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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Filme nacional 'Nosso Lar' tem estreia recordista


Épico espírita quebra recorde de distribuição e é também o mais caro filme nacional já produzido
VEJA CENAS INÉDITAS DO FILME NO VÍDEO SHOW - REDE GLOGO

Serão 435 cópias, a partir de hoje, em salas de todo Brasil. É o recorde de lançamento do cinema brasileiro - “Os Normais” chegou a 434 cópias, perdendo por uma para “Nosso Lar”. O longa adaptado do best seller de Chico Xavier chega para arrebentar. A Federação Espírita do Brasil, que detém os direitos do livro, dá seu aval. As plateias de espíritas, que já assistiram às pré-estreias - no Rio e em São Paulo, entre outras praças -, reagem emocionalmente, muitos chorando. “Nosso Lar” baterá outro recorde, o de público, de “Chico Xavier” O longa de Daniel Filho bateu nos 5 milhões de espectadores.

Dependendo do sucesso de “Nosso Lar”, haverá nova enxurrada de filmes inspirados na doutrina espírita, a começar por “Os Mensageiros”, também ditado pelo espírito de André Luiz, que o diretor Wagner de Assis também gostaria de verter para a tela.

Quando ele se lançou ao projeto, parecia coisa de louco. Para tornar real o mundo pós-mortem relatado por Chico Xavier em seu livro ditado por André Luiz, Assis sabia que ia necessitar de efeitos, muitos efeitos. Eles não o assustavam, mas, além de não dominar tecnologias de ponta nessa área de produção, o cinema brasileiro tem o hábito de só timidamente recorrer a elas Efeitos são coisas de Hollywood, aumentam os custos. Felizmente, o projeto interessou a uma empresa do Canadá, e o próprio governo daquele país barateia custos ao subsidiar a produção estrangeira. Um compositor tão prestigiado quanto Philip Glass também ligou seu nome a “Nosso Lar”, e não por dinheiro, mas por achar intrigante esse mundo retratado por Assis em seu longa.

No comando de tudo isso, a produtora Iafa Britz arrisca a maior cartada de sua carreira. Ex-Total Entertainment, ela se desligou da outra empresa para desenvolver projetos próprios. Estreia com o mais caro filme produzido no Brasil - outro recorde associado a “Nosso Lar”. Até aqui, o campeão era “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto, que estreou no começo do ano. “Nosso Lar” foi orçado em US$ 10 milhões, o que, convertido em reais, fica próximo dos R$ 18 milhões. Toda essa dinheirama está na tela, e boa parte dela convertida em efeitos. Alguns - muitos - são bons, mas Iafa Britz e Wagner de Assis reconhecem o calcanhar de Aquiles de seu épico espírita. Quando o ‘nosso lar’ aparece na tela - existem milhares de cidades espirituais como aquela, ao redor dos planetas, não somente da Terra -, o plano de conjunto sugere uma maquete, sobre a qual se move o aerobus. “É o plano que mais nos incomoda, mas temos de conviver com ele”, explica a produtora. “Poderíamos até melhorá-lo, mas isso significaria aumentar, e muito, o custo. Tornou-se inviável”, acrescenta o diretor.

Afinal, isto aqui não é Hollywood. E o importante é passar a ‘mensagem’. O espiritismo, reflete o presidente da Federação Espírita, Nestor João Masotti, não é filosofia nem religião. É uma doutrina que busca o conhecimento da verdade baseada nas leis naturais. Os mistérios da (i)mortalidade e da reencarnação são encarados sempre por meio de leis morais. Quem for ver “Nosso Lar”, o filme, esperando uma reprodução exata do livro, vai estranhar as liberdades. Mas elas foram aceitas pelo próprio Masotti baseado na mais simples das evidências - o cinema é uma mídia diferente do livro. Ele aprovou o roteiro e a filmagem teve acompanhamento da Federação. A essência da obra de Chico Xavier está na tela e isso é o que importa.

