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quinta-feira, 1 de abril de 2010

CENTENÁRIO CHICO XAVIER (Reportagens do Jornal A TARDE)


Chico Xavier: a mais famosa entrevista do Pinga-Fogo
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf;jsessionid=935710638BE36B1734061AB7922F82FA.jbosstosh1?id=2220296
Bruna Hercog | A Tarde
Alvo de muitas especulações por parte da mídia, Chico Xavier decidiu se preservar. Foram 20 anos sem qualquer contato com a imprensa. O silêncio foi rompido em 1971, quando o médium mineiro apareceu psicografando ao vivo no programa de entrevistas Pinga- Fogo , da extinta TV Tupi. Foi um marco. A audiência chegou a 75% dos televisores ligados, a maior da história da televisão brasileira.
Até hoje nenhum programa conseguiu superar a marca obtida pelo Pinga- Fogo com Chico Xavier. Para se ter uma ideia, o tradicional Jornal Nacional, na década de 1970, chegou ao ápice de 70 pontos e em 2009 teve média de 31 pontos. A primeira entrevista foi ao ar no dia 28 de julho de 1971. O recorde inesperado de audiência levou a produção do Pinga- Fogo a repetir a dose.
Logo em 20 de dezembro, lá estava Chico Xavier de novo, no centro das atenções e bombardeado por perguntas sobre os mais diversos temas e elaboradas por uma gama de entrevistadores bem diversa: católicos, judeus, ateus, espíritas, pastores evangélicos e jornalistas. Perguntas polêmicas foram feitas, e Chico Xavier teve resposta surpreendente para cada uma delas.
O médium mineiro falou de reencarnação, sexo, catolicismo, aborto, bebês de proveta, cirurgia plástica. Sobre a homossexualidade, Chico foi categórico ao responder de que forma o espiritismo enxerga a questão: “O homossexualismo, assim como o bissexualismo, são condições da alma humana. Não devem ser interpretadas como fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade. Acreditamos que o comportamento sexual da humanidade sofrerá revisões muito grandes”.
A todo momento, Chico lembrava que o seu mentor espiritual, Emmanuel, estava ali, presente, assistindo a tudo e ajudando. Diante dasperguntas mais polêmicas, recorria ao guia com frases como: “Emmanuel, que está presente, pede para mencionar”. Sempre muito diplomático, o médium fez questão de dizer que tinha muito respeito pela Igreja Católica.
No segundo Pinga-Fogo, depois de exaustivamente bombardeado por perguntas durante duas horas e 45 minutos, um último pedido: que ele mandasse uma mensagem para os brasileiros. Em frente a dezenas de folhas de papel em branco, Chico colocou a mão na cabeça, como sempre fazia ao psicografar, e, folha após folha, foi construindo um texto.
Em poucos instantes, surgiu uma relativamente longa mensagem assinada por Cyro Costa, ex-poeta e ex-integrante da Academia Paulista de Letras. Todos ficaram boquiabertos. Seria humanamente impossível escrever um texto de tamanha complexidade naqueles poucos minutos. Chico Xavier foi aplaudido de pé pelo público que assistia ao programa no estúdio.
Marcel Souto Maior foi responsável pela publicação da primeira biografia jornalística sobre Chico Xavier. Não foi fácil conseguir o aval do médium para realizar o trabalho. Durante dois anos, o jornalista pesquisou nos arquivos da Biblioteca Nacional e observou algumas reuniões conduzidas por Chico Xavier no Grupo Espírita da Prece. “Chico já estava muito doente quando comecei o trabalho. Ele me pediu que o poupasse de entrevistas longas”, diz Souto Maior.
O jornalista explica que o olhar lançado pela imprensa sobre o médium foi mudando ao longo do tempo. “A mídia não tinha como negar o Chico abnegado, voltado para as causas sociais. No entanto, o Chico médium, que tinha contatos com espíritos, esse era alvo de muita desconfiança”, ressalta. Desconfiança que fazia o médium ter posição de precaução com relação a jornalistas.
Convencimento - Um dos poucos que conseguiram ganhar a confiança do médium mineiro foi Saulo Gomes. Em 1968, ele fez sua primeira entrevista com Chico. Três anos depois, Gomes conseguiu convencer os produtores do Pinga- Fogo a trazer o líder espírita para participar do programa de entrevistas que era conhecido por receber políticos. “A produção não queria criar conflito com a Igreja Católica. Foi muito difícil convencê-los”,relembra Saulo Gomes. A relação de amizade entre Saulo e Chico ficou forte.
Saulo passou a acompanhar o médium em diversos eventos e assessorá-lo no contato com a imprensa. Foram mais de 30 anos de convivência. “Tenho 54 anos de profissão. Conseguir oferecer a visibilidade que Chico Xavier merecia, para mim, foi um grande desafio que enfrentei e venci. Tenho a sensação do dever cumprido”, diz Saulo Gomes. Se ele se tornou espírita? A resposta é rápida: “Sou repórter”.
Centenário de Chico Xavier, um homem que dedicou a vida ao próximo
Bruna Hercog | A Tarde

