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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

OSSOS DO OFÍCIO


O livro está sendo objeto de ação judicial que exige indenização de 465 mil reais.

O recente caso judicial envolvendo a Editora Lachâtre/Universo Espírita e a família Caballero (ver notícia abaixo) nos faz refletir se realmente estamos aplicando o conceito kardeciano de controle universal do ensinamentos dos espíritos (Ítem II da Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Em caso semelhante ao da família de Humberto de Campos versus FEB/Chico Xavier, o escritor Woyne Figner Sacchetin está entrando talvez no seu primeiro campo de provas mediúnico. Por se tratar de um fato bem recente , muitos pessoas com quem já conversamos sobre esse assunto, incluindo alguns editores experientes, certamente opinariam que, tanto o escritor como a editora, deveriam ter tido cuidado redobrado na revelação das informações, na citação dos envolvidos e principalmente na publicação do livro, que considerariam um tanto precipitada. Woyne tem chamado a atenção no “mercado editorial espírita” exatamente por trazer à tona temas curiosos e recentes como o massacre do Carandirú e episódios da vida de Juscelino Kubistcheck.

Outro detalhe importante: a família de Humberto de Campos acabou mudando de atitude por se convencer que Chico Xavier era uma alma simples e liberta de interesses materiais. Chico Xavier também convencia (ou confundia ainda mais a justiça) fazendo demonstrações psicográficas impressionantes, provando que tais informações surgiam sem a sua interferência. Será que esse raciocínio se aplica ao caso do livro “O Vôo da Esperança” e muito outros que estão invadindo as livrarias utilizando o rótulo "espírita"?

Mais três coisas nos chamaram a atenção nessa história temerosa para todos os espíritas que se preocupam com os rumos que a nossa cultura editorial vem tomando:

Primeiro, o comentário do blog “O Contorno da Sombra” , observador do movimento evangélico, que assim se referiu ao caso: “Tem hora que o bom senso faz uma falta danada não só a alguns "evangélicos", mas também a outros tantos "religiosos". Tome um sal de frutas antes de ler a notícia abaixo, do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP)”;

Segundo, a sinopse do livro cujo autor é apontado como Alberto Santos Dumont (Espírito), publicada num site de uma livraria especializada: “A história do mais trágico acidente aéreo brasileiro, em Congonhas, São Paulo, que tanto comoveu a opinião pública nacional, agora é narrada do ponto de vista dos espíritos, que, ao mesmo tempo em que demonstram a ação da suprema justiça das leis divinas em todos os acontecimentos de nossas vidas, clamam pela urgente mudança de atitude de nós, encarnados, para evitar que tragédias desse porte continuem a ocorrer”.

Santos Dumont Espírito teve também a sua história “revelada” no livro “Ícaro Redimido” (Editora Inede), pela “inspiração” (e não psicografia) do médium Gilson T. Freire através do Espírito Adamastor. Como se sabe, o grande aviador brasileiro teve uma existência muito atribulada, marcada pela intensa solidão depressiva e acabou suicidando-se em sua casa de praia no Guarujá em 1932. Hermínio C. Miranda levantou a hipótese do mesmo ter sido numa existência anterior o padre santista Bartolomeu de Gusmão, alma inquieta tanto no aspecto sentimental como na sua vocação científica e tecnológica. Se não nos falha a memória, Ramatis afirmou que Dumont e os irmãos Wright eram antigos companheiros provenientes de outro planeta (A Vida no planeta Marte e os discos voadores).

E finalmente o comentário da dirigente da USE de Rio Preto, Nair Rocha Soares, se restringindo ao ponto de vista pessoal da Doutrina Espírita em relação ao caso. Não sabemos se o jornal publicou apenas parte da sua declaração mas, como representante institucional de uma entidadae espírita, ela deveria , no mínimo, se reportar como Allan Kardec reagiria numa situação semelhante.

Parece que agora podemos compreender melhor por que André Luiz preferiu ficar no anonimato. Esse caso também, dependendo das consequências jurídicas e morais, vai servir não somente como modelo de jurisprudência , mas principalmente paradigma de conduta para escritores e editores.
Postado por Dalmo Duque dos Santos às 19:16
Fonte: http://observadorespirita.blogspot.com/2009/12/ossos-do-oficio.html

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