Masotti já havia gostado de “Chico Xavier”, mesmo com a ressalva - admitida pelo diretor Daniel Filho - de que um filme de duas horas não poderia dar conta da integralidade de uma vida tão grande quanto a do médium mineiro, que psicografou centenas de livros, ditados por vários espíritos. O campeão de vendas, entre aqueles cujos direitos pertencem à Federação, é “Nosso Lar”, mas também vende muito bem “Há Dois Mil Anos”, ditado por outro espírito, o de Emmanuel. “Nosso Lar” reproduz a experiência do médico André Luiz, que morre e vai para a região sombria do Umbral, de onde será resgatado pelos espíritos para o Nosso Lar. Embora a doutrina espírita não reconheça o inferno, o Umbral seria o seu equivalente, o espaço das trevas. O Nosso Lar é a região da luz, onde os espíritos se aprimoram e de onde retornam às Terra, para novas encarnações. O objetivo do filme não é catequizar, mas levar o público a compartilhar as experiências da imortalidade e do aprimoramento espiritual.

Cineasta se define como “espírita, cristão e ecumênico”

Uli Steiger é um prestigiado diretor de fotografia alemão. Foi quem fotografou “Nosso Lar”. O trabalho foi complicado porque a imagem já foi captada prevendo a inserção dos efeitos especiais. Foram centenas de planos com algum tipo de efeito. Steiger se sentia mais confortável fotografando o Umbral, que poderia ser definido como o inferno (se a doutrina espírita o reconhecesse).

Steiger estranhava muito o Nosso Lar. As pessoas falam de um jeito empolado na cidade espiritual, olham para a câmera com beatitude. “Prefiro o inferno”, ele brincava. “Não se reprima”, dizia a produtora Iafa Britz. “Nosso Lar é sobre escolhas. Se essa for a sua...”

O Nosso Lar, propriamente dito, produz estranhamento. Iafa lembra que o livro foi psicografado nos anos 1930, quando as pessoas se expressavam de uma maneira mais empolada, ou formal. Aventa a possibilidade de que os espíritos no Nosso Lar estejam num estágio superior, mas na verdade adverte. “Fizemos o nosso Umbral muito mais leve e divertido do que no livro. Se fôssemos reproduzi-lo fielmente, o filme seria de terror.”

Justamente essa parte do Nosso Lar poderá valer ao filme, apesar de bem produzido, a definição de brega. Assis respeita a opinião de quem quer que seja, mas não se abala. Há pelo menos cinco anos ele trabalha no filme e, portanto, não se trata de um estalo nem de um insight, muito menos de uma tentativa oportunista de aproveitar o filão do sucesso de “Chico Xavier”, o longa de Daniel Filho.

Wagner de Assis havia lido o livro nos anos 1980. Desde então, o releu e estudou, sempre pensando numa possível adaptação.

Após o lançamento de “A Cartomante”, ele foi sondado para dirigir um filme sobre o Marechal Rondon e outro sobre Anita Garibaldi. Quase embarcou nessas encomenda, mas algo o paralisava. “Um filme demora tanto para ser feito, melhor quando o comprometimento é pessoal”, avalia. Voltou a “Nosso Lar”. Com o ator Renato Prieto, que fizera uma versão para teatro, consultou a Federação Espírita e foi liberado para fazer a adaptação.

ESCOLA CATÓLICA

Assis define-se espírita cristão, ecumênico. “Fiz escola católica, mas me desenvolvi intelectualmente na doutrina espírita. Procurei o budismo, o hinduísmo, a cabala, li sobre a antropologia das religiões. O que gosto de ver é como tudo se conecta quando se tenta descobrir as verdades essenciais, desde que a gente tenha a humildade de não se achar dono da verdade absoluta. (Agência Estado)
FONTE:http://www.diariodopara.com.br/N-109748-FILME+NACIONAL+%60NOSSO+LAR%C2%B4+TEM+ESTREIA+RECORDISTA.html

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