Ele costumava dizer que era apenas um Cisco
(ou o “Cisco do Fran”). Um Cisco que se espalhou pelos olhos de toda uma geração e até hoje continua a deixar suas marcas. Um Cisco que ultrapassou crenças e racionalismos, incomodou muitos olhos desconfiados, misturou-se às lágrimas dos mais emocionados e seguiu sua missão na Terra. Ele é Chico Xavier, o Cisco: o mais importante médium do Brasil, difusor da prática da caridade e um dos mais renomados líderes espíritas do mundo.
Nascido no interior de Minas Gerais, na cidade de Pedro Leopoldo, em 2 de abril de 1910, Francisco de Paula Cândido (seu nome de batismo) completaria 100 anos na próxima sexta-feira (coincidência ou não, Sexta-feira Santa). O centenário de Chico Xavier será marcado por uma série de comemorações realizadas por todo o Brasil. Chico Xavier faleceu aos 92 anos, vítima de uma parada cardíaca, no dia 30 de junho de 2002, em Uberaba, cidade do interior de Minas Gerais onde Chico morou durante 63 anos.
Foram dois dias de velório na sede do Grupo Espírita da Prece, centro fundado por ele em 1975 e mantido até os dias atuais pelo filho adotivo, Eurípedes Humberto Higino dos Reis. Mais de 30 mil pessoas acompanharam o cortejo ao Cemitério São João Batista, onde o médium foi enterrado.

Obras - Responsável pela difusão da doutrina espírita no Brasil, Chico Xavier psicografou mais de 400 obras. Um legado que o consagraria, sem sombra de dúvida, como um dos mais importantes escritores da sua época. A primeira psicografia do espírita, Parnaso de além-túmulo, reuniu 53 poemas de 14 renomados poetas já falecidos, como Casimiro de Abreu, Castro Alves e Augusto dos Anjos. Mas Chico Xavier não queria os louvores para si: diziase apenas “uma tomada entre os dois mundos”.
E não foi apenas dos elogios que ele abriu mão: toda renda dos direitos autorais de suas obras – mais de 50 milhões de exemplares vendidos – foi renunciada pelo médium e destinada a instituições espíritas para ser aplicada em projetos de assistência social. A editora da Federação Espírita Brasileira (FEB), por exemplo, já editou mais de 18 milhões de títulos psicografados por Chico Xavier. Para o presidente da FEB, Nestor João Masotti, ele “ se tornou alvo do reconhecimento, não apenas da comunidade espírita, mas das pessoas que foram beneficiadas pelo seu trabalho e exemplo de vida”.
Todavia, sua trajetória não foi fácil. Por várias vezes foi acusado de impostor pela imprensa e até mesmo pelo próprio sobrinho, Amauri Xavier Pena. Intrigante e reservado, Chico Xavier despertou a curiosidade de todos e conseguiu atrair o apreço até dos mais céticos que, ao visitarem o médium na sede do Centro Espírita Luís Gonzaga – fundado por ele e pelo irmão José Xavier –, deparavamse com um homem franzino, de aparência frágil, que, de repente, colocava a mão sobre a testa e desfilava palavras sobre o papel com uma rapidez impressionante.
O mentor espiritual - O contato de Chico Xavier com os “seres do outro mundo” começou na infância. Aos 5 anos, Chico perdeu a mãe e ficou sob os cuidados da madrinha, Rita de Cássia. Uma convivência marcada por castigos, tapas e até garfadas (irritada com as “alucinações” do menino, a tutora, certa vez, enfiou um garfo na barriga do garoto). Em meio ao sofrimento, teve a sua primeira visão: a mãe, Maria João de Deus, apareceu para confortá-lo e pedir que perdoasse a madrinha e, em breve, um anjo iria aparecer no seu caminho.
No final daquele ano, 1915, o pai de Chico, João Cândido Xavier, casou-se com Cidália Batista. Ele e seus oito irmãos voltaram a formar uma família. Chico decifrou a mensagem da mãe: o anjo era a Cidália, que, mesmo sem compreender suas visões, o acolhia e o confortava. Foi aos 21 anos, ao ver pela primeira vez o espírito Emmanuel – o seu mentor espiritual – que Chico descobriu sua missão na Terra.
Servir de interlocutor entre o mundo espiritual e o terreno passou a ser objetivo de vida do jovem mineiro que abriu mão de tudo: sexo, dinheiro e possibilidade de construir uma família para se dedicar à sua fé. Emmanuel o incumbiu da primeira tarefa: escrever 30 livros. Foi o começo de uma produção intensa.
Chico tentava se preservar, mas, em pouco tempo, a pacata cidade do interior mineiro não era mais a mesma. A cidade de Uberaba passou a receber milhares de pessoas que procuravam Chico Xavier em busca de conforto espiritual e contato com parentes já falecidos.


