrafísica, invisível para nós, assim como o são os espíritos. Essa criatura seria habitante das esferas sutis de outros planetas do nosso sistema solar, como também das profundezas etéreas do universo. Seria um ser vivente de outra dimensão do espaço-tempo, cujo corpo constituído de antimatéria cresce, se reproduz, envelhece e morre. Como exemplo, citamos as criaturas encarnadas mencionadas por Kardec na nota de rodapé da pergunta 188 de
O Livro dos Espíritos”. (1)

“Os espíritos, por sua vez, são inteligências errantes, ou seja, seres que não estão revestidos de forma corpórea alguma, senão a forma perispiritual. Salvo os espíritos puros, que não precisam mais reencarnar, todos os demais, para evoluir, devem voltar a uma forma corpórea. Essa forma corpórea pode ser de matéria sólida, como a dos homens e a dos seres extraterrestres descritos, ou pode ser de antimatéria, a qual é sutil, etérea, como a dos seres ultraterrestres mencionados. O espírito quando desencarnado aguarda seu retorno à vida corpórea nas colônias espirituais, onde ali vive sem que haja procriação, porque espíritos não se reproduzem, são obras do Criador. No Apêndice do livro
Universo Profundo há um quadro sintético que mostra objetivamente as diferenças entre espírito e o ser ultraterrestre”.


1- Livro dos Espíritos – Questão 188


188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se encontram o espaço universal, sem estarem ligados de modo particular a nenhum mundo?
“Habitam mundos determinados, mas não lhes ficam presos, como o homem à Terra; melhor que os outros, podem ir a toda parte.”(1)

 1) Nota de Kardec:

De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente; Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter, muito superior, em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, com os quais se comunicam por meio do fluído universal. Como constituição física, o Sol teria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parece, estariam nas mesmas condições.

O volume e o afastamento do Sol não têm nenhuma relação necessária com o grau de desenvolvimento dos mundos, pois parece que Vênus está mais adiantado que a Terra e Saturno menos que Júpiter.

Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição e é de se admirar que num globo tão adiantado se encontrem homens que a opinião terrena não considerava tão elevados. Isto, porém, nada tem de surpreendente, se considerarmos que certos Espíritos, que habitam aquele planeta, podiam ter sido enviados à Terra em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria em primeiro plano; em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de Júpiter podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem melhorado; em terceiro lugar, naquele mundo como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre nós o selvagem do homem civilizado. Assim, do fato de habitarem Júpiter, não se segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar em Paris.

As condições de longevidade não são, por toda parte, a mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma pessoa falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis meses antes, num mundo cujo nome é desconhecido. Interpelada sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo como vós; além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos muito mais rapidamente; tanto assim, que há apenas seis dos vossos meses nele me encontro, e posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos de idade terrena”.

Muitas respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um desenvolvimento normal? Por que não poderia dar-se o mesmo com o homem, em outras esferas? Notemos, por outro lado, que de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de infância, comparada ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta para nos considerarmos os protótipos da Criação, e seria rebaixar a Divindade acreditar que, além de nós, ela nada mais poderia criar.

Os ÓVNIS na Visão Espírita

Pedro de Campos lembra que Kardec não falou de objetos voadores que aparecem nos céus e se materializam, porque isso só ganhou destaque na sociedade humana depois da Codificação, iniciada em 1857.

Contudo, Kardec registrou que seres inteligentes se manifestam na Terra, que todos os orbes do infinito são habitados e que os Espíritos estão ali encarnados numa forma corpórea. Registrou que nesses mundos menos materiais o Espírito encarna, revestido de um corpo também menos material. Assim, nesses mundos a criatura nasce, cresce, se reproduz, morre e reencarna. Kardec citou Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, os orbes radiantes e as profundezas etéreas do cosmos. A conclusão, diz Campos, é que, assim como o homem não foi colocado pronto na Terra – mas nela evolucionou por longos períodos e aqui desenvolveu tecnologia avançada, como aviões, foguetes, etc. – nos outros mundos do universo deve ter acontecido processo semelhante, seguindo a mesma lógica de raciocínio. Assim, ÓVNIS que aparecem na Terra, com a visão evolucionista que nos dá o Espiritismo, seriam resultado da evolução tecnológica daqueles seres inteligentes.