“Se doarmos mais um tanto, se repartirmos um tanto mais, se houver um entendimento maior, estaremos contribuindo para a diminuição de agressividade”

CHICO XAVIER, médium mineiro

“Chico teve reconhecimento não apenas da comunidade espírita, mas das pessoas beneficiadas pelo seu trabalho”

Espiritismo tem 2,3 milhões de seguidores no Brasil
Bruna Hercog | A Tarde
A baiana Maria Conceição Silva Cordeiro tem 78 anos. Há 30 abandonou a religião católica – da qual era praticante – para se enveredar pelos mistérios do espiritismo, que não entende como religião, mas “filosofia de vida”. Dona Conceição é uma entre os mais de 2,3 milhões de brasileiros que se declaram espíritas ou simpatizantes do espiritismo, de acordo com dados do censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
E uma, também, entre milhares de adeptos que conheceram o espiritismo a partir da obra do médium mineiro Chico Xavier. Se o Brasil é considerado hoje uma das maiores potências espíritas do mundo, grande parte dos méritos é, sem dúvida, atribuída a ele. Chico é considerado o maior médium desde Allan Kardec, tido como o “fundador“ do espiritismo. Há quem diga, inclusive, que o mineiro teria sido a reencarnação de Kardec. Chico nunca negou, mas também nunca afirmou ser a encarnação de Kardec.
Cura espiritual O diretor-presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia (Feeb), André Luiz Peixinho, diz que são vários os motivos que levam as pessoas a procurar o espiritismo. Dona Conceição, por exemplo, conta que “sentiu a mediunidade se aproximar dela” durante uma fase da vida em que se encontrava muito doente. Naquele momento, segundo ela, todas as tentativas de cura procuradas na medicina tradicional foram frustradas. “Encontrei o conforto no espiritismo.
Foi a partir de então que comecei a estudar e participar das reuniões”, conta a espírita, que há 30 anos frequenta os encontros na sede da Feeb. Médico e estudioso do espiritismo, Peixinho explica que muitos procuram os centros espíritas com expectativa de ajuda imediata, seja a nível espiritual ou material, e quando percebem que o espiritismo exige um nível de estudo muito alto acabam optando por outros caminhos.
“Não acreditamos que é Jesus que vai nos salvar. Nós somos responsáveis por nossos sucessos e insucessos”, destaca o espírita. E completa: “O espiritismo compreende que nem todos devem ou podem ser espíritas, depende do seu processo evolutivo".

“Aquele a quem desculpas hoje uma falta cometida contra ti será talvez amanhã o teu melhor defensor se caíres em falta contra os outros”

Diretor da Federação Espírita da Bahia aponta crescimento da doutrina
Bruna Hercog | A Tarde

Segundo o diretor-presidente da Federação Espírita da Bahia (Feeb), André Luiz Peixinho, a Bahia conta, atualmente, com 612 centros espíritas cadastrados, espalhados por diversos municípios do Estado. Não há uma pesquisa atualizada que informe o número de baianos que se declaram espíritas, mas Peixinho ressalta que é muito comum pessoas que seguem a doutrina, frequentam os centros e participam de reuniões declararem-se católicas em grande parte das pesquisas que são realizadas. Por conta de peculiaridades como esta, reforça Peixinho, é difícil quantificar com certa exatidão o número de seguidores do espiritismo no Estado e também no Brasil.
O representante da Feeb acredita que a quantidade de pessoas que têm mostrado interesse em conhecer a doutrina espírita vem crescendo ao longo dos anos. No entanto, José Medrado se diz preocupado com a continuidade do movimento espírita na Bahia. Segundo ele, é preciso investir em novas formas de se pregar o espiritismo, para que os jovens se sintam atraídos pelos ensinamentos e também se dediquem ao estudo da doutrina espírita.
Na busca por novas formas de entrar em contato com esse público interessado no espiritismo, José Medrado revela que investe em ferramentas de interação, como blog e Orkut, além da participação em programas de rádio e tevê. “Cerca de 20% do público que participa das reuniões na Cidade da Luz é formado por jovens. São eles, inclusive, que ficam responsáveis por garantir a infraestrutura necessária aos encontros”, informa José Medrado.

30/03/2010 às 12:57
Médium Chico Xavier tem grande relação com espíritas baianos


A Bahia tem um papel importante na história do espiritismo: a primeira organização espírita do País foi fundada em Salvador, no ano de 1865. Intitulada Grupo Familiar do Espiritismo, teve à frente o jornalista Luiz Olímpio Teles de Menezes, responsável, também, pela criação do primeiro jornal espírita do Brasil: Écho D’Além Túmulo. No entanto, o maior líder espírita do Brasil, Chico Xavier, nunca esteve na Bahia.
Com a saúde debilitada, o médium mineiro viajava pouco e preferia que as pessoas fossem até ele em Uberaba, cidade mineira onde morou até sua morte, em 30 de junho de 2002. Os encontros aconteciam na sede do Grupo Espírita da Prece – fundado por Chico e pelo irmão, João Xavier – ou na casa do médium. Foi durante essas visitas que espíritas baianos, como Divaldo Franco e José Medrado, mantiveram contato com Chico Xavier e tiveram a oportunidade de saber um pouco mais sobre a personalidade deste homem que dedicou a vida ao próximo.
A primeira vez que Medrado – médium e fundador do Complexo Cidade da Luz – esteve com Chico Xavier foi em 1984, durante uma reunião no Grupo Espírita da Prece. Desde então, foram oito encontros. A última vez em que estiveram juntos foi em 1997, cinco anos antes da morte de Chico. “Ele era uma pessoa mansa e congregadora. Mesmo com a saúde debilitada, era sempre muito atencioso e bem-humorado. Uma vez, lhe perguntei por que insistia em usar peruca, e ele me disse, sorrindo: ‘Para assustar menos as pessoas’”, conta.
Para José Medrado, existem dois grandes marcos na história da doutrina espírita: o primeiro, quando Allan Kardec codifica o espiritismo; o segundo, quando surge Chico Xavier. “Ele popularizou o espiritismo, transcendeu todos os limites”, avalia. Medrado explica que o médium mineiro teve de vencer obstáculos para cumprir sua missão na Terra e conta que não foi só da Igreja Católica que Chico sofreu resistência: o próprio movimento espírita não o acolheu de imediato.
Orador espírita e fundador da Mansão do Caminho, Divaldo Franco conta que participou de encontros espíritas ao lado de Chico Xavier e, certa vez, esteve em Uberaba com mais de 40 baianos para visitar o médium. Divaldo diz que o primeiro contato que teve com Chico foi em 1948, em Belo Horizonte. Ele conta, também, que quando decidiu fundar a Mansão do Caminho – onde funciona centro espírita, ambulatório, escola e maternidade –, Chico Xavier o incentivou e o inspirou com suas palavras e exemplo de vida.
“A contribuição de Chico Xavier em favor do espiritismo na Bahia e no mundo é irretocável. Ele, na Terra, foi o exemplo de um verdadeiro cristão. Sua vida foi um evangelho de feitos”, dimensiona Divaldo Franco.
“Sua vida foi um evangelho de feitos”

DIVALDO FRANCO, sobre Chico Xavier

“Era sempre muito atencioso e bem-humorado”

JOSÉ MEDRADO, sobre Chico Xavier

“Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!”

CHICO XAVIER

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