Fonte: Livro dos Espíritos – Questão 188 / Revista Espiritismo & Ciência – Vida em Outros Mundos

https://www.espiritualidades.com.br/Artigos/S_autores/SCHOEREDER_Gilberto_tit_Visao_Espirita_e_Fenomenos_Ufologicos.htm

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

IRMÃS FOX - Em breve nos Cinemas

    

Com direção de Wagner de Assis, o longa é produzido pela Cinética Filmes com coprodução da Star Original Productions e distribuição pela Star Distribution

Fonte: Cinética Filmes

Começaram as filmagens da nova produção sobre as pioneiras do espiritualismo, as Irmãs Fox. Escrito e dirigido por Wagner de Assis, o filme conta a trajetória das três mulheres americanas que tiveram um importante papel na origem do Moderno Espiritualismo Ocidental. Katherine “Kate” Fox, Leah Fox e Margaret “Maggie” Fox são conhecidas, principalmente, pelas “mesas girantes” – um fenômeno da natureza mediúnica amplamente difundido na Europa e nos Estados Unidos e iniciado em 31 de março de 1848 por uma das irmãs.  

“Há uma relevância enorme em ver como, desde aqueles tempos, temos algumas coisas que não mudam: as mulheres pioneiras, um mundo em busca de respostas para suas questões mais profundas – de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido de nossas vidas – assim como erros e acertos com questões espirituais”, comenta o diretor Wagner de Assis. “Vamos filmar o início do que o escritor Arthur Conan Doyle batizou de ‘uma invasão organizada’ dos espíritos. Só que essa invasão teve um preço que resulta na incrível história épica dessas mulheres. O filme é, também, uma retratação histórica que destaca o valor e esforço delas por uma causa humana e espiritual em função de um mundo melhor”, completa. 

Kate, Leah e Maggie Fox serão interpretadas pelas atrizes americanas Jamie Hughes, Sionne Elise e Marie Mchugh, respectivamente. As filmagens ocorrem nos interiores de casarões do Rio de Janeiro (RJ) que remetem à época do filme e os exteriores serão rodados em fazendas e cidades antigas dos Estados Unidos.

FONTE: https://febcinema.febnet.org.br/filme-sobre-as-irmas-fox-comeca-a-ser-rodado-no-rio-de-janeiro/

 

SINOPSE

Irmãs Fox é um longa-metragem sobre as três irmãs pioneiras do espiritualismo ocidental: Katherine "Kate" Fox (Jamie Hughes), Leah Fox (Sionne Elise) e Margaret "Maggie" Fox (Marie Mchugh). Em meados de 1848, a vida das três irmãs muda completamente quando a casa em que moravam com os pais em Hydesville, Nova York, começa a sofrer fortes barulhos e estrondos sem nenhuma explicação. Como os barulhos não findavam, Kate, decide se comunicar com os sons que ouvia e, para sua surpresa, obteve uma conversa com o espírito que causava todos aqueles barulhos e o mesmo revelou ser o antigo dono daquela propriedade.

Assustados com o que acontecerá, os pais, junto com as meninas, decidem se mudar para uma outra casa, dessa vez em Rochester. Para o espanto de todos, os mesmos barulhos continuavam a aparecer só que agora a conversa não se baseava em um espírito apenas, mas sim, em vários e a comunicação era feita entre Kate e Maggie.

Por conta desses acontecimentos que muitos achavam ser maldição, rapidamente as irmãs ganharam fama e foram procuradas pela imprensa e por cientístas curiosos para investigar o quê as meninas faziam e como. Elas contaram com a ajuda da irmã mais velha, Leah, que até o momento não havia apresentado sinais de mediunidade, e a mesma organizava as apresentações e sessões espíritas que as outras duas irmãs faziam. 

As irmãs Fox foram, por diversas vezes, ridicularizadas, descredibilizadas e submetidas a diversos tipos de provas inimagináveis para se provarem mulheres comuns e não charlatãs.

  Na foto, Jamie, Sionne e Marie reproduzem a clássica foto de Leah, Maggie e Kate Fox (Créditos: Ique Esteves)
 
Direção: Wagner de Assis
Roteiro Wagner de Assis
 
FONTE: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-326188/